quinta-feira, agosto 30, 2001

Dia 24/08/2001

A última excursão com o resto do pessoal estrangeiro da faculdade... Dessa vez eu estava super cansado por causa festa de despedida dos estrangeiros no dia anterior... Assim, as cochiladas no ônibus foram inevitáveis...

Primeira parada: Saintes. Uma cidade que tem várias construções deixadas pelos romanos... A primeira que visitamos foi um anfiteatro romano, até em ótimo estado. Tiramos algumas fotos dele, mas o que me deixou mais impressionado foi que estavam arrumando lá embaixo para que o anfiteatro virasse sede de um campeonato de pétanque... franceses são engraçados às vezes. Mais uma soneca, mais uma parada. Dessa vez foi uma igreja da cidade, que tem uma particularidade: uma parte gótica foi construída em cima de uma cripta romana. Assim, a parte de cima é uma igreja como qualquer outra (claro que tinha seus detalhes de sempre), enquanto que a cripta embaixo era bem romana, e ainda por cima bem cuidada... Eu só a vi por pouco tempo porque acabei me perdendo e virei pro lado errado, não encontrando a porta de entrada da cripta... Também não achava que havia algo de muito interessante lá embaixo, e saí para comprar cartões postais da cidade... Quando cheguei ao ônibus, descobri que havia uma velhinha lá embaixo que mostrou a acústica para as pessoas que estavam lá, cantando muito bem (segundo disseram grrrrr)... Bem, fica pra próxima. Paramos logo depois para ver o museu arqueológico da cidade, e ver as ruínas da época que foram encontradas e que foram montadas lá nesse museu. O mais legal é que eles montaram ao seu bel-prazer, porque todas as ruínas encontradas estavam amontoadas em torno da cidade. Isso se deve ao fato de que, quando as invasões dos bárbaros estavam acontecendo, as pessoas se desesperavam e destruíam todas as construções para criar muros. Claro que isso não adiantava pra nada, mas aí não ficava nenhum monumento pra contar história mesmo... Pelo menos algumas coisas eles deixaram meio inteiras, e deu para formar umas colunas, paredes etc. O resto da hora do almoço foi reservada para o próprio e para conhecer a cidade. A catedral da cidade é muito bonita também, e foi só o que vimos (além de eu ter visto o jardim municipal também à procura de um banheiro). Entramos em uma banca para olhar revistas, e quando eu fui mostrar uma reportagem para um amigo, eu consegui derrubar metade da Evian geladinha que eu havia comprado... mais burro que isso... Descobrimos também que existe uma música aqui na França que poderia muito bem ser utilizada no Brasil: ‘je suis cocu mais content’, algo como “sou corno mas contente”... pelo jeito acontece muito por aqui também; e ainda por cima que os romenos conhecem (e gostam!) de Sepultura, mas eles não sabem muito dos últimos acontecimentos com a banda... Eu, como grande fã da banda (pffff) falei tudo que eu sabia heh.

Próxima parada: Cognac. Isso mesmo. Há vários chateaux que fazem o cognac lá (até porque algo feito fora dessa região não pode ser chamado de cognac... só de conhaque mesmo heh) e fomos a um que é o principal a meu ver: o Chateau du Cognac. Lá a gente viu um pouco da história do castelo (sempre com François Ier e sua salamandra) e também sobre como é feito o cognac. O legal é saber que tem cognac lá que data da época de Napoleão... Tem cognac com 50-55 anos de envelhecimento (o máximo, e o mais caro claro). A gente teve uma degustação no final, com o copinho especial e tudo, e pudemos comprar souvenirs... claro que eu tive que comprar algo, mas foi apenas uma garrafinha de 30ml com o cognac envelhecido 35 anos.. tá bom, não tá? É uma miniaturazinha que deve envelhecer mais um tempo na minha mão antes de eu bebê-la.

E, mais uma vez, paramos em um castelo. Dessa vez foi em St Porchaire, em um castelo que se chama Chateau de La Roche Courbon, porque ele foi construído em cima de uma rocha, em um local onde tudo em volta é pântano porque era a bacia de um rio pré-histórico... Ainda descobrimos que ele foi reconstruído várias vezes. Primeiro por causa da guerra dos 100 anos. Depois para mudar para o estilo da Renascença, porque ele era muito fortificado. O castelo é bem mais pobre que os que tínhamos visitado no vale do Loire, mas muito legal também. Destaque para um dispositivo na cozinha para ficar girando automaticamente o que está sendo assado, através de um sistema de pesos... a primeira televisão de cachorro automática da antiguidade que eu vi... O castelo está bem cuidado porque ainda está sendo habitado. O legal dele são os jardins, que estão em cima de pilares (claro que a gente não vê os pilares) porque como eles estão construídos em cima de um pântano, eles estão afundando todo ano, e todo ano eles precisam ser totalmente refeitos. Há um pequeno lago no jardim com patos e dois cisnes, que a gente ficou brincando logo depois da visita, jogando pão para eles... Muito legal de ver patos brigando por causa de um pedacinho de pão hehe.

A volta foi até triste, porque a maioria das pessoas eu nem iria ver mais, porque eu iria viajar em poucas horas. O carro para a viagem para o noroeste da França estava já nos esperando no Tecnoforum, e só precisávamos jantar para podermos partir. Despedi-me de quem eu pude, e fui. O carro dessa vez era um Pollo (o Gol daqui) a diesel (depois descobrimos que era superhipermegaeconômico). A gente comeu o primeiro dos macarrões da galera, e saiu por volta de 10 e meia. Viajamos um bom tanto até Rennes (3 horas e pouco de carro), que é a capital da Bretanha. A gente chegou lá em um horário um tanto estranho para um albergue normal, mas como tínhamos usado o cartão de crédito de nosso amigo para reservar o nosso quarto a gente poderia chegar a qualquer momento mesmo... O quarto até que era bom (a gente só ficou em dois albergues que têm 4 arvorezinhas, o máximo de classificação dos albergues) mas não olhei muito para ele, principalmente porque estava caindo de sono... os dias seguintes seriam grandes...

Dia 23/08/2001

Quinta feira... Hoje foi o último dia da semana com aula (eba!), e foi o último dia de aula dos estrangeiros. À tarde houve uma conferência sobre o Novo Mundo e a situação da cidade durante os grandes descobrimentos e durante a colonização das Américas. Acabei descobrindo que os navios que levaram às ocupações francesas no Brasil, notadamente a do Rio de Janeiro, partiram de La Rochelle, o que eu achei super interessante... O museu também é bem interessante, sendo que ele está montado em um hotel que servia no passado para alojar pessoas que vinham à La Rochelle para fazer comércio. Há uma grande coleção sobre escravos, porque o porto daqui era um grande ‘distribuidor’ de escravos, além de exposição de fotos de índios e do Haiti.

Mais tarde houve a festa de despedida dos estrangeiros (soirée international). Muitas fotos com a galera obviamente, e um show de animação dos nossos amigos romenos, que desbancaram os brasileiros na questão de cantoria e dança. Ainda por cima são engenheiros... Eles do nada resolveram fazer um número de canto com músicas romenas (que obviamente não entendemos) e ainda por cima dançavam com as músicas latinas/brasileiras que tocavam, sendo que a gente ficou parado... Tentei entrar no esquema, mas como todas as construções aqui na França foram feitas para virarem estufas no verão, não agüentei muito... A única coisa que resgatou um pouco a honra dos brasileiros foi o show de Forró que o Gnomo e a Andréia deram... Pelo menos alguma coisa nossa a gente mostrou, porque não tinha mais nada para fazer... Depois do soirée, que até acabou cedo, foi todo mundo se despedir no bar tradicional mesmo... Havia várias pessoas que iriam viajar no dia seguinte e não iriam à excursão com a gente...

quarta-feira, agosto 22, 2001

Dia 22/08/2001

Descobrimos hoje que o CROUS de Toulouse, que é quem cuida dos nossos interesses lá, quer que a gente chegue lá no dia 31 de agosto, para que a gente possa ser recepcionado melhor, e para que a gente encontre um lugar legal para ficar... Eu vou ter que ir daqui a pouco ver os horários de trem no dia 30 e no dia 31 para que a gente possa reservar amanhã e preparar nossa viagem de maneira mais tranqüila... Ainda bem... Eu prefiro ir para Toulouse direto do que ir para Paris que nem um maluco, com todas as malas, para não fazer nada... A maioria do pessoal não pensa assim... Acho que eles estão meio malucos, porque colocar essa quantidade absurda de malas dentro de um trem para Paris, para tirar lá, colocar em um hotel, tirar, colocar em um trem e só depois ir para a cidade final é coisa de maluco... Eu não sei o que tem na cabeça dessa galera... Eu tou querendo mais é ir para minha casa lá, e só de lá partir para uma viagem grande, apenas com a roupa que eu preciso...

Hoje ainda é o aniversário do Fábio Coruja... Eles combinaram 6 da tarde (são 8 e 5 agora) em um barzinho que fecha às 8 e meia... Acho que eu não vou mais né... Vou tentar encontra-los mais tarde... O problema é que sair aqui não tem tanta graça... Não encontro muita coisa para fazer lá mesmo... Os estrangeiros tão praticamente indo todos embora, e os brasileiros só falam português... Eu acabo ficando em casa mesmo, conversando com o pessoal aqui da residência...

Dia 21/08/2001

É, realmente vida de estudante que mora sozinho é difícil. Eu tive que lavar roupa hoje, e foi aquele negócio... Lavo roupa, mas secar onde? A gente coloca na secadora, mas ela sai toda úmida mesmo assim... E como não tem varal, a gente acaba levando pro quarto e tentando pendurar em algum lugar... Dessa vez, como eu tinha muita roupa, acabei dobrando mesmo e deixando em cima da cama...

Tentei enviar as fotos para a internet, mas não consegui... Quando eu cheguei lá na sala de jogos em rede, tinha uma porrada de gente, e quando eu comecei a enviar os arquivos o jogo de todo mundo ficou lerdo... Ai eu, muito cavalheiro, resolvi parar de enviar para não atrapalhar tanto assim... Pelo menos o cara não me cobrou nada...

Dia 20/08/2001

Um dia depois da viagem que foi praticamente sem nada pra fazer... Só 12 tinham voltado de viagem, e assim a aula foi bem vazia... O máximo que eu fiz nesse dia foi arrumar minhas coisas, ir pra aula, chegar em casa e dormir. Eu precisava descansar um pouco depois desses 3 dias de maratona de castelos... Arrumei todas as fotos e escrevi um pouco também... Queria muito ter estudado as conjugações dos verbos (estou realmente mal nisso), mas não deu...

Dia 19/08/2001

Mais um dia com o café da manhã ninja, mas que me deixa sem fome só até 1 da tarde... Deveria ter comido pão, que pelo menos enche por mais tempo... A gente acordou super cedo para poder visitar a cidade logo (ainda não conhecíamos nada de Tours!), e poder ir logo para os últimos castelos programados...

O passeio em Tours é bem interessante. A primeira parada foi no Hotel de Ville (prefeitura), que era bem bonitinho. Depois passamos pela Basílica de San Martin, que é onde ele está enterrado. A basílica tanto por dentro como por fora é bem interessante, e demoramos mais de meia hora lá, não por causa da beleza da catedral, mas por causa da freira (na verdade monja) que estava lá dentro e que quis nos contar a história de San Martin. Ela ficou enrolando muito sobre a história dele, que foi apenas um monte de milagres... Saímos de lá para conhecer o centro da cidade, o Hotel Gouin (que é uma das primeiras casas renascentistas de Tours, se não me engano, e é agora um museu também) e a catedral. A catedral é muito linda, mesmo de dia... A frente dela é cheia de detalhes, mas o interior chega a ser mais pobre que a basílica. Mesmo assim, a gente tirou muitas fotos, e uma mulher que estava lá na entrada (devia ser estudante de jornalismo na França) tirou foto da gente tirando foto, e ainda veio perguntar de onde a gente era e o que a gente tinha gostado mais da catedral (isso com o nosso francês macarrônico). Fizemos uma pequena visita ao interior da catedral, mas foi tudo. No final, conhecemos o pequeno castelo de Tours, e eu tirei uma foto dele com a catedral no fundo... Foi o nosso pequeno tour por Tours (haha, que engraçado.).

O primeiro castelo da manhã foi Chaumont-Sur-Loire, que é um outro castelinho com uma ponte levadiça... Até chegar nele é uma subida que cansou pra caramba, mas valeu a pena pela vista do outro lado do rio, e do ‘castelinho mais castelo’ que a gente viu (definição do Rodrigo). Fomos também a Beauregard, mas foi a visita mais rápida que a gente fez: paramos o carro, tiramos a foto, e fomos embora, porque havia uma plaquinha dizendo que se a gente passasse do portão com o carro (e passamos) teríamos que pagar a entrada (que era de 30 francos), mas na hora não havia ninguém na bilheteria... Entramos de graça, mas não queríamos abusar da sorte...

A primeira visita de verdade foi a Cheverny, que é considerado o castelo mais bem cuidado do Vale do Loire, porque ele durante a revolução francesa foi poupado graças à influência de uma nobre lá que era à favor da revolução (não sei porque). Moravam no castelo até 1985, e só aí ele foi aberto para visitas... Por isso, era o castelo que tinha coisas mais modernas... Pelo menos havia várias salas que pareciam não ter sido usadas por quem morava lá, e mantiveram o toque antigo... Principalmente o grande quarto do rei, que tinha obviamente uma pintura do Luis XIV (ainda estávamos procurando um castelo que não o tinha, mas a gente descobriu que durante o reinado do rei Sol, era obrigatório ter um quarto pronto para o rei). O jardim de Cheverny é muito bem cuidado, mas só tinha grama... Havia um canil também, mas a gente acabou não indo ver os cachorros de caça que estavam lá... Preferimos partir para Chambord.

Chambord... O maior castelo do vale do Loire, e o que possui mais significado. Ele não foi construído para ter como objetivo primário alguém morar nele, mas para ser um símbolo do poder de François I, que foi o rei que venceu o poderosíssimo exército da Suíça (!!!). A gente pegou uma visita guiada (que a gente deveria pagar, mas só fomos saber disso depois... ainda bem que não pagamos, porque ninguém fiscaliza nada lá dentro) e o cara deu uma tremenda aula de história, explicando os porquês da construção de Chambord e os símbolos que estão no castelo... Foi uma das melhores aulas de história que eu tive... O cara explicou que François I só vivei 40 e poucos dias lá em Chambord porque no inverno era muito frio (construíram o castelo com umas pedras que não retêm calor e se eles utilizassem a madeira da região para aquecer o castelo eles não conseguiriam mais caçar, que era um dos objetivos do castelo) e no verão tinha muito mosquito, e na época tinha várias doenças fatais transmitidas por eles... Assim, o castelo só foi terminado mesmo na época de Luis XIV, que foi quem o colocou como castelo de caça dele, e fechou uma parte do primeiro andar só para ser os seus aposentos... Há ainda uma escada de dupla revolução, que é bem interessante: ela é composta de duas rampas, que sobem juntas, mas nunca se encontram. Assim, uma pessoa que sobe uma rampa vê sempre a pessoa que sobe a outra rampa, sem nunca encontra-la... O François I era muito egocêntrico... e ainda viviam na época da Renascença, que era quando era importante se mostrar para mundo (isso para uma pessoa comum... imagine o rei...). Há exposições enormes de pinturas de caça, e dos quartos do castelo... A capela do castelo acolhe concertos de piano nessa época do ano, mas só à noite, e a gente não poderia ficar... A vista do castelo do lado de fora é impressionante, porque ele é muito grande... Só é menor que o de Versailles mesmo, mas muito mais antigo.

Depois de Chambord já era tarde demais para encontrarmos algum castelo aberto. Mesmo assim, fizemos uma viagem relâmpago por vários castelos que estavam no caminho de volta para casa, tirando fotos em cada um deles. Em Blois, a gente ainda conseguiu entrar na lojinha para comprar uma moedinha, e o Ivan conseguiu entrar rapidinho para tirar uma foto do interior. Lá foi onde Joana d’Arc reuniu seu exército para combater os ingleses na época. Outros castelos visitados foram Montrichard, Montpoupon e finalmente Loches. Este último é um castelo medieval, que fica no meio de uma cidade medieval muito interessante... Só que a gente chegou lá bem tarde, e já estava muito escuro... Assim, a gente ficou andando, 9 e meia da noite, quando nada mais acontece na cidadezinha, no meio de um castelo medieval... O Ivan e o Daniel quiseram dar uma volta no castelo, e eu e o Marcelo resolvemos ficar esperando... Passou uma meia hora, e resolvemos ira atrás dele, para ver porque eles estavam demorando tanto... Imagine andar no escuro, sendo que de um lado está um castelo que tem quase mil anos, com aquela parede imensa, e do outro tem um monte de árvores... Do nada a gente saiu correndo, com medo de que algo aparecesse do lado... Ainda bem que estamos na França, porque se fosse no Brasil eu acho que eu tinha sido roubado umas 10 vezes naquele percurso... A gente ainda por cima acabou se perdendo, e andamos pela cidade toda praticamente para poder encontrar a porcaria do carro... Quando chegamos lá o Daniel já estava nos esperando, e o Ivan tinha ido nos procurar (na verdade, ele tinha ido tirar uma foto do donjon, porque dava para andar até lá em cima)...

A viagem de volta foi super cansativa, pois já estávamos mortos de tanto andar, e ainda por cima estávamos com muita fome... Paramos em um McDonalds para comer 3 hambúrgueres cada um, e acabamos recebendo cheeseburgueres, porque não tinha mais hambúrguer e já estavam quase fechando... A mulher ainda me perguntou se eu aceitava... Eu só não falei não porque eu tava com muita fome para ficar brincando com coisas sérias... Ainda por cima vimos o desperdício de eles jogarem vários outros sanduíches mais irados no lixo porque eles tavam fechando... Deveríamos ter pedido por eles...

Dia 18/08/2001 - Continuacao

Finalmente, Chenonceau... Eu estava esperando muito por esse castelo, porque ele em fotos é muito lindo. Depois de Villandry eu achava que eu não iria gostar mais dele, mas me enganei. Ele é muito bonito mesmo, com dois jardins (um é da Catarina de Médicis e outro é da Diana de Poitiers. A primeira era esposa de Henri II e a segunda era amante. Não sei bem o porquê, mas o jardim da amante era mais bonito), o castelo que fica em cima do rio Cher e uma torre (que agora serve de gift shop). As fotos do lado de fora do castelo ficaram lindíssimas (ao menos ao meu ver). Não sei porque, mas um castelo refletido na água fica muito legal... E ainda por cima esse é praticamente uma ponte (praticamente não, é de verdade) e então as águas passam por ele, bem calmamente, fazendo um reflexo quase perfeito... A parte que é a ponte propriamente dita teve uma história recente mais atribulada: durante a primeira guerra serviu de hospital para os feridos, e durante a segunda era uma divisa entre o território livre e o ocupado pelos alemães. A princípio, a ponte era aberta, e foi fechada pela Catarina de Médicis para ficar mais bonitinho. O único problema com esse castelo foi que não existia visita guiada, apenas um papelzinho dizendo o que cada sala era, e assim a gente teve que andar passando por todos os lugares lendo o papel... Era meio sacal, mas melhor que ficar olhando sem informação nenhuma. Havia também nessa ponte uma exposição de quadros (que eu não sei de quem era), mas eram quadros horríveis, e eu nem olhei. A gente atravessou para o outro lado para tirar a tradicional foto dele refletido na água... O resto do castelo não era tão interessante assim... O mais legal era a cozinha (que eu não consegui tirar foto... todas saiam uma porcaria sem flash), porque era dividida em duas partes: uma que era da época, e que não tinha nada moderno (só uma bomba de água), e a outra era mais moderna porque era a cozinha utilizada pelo pessoal durante a época que existia o hospital na primeira guerra. Depois da visita a gente visitou a cave de Chenanceau e comprou um vinho tinto de lá (a degustação de vinho era 10 francos por pessoa, e uma garrafa era 33...).

Tentamos encontrar um negócio chamado Pagode de Chanteloup, mas não conseguimos chegar a tempo. Inicialmente, a gente estava indo pela estrada certa, e vimos uma placa que para chegar ao pagode teríamos que entrar na primeira à esquerda. Só que a primeira a esquerda, segundo o Ivan, era uma estrada de terra... A gente entrou na porcaria da estrada de terra (tinha chovido um pouco, e estava tudo molhado) e fomos se embrenhando na mata... Só que quando começou a ficar meio cheio de barro os outros reclamaram, dizendo que ali não tinha nada (e realmente não tinha), e voltamos.... Andando mais alguns quilômetros, vimos a verdadeira entrada para o pagode: uma estradinha asfaltada, toda bonitinha e, claro, paga... Só que eles estavam fechando, e não adiantou pedir para tirar a última foto...

Saímos correndo para Amboise, para ver se pelo menos conseguíamos vê-lo aberto, mas chegamos lá tarde demais. Ele já estava muito bem fechado. Ao menos a gente conseguiu tirar umas boas fotos dele... Haveria de noite um espetáculo de luzes lá dentro, mas só a partir das 10 da noite, o que nos faria esperar durante mais de três horas... Preferimos apenas ir andando até o Clos-Lucé, que foi a última residência de Leonardo da Vinci (eu só fui saber isso quando cheguei lá). Leonardo era grande amigo da pessoa que ficava em Amboise na época (não sei se era conde, ou algo do estilo, mas todo mundo vai entender), e então ele foi chamado para morar lá... Foram encontradas lá várias invenções de Leonardo, apenas no papel, e que foram construídas depois para deixar lá nessa casa. Tudo na França fecha depois das 7, e então quando chegamos lá estavam quase fechando... A gente pelo menos conseguiu tirar uma foto da casa. Acho que valeu pelo menos a andada que a gente deu de mais de meia hora (a gente poderia ter ido de carro! Burros!)... A gente já estava muito atrasado para voltar para Tours, onde a gente deveria encontrar o pessoal do outro carro, mas antes disso deveríamos comprar o macarrão para eles (e para a gente), já que a gente tinha comido o deles no dia anterior... Mas como sempre a gente ficava atrasando para ficar entrando nas lojas de vinhos, nas lojas de comida... A gente conseguiu em Vauvray, que é uma cidade da região muito importante na fabricação de vinho branco (e tinto também), fazer uma degustação gratuita de vários vinhos deles lá, e acabamos comprando uma garrafa de demi-sec de Vauvray (muito bom, por sinal), e um tinto de Chinon (bem mais barato que na própria cave... não entendi). O dono da cave era super simpático, e até sabia falar “bom dia” e “boa noite”, porque ele teve trabalhadores portugueses na plantação dele... Ainda por cima a gente bebendo vinho ficou falando de futebol em francês... E logo com um francês, que tem que trazer à tona a final da copa de 98... bem... ficamos mais no vinho mesmo.

Chegamos tarde pra caramba em Tours, ainda para encontrar um lugar para comprar comida... Era quase 10 horas, e tudo já estava fechado... Mas sempre nos atrasamos, porque a gente resolveu fazer um passeio pelo centro de Tours para ver se a gente encontrava alguma lojinha aberta... Encontramos a catedral da cidade (que é muito bonita à noite, mas não consigo tirar fotos com minha câmera) e o hotel de ville, mas não pudemos parar muito... Fomos achar uma epicerie (que é tipo uma quitandinha) aberta, que era de um indiano que falava francês pior que a gente (o que é difícil), e que tinha apenas 1 marca de macarrão e 1 marca de molho... Mas fazer o que, super necessário! Quando chegamos no albergue, não encontramos nenhum dos dois grupos: o que ia comer o macarrão com a gente ainda não tinha chegado, e o outro tinha saído do albergue, sem nem nos avisar onde eles tinham ido... Mas tudo bem, a gente estava com fome e colocamos o macarrão no fogo... O outro grupo chegou logo depois, porque tinha se perdido no centro de Tours e não sabia voltar para casa... Comemos maravilhosamente bem (se é que comer macarrão é comer maravilhosamente bem), e dormimos como criancinhas, sempre se perguntando onde o outro grupo tinha ido. Trocamos informações com o outro grupo sobre os castelos que iríamos ver no dia seguinte, e preparamos o itinerário...

Dia 18/08/2001

O segundo dia começou cedo: 7 da manhã, todo mundo acordado, para poder pegar o café da manhã que estava incluído no preço do albergue (70 francos por pessoa... está bem barato comparado com o preço dos outros lugares). Ao chegar ao lugar do café, uma surpresa: tudo era liberado, e tinha bastante coisa. Fui direto para o sucrilhos com granola, com leite e bastante açúcar... Comi duas verdadeiras bacias de sucrilhos, e quase morri comendo tudo... Mas pelo menos eu não teria fome até chegar a hora do almoço (heh). Tínhamos combinado com o outro carro que estava querendo só visitar castelos (o terceiro grupo preferiu sair à noite e acordar mais tarde visitando, claro, menos castelos), mas tivemos uma divergência sobre qual caminho tomar: a gente queria ficar mais perto de Tours, visitando os castelos e depois voltando pra Tours, sem ir muito longe e sem colocar Chenonceau e Chambord no mesmo dia (os dois são muito bonitos e os dois a gente queria visitar com bastante tempo), enquanto que o outro grupo queria fazer uma visita mais curta em vários castelos mais longe de Tours. A gente então teve que se separar, o que até não é tão ruim porque a gente fica com mais liberdade de escolher a próxima parada. Saímos em direção de Villandry, que seria o castelo a ser visitado de manhã. No caminho, tirei foto de uns lugares que são antigas cavernas pré-históricas que hoje em dia são utilizadas como cave para envelhecer vinhos ou são utilizadas para criar cogumelos.

O primeiro castelo no caminho para Villandry que estávamos fazendo foi Langeais, que é o primeiro da época medieval que a gente viu, com uma ponte levadiça e tudo o que temos direito. A gente não estava pensando em entrar nesse castelo, então tiramos apenas algumas fotos dele (e tiramos fotos para uns italianos também, que estavam lá. Como existem italianos no vale do Loire!!). Ele era muito legal, mas nada de impressionante... A única coisa legal é que ele se parece com um castelo de verdade, com o donjon no meio (já destruído, coitado) e o resto muito antigo... Muito legal até. Foi nesse castelo que eu finalmente comprei um guia dos castelos do Loire. Primeiro para poder ter uma lembrança mais organizada dos castelos (porque as minhas coisas sempre vão ficar uma bagunça), e segundo para poder ter fotos profissionais tiradas de lugares onde as minhas fotos vão sair borradas, ou eu não posso tirar foto, essas coisas...

O próximo foi Ussé, que é o castelo que Charles Perrault disse que seria o castelo da bela adormecido (e é obviamente o que o castelo usa como propaganda). Só que, apenas por causa do maldito Perrault, eles cobram 59 francos de entrada (isso quando a média é 25-30 francos no máximo), não têm tarifa especial para estudantes e ainda por cima davam um papel muito do vagabundo que eles chamavam de mapa do castelo... Bem, a gente acabou pagando porque a gente já estava por lá mesmo, e porque haveria uma visita guiada. Obviamente com alguém falando o que aconteceu e o que são as coisas em cada sala é muito mais legal. Lá há uma coleção interessante de coisas antigas, incluindo um pequeno armarinho cheio de detalhes em marfim que veio da Itália entre outros. Há como sempre o quarto do rei, que tinha mais uma pintura de Luis XIV, e umas botas sinistras de 2 quilos cada uma que eles usavam para poder andar de cavalo sem problema. O que mais chama atenção no castelo, obviamente, não são essas coisas, mas a exposição sobre a bela adormecida, que é bem interessante até... Existem várias salas que eles utilizaram (na torre da bela adormecida) para mostrar cenas do conto com bonecos, e é até bem interessante... Lá dentro também havia uma cave (devidamente registrada por fotos), e uma capela.

Saindo de lá, fomos direto para Villandry porque sempre estávamos atrasados mesmo, e queríamos ainda visitar outros castelos... Villandry é um castelo com um jardim enorme, e MAGNÍFICO. Foi um dos que eu mais gostei, e com certeza é o jardim mais bonito que eu já vi na minha vida. Eu até tinha gostado do jardim do chateau de Versailles porque ele era muito grande, mas esse é impressionante... Tem vários tipos de plantas (entre macieiras, repolhos, alfaces e outros), que fazem desenhos muito lindos (tem várias fotos de cima), e ainda por cima eles combinam flores bem conhecidas com coisas que não tem nada a ver (como cheiro verde, por exemplo)... O resultado é uma coisa de ficar vendo o dia inteiro... Tirei várias fotos de lá, como a maioria... O mais legal desse castelo é que podemos pagar para entrar só no jardim, porque a gente nem estava tão interessado mesmo em ver o interior do castelo... Depois de ver o jardim então que a gente até falou que não queria mais ver o interior... Ainda tem lá um lago com dois cisnes (que eu não consegui tirar foto de perto porque não consegui chegar lá). Eu lá comi uma uva em uma das várias parreiras que formavam uns túneis (tava uma porcaria), e brinquei no labirinto (porque tinha uma placa dizendo: ‘caminho fácil para o centro’). Foi aí que eu tirei minha foto. Acho que se colocassem esse jardim com um castelo melhor ele seria o castelo mais bonito da França...

Dia 17/08/2001 - Continuacao

A próxima parada foi em Saumur. Esse castelo é considerado o castelo de contos de fadas, porque as torres são meio redondinhas (se vir as fotos, vão perceber o que estou falando). No caso, a gente também não entrou, porque a gente não sabia muito bem o que havia lá dentro. Vendo no guia depois, havia uma exposição sobre cavalos e coisas do estilo, e achamos que não havíamos perdido grande coisa. A gente só parou para tirar uma foto do lado de fora, tendo o Loire e a ponte da cidade ao fundo... A vista era maravilhosa... Atravessamos a ponte para poder tirar uma foto do outro lado do rio, porque o guia da Folha tinha dito que seria uma boa vista... Realmente era, mas como muitos outros castelos que visitamos, esse estava passando por uma reforma em um dos lados, e tivemos que andar até longe para encontrar um lugar onde não aparecessem os andaimes (muito, pelo menos).

O Ivan estava falando sempre da Abadia de Fontevraud, que era tipo um mosteiro, mas para freiras (só fui descobrir isso depois). Fomos até lá (eu só acordei lá, não sei qual o caminho que a gente fez) e entramos. Apenas o Marcelo não quis entrar, porque estava com muita dor de cabeça. Lá dentro estão os túmulos (ao menos eu acho) do Ricardo Coração de Leão e do Henri II, juntamente com suas esposas (que eu acho menos importantes, porque eu nunca tinha lido muita coisa a respeito deles). O lugar é enorme, e tinha até um caminho subterrâneo, fechado para a gente passar obviamente, mas que dava para descer e olhar. Os detalhes das estatuas nas portas eram impressionantes, e o lugar mais bonito (que até está em vários cartões postais) era a cozinha. Eu tirei até uma foto de baixo para cima, da maior chaminé. A gente não sabia que era cozinha, tiramos fotos de fora achando que era uma coisa super importante, mas no final descobrimos que aquelas coisas super trabalhadas eram somente chaminés, mas pelo menos tinha algo de importante: era a primeira cozinha na França com aquela quantidade de detalhes. Grandes coisas.

Voltamos ao caminho original, que era passar por Chinon. Quando descemos lá, encontramos uma catapulta e outras armas de guerra expostas no lado de fora do castelo. A entrada era até meio carinha, mas a gente resolveu entrar só porque estava lá mesmo... A gente só tinha mais uma visita prevista para o dia mesmo, então estávamos com um pouco de tempo de sobra. Quando entramos que percebemos que a maioria das coisas lá estava em ruínas. Eu fiquei muito decepcionado em saber que logo a sala onde a Joana d’Arc reconheceu o Delfim da França na época (que virou Carlos VII depois) estava toda destruída, mas a gente poderia ver. Não tivemos tempo de ficar ouvindo a visita guiada, e então resolvemos continuar a visita sozinhos. Sempre tem um cartazinho explicando as coisas pelo menos. Vimos primeiro as coisas do castelo, e depois entramos no museu Joana d’Arc. Lá não havia muita coisa não, apenas um vídeo com uma maquete do castelo como era antigamente (era mais uma fortaleza medieval aquilo), várias pinturas e tapeçarias mostrando cenas do passado (geralmente da Joana d’Arc fazendo alguma coisa), e uma cena com bonecos representando a cena do famoso encontro. O resto do castelo eram apenas ruínas com cartazes explicando o que era aquilo, e coisas do estilo. Saímos da cidade sem mesmo comprar um vinho Chinon... Mas sem problemas, porque a gente pode comprar esses vinhos em qualquer lugar da região... Eles eram meio caros também.

Chegamos ao destino final do dia (não final porque ainda tínhamos que chegar no albergue em Tours, claro). Encontramos um dos outros dois carros lá, mas o pessoal já estava saindo... Pelo menos tiramos uma foto com eles, para pelo menos mostrar que tinha mais de 4 pessoas viajando... Eles partiram para um outro castelinho que ficava ali perto (a gente nem chegou a ir... se não me engano era Saché). Ficamos dando voltas no castelo, porque ele era muito interessante de fora, principalmente porque ele ficava com um contraste legal em relação ao rio Indre. Quando finalmente resolvemos entrar, a entrada do castelo já estava fechada. Foi aí que a gente começou a ficar puto com esse país, onde tudo dá muito certinho. O castelo vai fechar 7 e meia, eles fecham as portas 6 e meia, e apenas as pessoas que estão lá podem ficar. Assim eles conseguem fechar as portas exatamente no horário, e não existe aquele jeitinho de “ahh, deixa!”. É assim e acabou. Mas, como todo o brasileiro consegue dar um jeitinho, a gente acabou entrando pela saída mesmo, e fazendo o tour pelo lado contrário. Como ninguém perguntava nada, a gente foi indo, conhecendo todas as salas, até chegar em uma pequena escada que não dava para a gente subir porque só passava uma pessoa por vez e as outras pessoas estavam descendo. Assim, a gente esperou um pouco, e fomos para fora de novo. O Ivan não ficou satisfeito com essa pequena visita, e foi reclamar. Eu me atrasei para voltar, mas fui também. A gente conseguiu ver todo o segundo andar, e dois de nós conseguiram ver algo do terceiro (não faltou muita coisa não). A gente terminou a visita do castelo com as mulheres nos varrendo pra fora praticamente (mesmo eu dando a desculpa que a gente tinha ido ali para procurar os outros dois que tinham sumido, e o Ivan dando a desculpa que a gente não tinha visto tudo ainda). De qualquer forma, tirei fotos de várias coisas, e achei que valeu a pena o dia.

Finalmente fomos para Tours, para tentar encontrar o albergue. A gente sofreu um pouco, porque o albergue fica dentro de um parque no sul da cidade, e não dava para dar volta no parque... Mas finalmente encontramos. Havíamos reservado três quartos para quatro pessoas cada, e estavam lá os quartos livres para nós. Ao menos achávamos. Quando entramos no quarto, havia uma quinta cama, um monte de roupa, e duas garrafas de cerveja no chão. Quando reclamamos, o cara do albergue falou que era assim mesmo, que era para ficarmos ali, mas não agüentamos. Mudamos de quarto porque o terceiro grupo ainda não havia chegado, e pegamos um quarto só para a gente. O quarto tinha ainda por cima chuveiro privativo, e isso foi visto como um golpe de sorte (não sei o que é tomar um banho em um banheiro só meu há um mês). Depois descobrimos que o quinto elemento já tinha ido embora, e tinha só deixado as coisas dentro do quarto (sei lá se esqueceu, ou se iria voltar alguma hora para pegar). O quarto era muito bom, com duas beliches, mas nenhuma tomada... Ainda bem que eu não tinha levado coisas eletrônicas, só o celular para carregar. Finalizamos o dia comendo um macarrão que o outro grupo havia trazido (ou seja, jantar de graça hoje), e comi muuuuito macarrão. O que eu achei legal nesse albergue foi que havia várias coisas, como panelas, copos, pratos, tudo comunitário. Então, quando viajar para lá, não era necessário levar essas coisas (como havíamos feito) para fazer comida (que sai mais barato e comemos bem mais). Infelizmente isso não é uma regra para todos os albergues. Como estava morto por causa de um dia de viagem e de andanças, nem saímos à noite para poder aproveitar melhor os passeios durante o dia.

Dia 17/08/2001

Estou escrevendo sobre todos esses três dias, e até sobre o dia 20 apenas hoje, dia 21... Eu cheguei muito cansado da viagem no dia 19, e aproveitei para tirar o sono perdido na segunda feira. Por isso, estou aqui agora tentando colocar o máximo de coisas que eu lembro dessa pequena viagem... Acho que se eu fizer uma grande viagem ou eu vou ter que levar o notebook, ou vou ter que escrever a mão pelo menos os pontos principais, para que eu possa depois reproduzi-los... Por enquanto, 3 dias está tranqüilo para lembrar, principalmente porque outras 3 pessoas (meus acompanhantes no carro que a gente alugou) fizeram quase que exatamente as mesmas coisas que eu.

Bom, vou dividir em dias como sempre para ficar tranqüilo...
A sexta feira, que é exatamente o primeiro dia de viagem, já começou mal. Tínhamos reservado um carro, e pensávamos que iríamos acordar o mais cedo possível, e pegar a locadora abrindo mais ou menos oito da manhã, e partir para a estrada... Mas obviamente que não foi bem assim. Eu, sempre responsável, acordei 6 da manhã para arrumar minha mala que ainda não estava pronta (e eu havia chegado perto de 1 e meia da manhã em casa). Como sempre, cheguei exatamente no horário no local combinado, que era lá embaixo. Os dois que estavam responsáveis pelo carro resolveram sair aquele horário, para pegar a loja abrindo, e trazer o carro para a residência para colocar as coisas. Achei uma ótima idéia, principalmente porque a gente não teria que levar todas as coisas nas costas até o centro da cidade. Mas, como sempre, não demorou apenas 45 minutos, que era mais ou menos o tempo que eu achava que ia demorar... Demorou 2 horas, e todo esse tempo o babaca aqui ficou lá embaixo esperando juntamente com o quarto integrante do grupo... Tudo correu bem no final, e veio um Twingo para a gente. Puxamos o banco traseiro lá para trás, para ter mais espaço, e aí quase não tínhamos porta malas... Como não tínhamos malas, não houve problema. Um detalhe interessante foi que o nosso grupo tinha reservado um carro há uns 3 dias e recebemos um Twingo. Os outros dois grupos, que deixaram para pegar o carro praticamente no dia receberam um Clio e um Pólo (o gol daqui), sendo que esse único ainda era a diesel... Ou seja, moral da história: às vezes não vale a pena planejar muito...

Partimos rumo ao vale do Loire. Durante toda a viagem, o único que pilotou foi o Daniel, apesar de os outros três estarem dispostos a dividir. Sem problemas para mim, que podia dormir um pouco também sentado no banco de trás. Os dois que ficaram na frente foram bastante responsáveis e muito organizados, traçando caminhos no mapa da região (o guia Michelin é muuuito bom), e até usando uma bússola às vezes para ver se estávamos no caminho certo. As estradas na França são divididas em três tipos: auto-routes, nacionais e departamentais. As auto-routes são estradas com duas ou três pistas de cada lado, que têm uma série de facilidades como postos de gasolina a cada 30 ou 40 quilômetros, telefone para emergências a cada não sei quantos quilômetros, e outras coisas do estilo. Só que têm pedágio também, que em geral é bem caro (não pegamos uma para descobrir ainda). As nacionais são também estradas muito boas, mas que geralmente passam por cidades, mas têm poucos desvios. Já as departamentais são bem pequenas, mas são as únicas que a gente pode pegar para entrar em todas as cidadezinhas. Ficamos apenas nessas duas últimas, para não ficar pagando pedágio, já que as distâncias a percorrer não eram tão grandes assim para justificar o pagamento do pedágio. De qualquer forma, todas as estradas aqui na França são bem sinalizadas, e as placas são bem explicativas... Com a ajuda do mapa, que tem todos os números das estradinhas (mesmo as mais pequenas), a gente quase não se perdeu.

Viajando tranqüilamente em direção a Tours, do nada apareceu um castelo. Pelo mapa pudemos ver que estávamos em Montreuil-Bellay. Era um castelo muito lindo, principalmente visto do outro lado do rio, o que nos dava uma visão impressionante do castelo refletido na água. Vários dos castelos possuem essa característica, como eu devo falar mais à frente. Paramos o carro do lado do castelo e fomos tirar umas fotos. Acabamos não entrando porque os planos tinham sido feitos para que pudéssemos entrar em Azay-Le-Rideau mais tarde, no final do dia. Como ninguém estava interessado em mudar muito os planos, pegamos o carro e partimos de novo.

Durante todas as viagens que fizemos por essa região até agora, vimos sempre campos de girassóis, e quisemos parar em um deles para tirar uma foto. Não achamos um campo muito vistoso, mas estava bonitinho... Me arranhei todo entrando no meio do mato obviamente, porque tinha um monte de espinho (e ninguém me avisou que havia esses espinhos), e como tava todo mundo indo devagarinho eu, muito malandro, resolvi dar uns pulos malucos para transpor a vala que separava a estrada do campo de girassóis... Mas isso não aparece na foto, ainda bem.

Dia 16/08/2001 – 10:17 PM
Hoje está fazendo um mês de França... Durante esse mês eu comecei a ter saudade de casa, principalmente das coisas que eu não fazia, e que, apesar de eu saber fazer (mais ou menos, óbvio), eu não fazia em casa, e não me tomava tempo nenhum... Durante todo esse tempo aqui, se eu somar o tempo que eu passei lavando roupas e fazendo comida daria para viver uns bons 3 dias... Isso sem contar no cansaço que isso dá... Às vezes nem dá vontade de fazer as coisas só porque eu tenho que trabalhar... Mas isso deve mudar com o tempo (espero). Há também, claro (nem ia falar porque sempre está subentendido), a saudade das pessoas que a gente sempre conviveu, como a família, os amigos (e a namorada! ;)). Mas, como eu mantenho sempre contato, às vezes parece que eu estou perto, e que se quiser é só combinar para sair e encontrar todo mundo... Por enquanto não é assim... quem sabe no futuro eu tenha meu super jato particular, e combine com a galera um dia antes, e vá ao cineminha com o pessoal?
Como amanhã a gente está viajando, acabei não fazendo nada demais.... Aula e depois uma sopinha maggi, e fazer os sandubas para comer durante a viagem (geralmente comer nesses lugares turísticos é meio caro...). A gente deve chegar lá e procurar albergue, e vamos ver no que dá... Nem preparei nada da minha viagem ainda... Provavelmente eu estou saindo daqui a pouco, para poder me despedir de um pessoal que tá indo embora nesse sábado, e então não vamos ver mais. Depois eu volto e arrumo a minha mochila. De qualquer maneira, acho que vai ser tranqüilo arrumar tudo isso...

Dia 15/08/2001 – 07:34 PM

A excursão de barquinho foi bem interessante. Acordei cedo pra caramba, e fui andando até o barco... Mesmo assim cheguei atrasado, mas como sempre não fui o último (os brasileiros sempre chegam por último, obviamente). Durante a viagem, eu acabei ficando lá na frente do barco, onde eu podia ficar observando melhor a paisagem. A primeira parada (se é que a gente pode chamar de parada... na verdade o barco apenas foi um pouquinho mais lento para explicar a história do forte, e deu uma volta nele...). Se não me engano (a caixa de som era muito ruim...), o forte foi construído na época de Napoleão para proteger a cidade de La Rochelle (que é um porto importante) e Rochefort (que era na época o lugar onde eles construíam a maioria dos barcos de guerra). O forte é construído sobre pedra, e parece que ele está boiando no meio do mar... É muito bonitinho, mas como não podemos descer lá (há um programa de televisão que parece ser muito famoso aqui na Europa, onde grupos realizam tarefas dentro desse forte), a gente foi direto para a ilha de Aix.

Eu não sabia que a ilha era tão pequena... A gente demorou só umas horas para dar a volta total nela. Eu e mais um amigo ficamos com os alemães, por alguns motivos bem simples: 1-eles não vão ficar falando espanhol para a gente falar português, e portanto sempre vou falar francês (ou inglês no máximo); 2-brasileiro é muito doido; 3-eles queriam voltar mais cedo, como eu. Assim, a gente deu uma volta rápida, e vimos as praias... como muitas lugares no mundo, a beleza natural é muito grande lá, com vários lugares onde se pode deitar no meio das árvores e ficar vendo o mar, ou pequenos bosques... O único lugar construído que eu quis ver foi um forte que foi construído incrustado na pedra, e foi colocada terra em cima para que grama pudesse nascer lá, e esconder quase que totalmente o forte de alguém vendo no mar. Era até interessante, mas teria que esperar 1 hora para poder ter uma visita guiada... Como a gente sempre é meio doido, a gente pulou a correntinha para poder tirar uma foto lá dentro, e como muitas vezes já aconteceu, um funcionário veio correndo para dizer que a gente não podia entrar e blábláblá. Como se eu estivesse destruindo o forte... Resolvi não pagar os 10 francos para esse cara. Pelo menos eu gastei esse dinheiro comprando mais uma moedinha, agora da ilha de Aix mesmo.

A pequena vila da cidade é tão pequena que eu passei por lá rapidamente e vi tudo em 2 minutos. Nem tive muita vontade de ver a igreja, porque já não agüentava mais ver igreja... Como de fora ela não parecia grande coisa, achei até melhor ir embora. Fomos ao cais para pegar o primeiro barco (3 e meia), mas descobrimos que deveríamos ter ligado antes para reservar lugar. Vários outros da nossa faculdade estavam na mesma situação, e a gente acabou entrando no barco mesmo assim. Como sempre, não era para termos entrado... Mas nada que um bom papo não resolva. Acho até que o barco ficou um pouco cheio demais, mas como pra tirar a gente eles teriam que chamar a polícia, eles acabaram deixando e nos levando em segurança para terra firme. Na volta os homens tiveram uma discussão sobre traição e coisas do estilo, e descobri que a maioria tem idéias muito diferentes das minhas... talvez não tão diferentes, mas o suficiente para que eu apenas as aceite, mas não as realize... Acho que é o tipo da coisa que cada um pensa de um jeito...

Bom... aqui estou eu sentado na cama sem fazer nada, porque não tenho vontade de estudar, e realmente não quero ir lavar roupa (apesar de estar precisando urgentemente). Mas c’est la vie... Eu daqui a pouco tenho que me mexer para fazer o jantar...

terça-feira, agosto 14, 2001

Dia 14/08/2001 – 05:41 PM

Hoje foi um dia muito legal... Finalmente resolveram misturar a nossa turma com uma outra turma de estrangeiros, que estão praticamente no mesmo nível que o nosso. Não sei ainda porque, os brasileiros que foram os que trabalharam nessa aula... Tivemos que fazer uma apresentação sobre alguma coisa, e todos nós escolhemos falar do Brasil (de alguma parte do Brasil obviamente). Obviamente a maioria de nós não tinha preparado nada, e fizemos meio na hora... O que ajudou bastante foi uns papéis que recebemos da embaixada brasileira na França que explica muito do Brasil, em francês... Assim foi bem tranqüilo de criar uns textos e falar na hora... O meu tema foi obviamente sobre o Rio de Janeiro, que é o que eu mais sabia falar na hora. Na verdade, no final, ficou mais uma explicação de quais são os problemas do Rio, e o porquê deles... pelo menos ajudei a mostrar para alguns estrangeiros que os problemas não são tão graves.

Após o almoço houve uma conferência com um professor de História sobre a cidade de La Rochelle, o porquê de aqui ser um porto importante, e sobre a importância da cidade durante a colonização da América, bem como outros assuntos parecidos. Foi muito legal porque o cara era empolgado, e porque havia bastante suporte visual às explicações. Assim, foi a primeira que eu não tive muito sono, e não precisei lutar contra... Ele ainda ficou zoando os brasileiros, principalmente porque estávamos quase todos lá, e porque a gente (a gente não, os índios, eu não sou índio) fazia parte dos medos do pessoal de antigamente de vir à América... Segundo os antigos, nós todos éramos canibais... Bem, nem tanto assim né... Quase que alguém falou “e aí, quando é que os vocês vão devolver ao Brasil o ouro que vocês roubaram?”, mas acho que devem ter pensado melhor e ficado quietos...

A conferência foi seguida por uma visita à Torre da Lanterna, que foi utilizada uma época como prisão dos piratas ingleses, franceses e holandeses (ou obviamente qualquer nacionalidade, desde que fosse pirata). É muito interessante ver uma construção daquelas, que data de 1700 e cacetada, estar em tão bom estado, e com todas as inscrições mais interessantes dos prisioneiros ainda lá... Claro que havia vidros na frente das inscrições mais sinistras, mas havia algumas que estavam prontas para serem destruídas por algum babaca que queira fazer isto... Ainda bem que não foi o caso lá heh. De qualquer forma, é muito interessante de ver uma coisa escrita na parede que foi feita há 200 anos por alguém que estava ali, preso... Ver quais eram os pensamentos da pessoa, porque tinha ficado ali vários dias... O que eu achei mais legal é que eles nem tinham ficado muito tempo na prisão, mas mesmo assim tiveram bastante tempo de fazer inscrições bem elaboradas até, ao contrário do que eu pensava. Havia por exemplo uma inscrição lá que mostrava uma poesia que um inglês havia feito, dizendo que iria se vingar da França quando saísse de lá... Muito doido... Há muitos que mostram desenhos (algum bastante interessantes), e tinha um que eu fiquei rindo, que era mais ou menos assim: ‘nome, que ficou aqui por 15 dias por ter mandado o meu superior fechar a porta’... Eu acho que naquela época eles eram um pouco mais rigorosos com sua disciplina militar... Fomos subindo a torre, e como é pequeno lá em cima para todos os estudantes subirem ao mesmo tempo, ficamos esperando o primeiro grupo subir e descer... Quando subimos finalmente, fomos à uma sala que seria a razão pela qual aquele prédio imenso tinha sido construído. Aquela era uma torre de observação, porque tinha a sala com várias janelas e que poderia servir para ver qualquer parte da cidade praticamente (bem alta), e também servia para que pudesse ser feito um fogo lá em cima, e assim servir de farol (talvez seja por isso que se chama Torre da Lanterna, não eh??). Muito já foi mudado desde que o prédio tinha virado prisão para piratas, e o chão dessa sala foi arrumado depois de 1900, quando aquilo já não era mais prisão, e assim no chão um artista (que não me lembro o nome) desenhou numerosas algemas abertas... Aliás, isso foi um momento de iluminação para mim, porque o cara (o mesmo professor da conferência) perguntou: “Essa chão foi feito como um símbolo de liberdade. Alguém saberia porque?”. Eu, além de ter entendido a pergunta, eu lembrei (sem querer!) da palavra “algema” em francês (chaîne) e ainda por cima descobri que aquilo eram algemas abertas... Foi tão sem querer que todo mundo ficou surpreso, inclusive eu... Foi com certeza um momento que não se repete muitas vezes...

Lá em cima mesmo há uma vista impressionante da cidade. Eu, como sempre, ESQUECI a porcaria da minha máquina! Eu resolvi não voltar para casa na hora do almoço, comendo só uma baguete com queijo e presunto para não perder muito tempo, e acabei esquecendo que a gente iria fazer essa visita... Assim, acabei ficando sem tirar fotos, mas com certeza vou pagar a entrada eu mesmo da próxima vez (16 francos) só para ir lá em cima de novo... Há varias coisas que eu queria tirar fotos... O legal é ver algumas pessoas com medo de altura ficar bem longe do murinho que protege a gente de cair lá de cima... heh

Amanha temos mais uma excursão. Iremos de barquinho à ilha de Aix, passando pelo Fort Boyard... Vou ter que ir lá comprar uns pães com queijo e presunto para poder fazer meus lanchinhos para amanhã... Achei hoje dentro de um saco plástico que eu uso para guardar comida nas excursões um sanduíche de queijo e mortadela que eu havia feito no sábado, e que estava fora da geladeira... Pensei bem, e acabei nem abrindo o saco plástico, jogando no lixo direto para não correr risco de encontrar algum monstro que deve ter nascido lá...

Dia 14/08/2001 – 01:03 AM

Aqui estou eu de novo... Cansado, mas sem sono, estou escrevendo sobre um dia que eu não fiz nada de mais... A segunda feira sempre é um pouco chata... principalmente por ser segunda feira, mas mais ainda porque eu estava muito cansado. Mas nada que um bom cafezinho no intervalo não ajude... O almoço teve que ser no McDonalds (tou comendo muito nele, que saco!) porque eu não tive muito tempo para almoçar... Não respondia meus emails fazia uns bons 4 dias...

Logo depois da aula da tarde, peguei um ônibus para o Carrefour. Encontrei uns amigos dentro dele, e fui comprar finalmente um walkman, e tentar consertar o negócio do celular. Segundo a mulher agora estará tudo bem, e o meu walkman funciona legal também... ele com as caixinhas ficou em torno de 300 francos (eu conseguiria um sonzinho daqueles pequenos por 400, mas pelo menos agora eu posso levar o walkman para qualquer lugar). Ainda comprei um monte de macarrão (que vou ter que fazer emprestando panela) e uma sopinhas. Essas alias são muito boas... São aquelas sopas maggi, que é só jogar dentro da panela e esperar ficar pronto... Acabei de comer uma...

Acabei de voltar do cinema também... Fomos ver Comme Chians e Chats (deve ser chamado de ‘feito cães e gatos’, ou algo parecido, porque a expressão em francês é a mesma). O filme conta a história de uma pequena guerra entre cães e gatos, dizendo que os gatos querem dominar o mundo, e os cachorros, sendo eles os melhores amigos do homem, protegem um cara (interpretado pelo nerdzao do independence day) que procura a fórmula para acabar com a alergia a cachorros... Obviamente o gato quer a fórmula para fazer o contrário... Vale a pena ver, mesmo em francês. Houve obviamente os que não gostaram do filme (quase todos), mas eu me amarrei... Eu comecei a gostar muito de bichinhos graças à minha Lovezinha, e adorei ver cachorros e gatos lutando (tendo obviamente a cena ‘matrix’ tradicional de parar a câmera durante a luta), e falando... Foi bem engraçadinho...

A gente estava hoje combinando a viagem de sexta->domingo. Fechamos dois carros para ir ao Vale do Loire ver os bilhões de castelos que existem lá (na verdade são 350, mas são muitos de qualquer maneira). Claro que a gente não vai ver muitos, no máximo uns 6... Acho que vou ter que cuidar da quantidade de fotos, se eu não conseguir levar o notebook... Cabem cerca de 120 fotos nos dois cartõezinhos, e acho que se eu ficar 3 dias viajando dá para gastar muito fácil isso, principalmente se houver muita coisa lá para ver... Há um pessoal que vai para a Bélgica/Holanda, e outro que vai para a Cote d’Azur. Eu vou deixar Bélgica e Holanda para quando tiver mais tempo, e o sul da França para quando eu estiver mais ao sul mesmo... não acho que deva ficar correndo para passar 4 a 5 dias em dois países, podendo ir com mais calma um pouco mais tarde... Devo estar partindo na sexta de manhãzinha, e voltando domingo à noite...

Dia 12/08/2001 – 09:30 PM

Aqui estou eu de volta, escrevendo sobre o fim de semana (e alguns dias que eu não tive tempo de escrever...). Hoje de manhã acordei bem cedo, tipo 8 e pouquinho (sendo que eu tinha dormido depois das 6) para poder tomar o café da residência (que era de graça), e poder conhecer a cidade... Nada a ver ficar dormindo lá (dorme-se em casa, po). Fomos conhecer o mercado da cidade (nada demais, mas é legal para aprender nome de comida em francês) e conhecer a catedral... A catedral, particularmente, é muito legal, porque é uma das únicas que eu conheço da França que são modernas... Ela foi construída depois da segunda guerra mundial. Aliás, tudo em Royan foi construído depois da segunda guerra, porque em 1945 ela foi bombardeada pelos aliados porque tinha sido ocupada por alemães... Há até um monumento aos mortos de Royan no bombardeio, porque ele foi meio inútil (tem até a placa falando isso). A igreja tem um jogo de luzes muito legal, e tem um órgão monstro... A gente chegou no meio de uma missa (sendo que havia uma placa lá dizendo que não se visita a igreja durante as missas...). Como eu nunca tinha visto uma missa em francês, eu resolvi entrar mesmo assim e obviamente todo mundo me olhou quando entrei... Mas sem problema, eu estava lá para ver a missa, não para visitar a igreja... E eu sempre posso dar a desculpa que eu não sei ler francês. Depois da missa (que demorou uma meia hora para terminar), fizemos um tour por lá e fomos depois à praia. Quando chegamos lá, havia já uns brasileiros que tinham acordado... Fomos almoçar uns crepes (salgados, com água e pão de graça... adoro isso na França). Comi um lance com queijo, presunto e ovo frito... Muito bom. O cara de Royan que estava com a gente comeu 2, e mais um suco que custou 17 francos (cerca de 6 reais), sendo que era só um copinho... Acho que o pessoal tá gastando dinheiro demais heh.

A praia lá é bem melhor que as daqui... A praia tem areia em todos os lugares, e é bem cheia.... Tem as cabaninhas (que ninguém aluga) dos cartões postais... Mas como praia é sempre praia, eu nem fiquei muito tempo por lá... A cidade em si não oferece muita coisa não, e acabei enchendo o saco perto das 5 horas. Como eu também não conhecia ninguém la de Royan direito (ninguém de lá era muito amigo meu mesmo), acabamos combinando (só eu e mais um) de vir para La Rochelle de volta, e conseguir fazer alguma coisa aqui e dormir um pouco mais. Tirei todas as fotos e fiz os álbuns, e estou escrevendo aqui... Ainda tenho que estudar um pouco, e fazer meu jantar... Acabei descobrindo que o pessoal daqui não fez nada demais (a não ser um que se arranjou por aí com uma brasileira que estava de férias aí), e fiquei feliz porque a viagem valeu muito a pena. A cidade lá é bem interessante...

Comprei cartões postais de todos os lugares onde eu fui, e até de uma cidade que a gente conheceu na vez passada, que se chama Talmont Sur Gironde (que é aquela cidadezinha pequenininha que eu falei no sábado passado). Devo guardar a maioria pra mim para que eu me lembre bem de todos os lugares que eu visitei... Vou tentar comprar o máximo de cartões de cidades que eu conheci...

Dia 11/08/2001

Mais uma excursão com o pessoal da faculdade. As fotos dela estão aqui . Dessa vez iríamos visitar o “Littoral Charentais”. A região aqui se chama “Charante-Maritime”, no caso. A primeira parada foi no Phare de la Coubre. É um farol que foi construído para substituir outro que foi destruído pelo mar, que avança nessa região. A vista é muito bonita lá de cima. A gente consegue ver o mar e a praia lá de cima, que é muito linda (parecida com as do Brasil, pelo menos lá de cima). O único problema de ter esta vista toda é subir a escadaria de 300 degraus, que foi projetada por Gustav Eiffel... Dane-se que ela foi projetada por ele, é MUITO degrau! Eu subi a escada com o tradicional medo de cair (acho que eu caí de uma escada redonda assim na minha vida anterior... só tenho medo de escada), e cheguei lá em cima arfando. Lá de cima eu já não tenho medo nenhum... Que bom, porque era legal ficar olhando lá para baixo, e discutir com os outros brasileiros se o cuspe iria evaporar durante a queda ou não. A descida foi bem mais fácil (calma, como estou digitando, sabem que eu não pulei, apesar de ter dado muita vontade só para não ter que descer aquilo tudo). A lâmpada do farol é uma coisa minúscula (tecnologia é foda), perto do que eu achava que iria ver...

A segunda parada foi na pequena vila de La Tremblade, que há várias pequenas companhias familiares de produção e colheita de ostras. Estava no programa uma degustação de ostras... Antes disso, a gente foi dando uma olhada no processo de criação de ostras, que é muito interessante, mas que não pôde ser demonstrado porque é o período de procriação das ostras... Como podem ver pelas fotos, eu estava inspirado, e resolvi experimentar... Obviamente não gostei. Que coisa nojenta! A primeira eu quase não consegui engolir, e quase que eu cuspi aquela massa. A segunda foi meio na empolgação de terem me falado que não era para ficar mastigando muito, e que eu poderia comer um pedaço de pão junto com a ostra. Me enganaram, que vacilo. Continuou uma porcaria. Se não fosse pelo vinho branco que eles tinham me servido, eu com certeza ia ficar cuspindo aquilo tudo na cara do produtor de ostra. Pelo menos eu já comi minhas proteínas da semana. Felizmente eu tinha deixado para comer meus sanduíches de queijo e mortadela depois da degustação de ostras... Assim eu tomei meu suquinho junto com os sanduíches e os cookies.

A próxima visita seria à citadelle de Brouage. Era uma cidade do século 17, que ficava à beira do mar, e que servia para proteger a cidade de Rochefort, que era uma grande produtora de barcos. Ao invés de como era lá no farol, nessa cidade o mar foi para longe, deixando a cidade a 15 quilômetros do mar. Assim, tudo em volta é terra... De qualquer forma, a cidade é muito bonitinha. Ainda por cima tem a história de uma grande amante do Luís 14 que morou lá... Tem também uma igreja da mesma época, que nunca foi mexida (ou seja, está toda ferrada). E finalmente tem algumas coisas em relação ao Canadá, porque foi de lá que saíram os primeiros colonizadores do Canadá...

A última parada foi Rochefort. Não confundam com o queijo (que se chama Roquefort). A cidade era importante porque era onde eram construídos a maioria dos navios que eram utilizados nas inúmeras guerras contra a Inglaterra (e que obviamente eles perdiam, porque a Inglaterra era foda com navios...). As construções são lindas... E ainda por cima tinha um grande gramado, onde estava tendo um show (que as vezes parecia de forró, só que os franceses não sabem dançar). Ficamos pouquíssimo tempo lá...

Na saída do pessoal que iria voltar para La Rochelle, resolvemos pegar o ônibus ali em Rochefort mesmo para ir a Royan visitar nossos amiguinhos brasileiros que estão fazendo o curso de francês lá. Pagamos 42 francos de ônibus e chegamos lá perto das 8 e pouco. Do nada apareceram dois brasileiros que estavam na praia, e nos levaram para a residência deles... Havia 11 de nós, mais um que viria à noite, e já havia 5 que tinham vindo de Besançon (além dos 20 tradicionais de Royan). Foi uma bagunça para achar lugar para todo mundo (eu rapidamente peguei uma cama), mas tudo se resolveu... Fui visitar a cidade rapidamente para conhecer o terreno (e comer algo porque estava morrendo de fome), e saímos.

O esquema de discoteca lá é um pouco diferente. Para ir a alguma delas, é necessário pegar um ônibus e que voltemos de ônibus às 5 da manhã. Tudo é de graça... Até a entrada, que era 50 francos, acabou saindo de graça. O cara da entrada acreditou quando eu disse “Carrel”, que é o centro de línguas onde eles estudam lá em Royan. O lugar era bem legal, mas muitos de nós estavam cansados (eu não tava), e ficaram meio parados. Eu fiquei dançando lá... Só que tinha homem demais, e todos sabem que homem demais em algum lugar nunca dá muito certo... vi vários princípios de desentendimento. Em particular, houve um meu. Um baixinho, abusado pra caralho, ficou me empurrando. Eu, não satisfeito com a situação, empurrei ele de volta (sempre com a técnica de empurrar dançando, como se não estivesse prestando atenção). Ele do nada me coloca a mão no ombro e reclama (em algum dialeto de francês que eu não entendo). Eu virei com a cara mais feia que eu posso (e olha que com a minha cara feia, isso deve ser horrendo), e só não meti a mão na cara dele porque a garota de Royan que tava perto me puxou... Que cara abusado! Até saí para tomar um ar... As coisas lá dentro eram caríssimas (eu nem bebi nada, tudo era mais de 50 francos...) mas era legal... Tirei fotos da galera destruída no final da festa (sempre tem aqueles que bebem demais... alguns beberam uma garrafa de whisky sozinhos...). 5 da manhã, todo mundo no ônibus, dormindo... que cena bonita... hehe. Como aqui na França não existe jeitinho, a gente teve que andar até a residência, que era um pouco longe do ponto final de ônibus.

Dia 10/08/2001

Ah! Sexta-feira... A aula da manhã é mais uma vez quando a gente divide o pessoal em duas turmas... É quando eu realmente gosto da aula, porque a gente fica mais obrigado a fazer alguma coisa... Quanto menos gente melhor... Foi quando eu recebi também a notícia (não sabemos ainda se é uma notícia boa ou ruim) de que eles iam tentar misturar na terça feira, por algum tempinho, o grupo dos brasileiros com um grupo de estrangeiros. Para isso, ainda por cima, a gente vai ter que fazer uma apresentação sobre qualquer coisa (na verdade, ela quase especificou ‘coisas do Brasil’. Mas não foi
oficial)... mais trabalho... preferia ficar com só com o grupo de brasileiros mesmo...

Fomos là à igreja para tentar falar com aquele senhor (como combinado). problema foi que, ao chegarmos lá, havia um casamento! Obviamente o padre nem o cara lá poderiam nos ajudar, tendo aquela bagunça toda... A garota (a mesma) nos deu o telefone do padre para podermos ligar para ele e marcar um dia...

Voltamos rapidamente para casa, porque o pessoal tinha ido à praia. Como estava extremamente quente, eu também queria ir para lá para poder entrar na única coisa que é gelada por aqui... a água do mar. A água eu bebo quente, não existe ar condicionado em lugar nenhum... acho que vou até ter saudade desse tempo e tal. Fomos à praia e encontramos um pessoal da faculdade, bem como mais da metade dos brasileiros. Mais um momento de descontração e de ficar sacaneando (em português, claro) os estrangeiros por serem tão brancos...

À noite tínhamos combinado um soirée na praia. Todo mundo iria levar algo para beber, e iríamos ficar conversando lá... A gente levou um violão, para tentar fazer um sonzinho também... A princípio ficamos só bebendo vinho, sentados na areia... Um grupo falando português (obviamente o nosso) e outro grupo falando alemão (que seria...). Assim, ficamos meio separados, até chegar o cara que toca músicas internacionais... até lá, a gente estava tocando musica que só nós conhecemos... Mesmo assim, o único que sabia as letras era EU! E aí eu ficava lá cantando sozinho (apesar da galera falar que eu tava cantando bem, eu ainda não acredito... obviamente eu estava bêbado para ficar cantando sozinho no meio de uma galera que eu conheço há 1 semana... heh). Começou a esfriar muito, e os alemães (isso mesmo, os alemães! Com todo aquele frio!) resolveram sair e ir para um bar fechado. Aproveitamos essa hora que eles não estavam lá para tocar musicas brasileiras mesmo, e se divertir muito mais... Tiramos várias fotos (há varias aqui . Depois obviamente fomos lá ao barzinho onde todo mundo estava...

Chegando lá, alguns queriam ir a uma discoteca que não conhecíamos ainda. Eu até fui para ver quanto era, mas para entrar eram 60 francos (cerca de 20 reais mesmo) e ganhava-se uma bebida. Eu sinceramente não estava a fim de pagar 60 francos para ficar só um pouquinho (a gente vai ter uma excursão amanhã o dia inteiro, e não acho que queira ficar dormindo...). Voltei na hora, e fui quase direto para casa (uma parada no bar para se despedir da galera que ia embora...).

Dia 09/08/2001

Hoje foi o dia em que iríamos conversar com alguém da catedral aqui de La Rochelle, para fazermos a primeira entrevista. Inventaram aqui que teríamos um trabalho final, que deveria ser uma redação e uma apresentação sobre alguma coisa relacionada a La Rochelle... A gente acabou escolhendo a catedral, que é muito interessante no caso... A garota que trabalha lá na igreja (que está fazendo isso como trabalho de verão!?!?!) nos disse que só amanhã teria um senhor (que não me lembro o nome) que saberia nos explicar tudinho... Amanhã voltaremos então...

Na volta, o Eric (que é do meu grupo do trabalho final) foi buscar uma câmera fotográfica que ele havia encomendado... Chegando lá, o vendedor disse para irmos encontrar um cabeleireiro que ficava perto da loja dele... Ele dizia que o cara já tinha morado muito tempo no Brasil, e que tinha o Brasil no coração. Fiquei curioso para saber do que se tratava (obviamente não tinha entendido tudo que o cara tinha falado) e fomos até lá. Entrando no lance lá, perguntei pelo nome dele (Jean-Paul, how nice) e o cara logo falou “Vocês são brasileiros, né?”... Ou meu francês é muuuito ruim, ou minha cara é muito de brasileiro, não é possível! Eu não tinha falado nem duas palavras direito! Mesmo assim, o cara pareceu gente boa, falou que tinha ido várias vezes ao Brasil porque ele dá cursos para aqueles cabeleireiros mais sinistros, e faz workshops e coisas assim pelo mundo. Como sempre, em relação ao português, ele também falava muito mal o português (eu falo beeeeem lalala), mas a gente se entende sempre heh. Ele nos convidou (a outros brasileiros também) para ir à casa dele para beber alguma coisa da região (aqui tem o pinneau, que é uma mistura de cognac com vinho, e depois colocado para fermentar. Fica muuuito bom!). A gente não combinou de cara, porque a gente nunca sabe o que faz aqui à noite... Vamos ligar qualquer dia para ele e beber de graça.

Chegamos na hora de tomar um banho e ir para o boliche. Novamente a faculdade nos leva a algum lugar sem que precisemos pagar alguma coisa... Fizeram equipes de 7 pessoas lá na faculdade, e fomos os brasileiros no boliche. O nosso grupo foi formado meio na sorte (eu só fui saber qual era o meu grupo depois), mas foi muito maneiro. A gente zoou muito, porque eram 18 pistas só do pessoal da faculdade, cada uma com 6 ou 7... Imaginem só a quantidade de barulho que a gente fez... E toda hora tinha alguém fazendo alguma merda, ou indo muito ruim no boliche... Tinha um que tinha jogado 6 bolas e feito nenhum ponto. Na 7a a gente resolveu começar a sacanear. Obviamente, ele errou. Na oitava, com metade da galera olhando, ele finalmente conseguiu acertar UM pino. Foi a glória. TODO MUNDO gritando “CADU, CADU”. O pior nem foi isso... Há um espanhol que se chama Xavier (que em espanhol se pronuncia xabier), e a galera o chama de xabi. Pra que... Toda hora ele faz uma merda (o cara é maluco!) e a gente fica gritando XABI XABI XABI! (falem isso rápido e vejam o resultado)... todo mundo (os brasileiros óbvio) ficam rindo que nem malucos. Tem uma foto dele aqui . Ele é o que está olhando pra câmera, lá embaixo.

Depois resolvemos ir comer no McDonalds (sem chance de ir fazer comida 9 e cacetada da noite), e fomos direto para um bar para beber... (mais uma vez no Lou-Foc).

Dia 08/08/2001

Quarta feira... Um dos únicos dias que eu posso utilizar para dormir à tarde... E logo hoje, que eu estava com sono, eu acabei não utilizando esse tempo... Eu precisava ir ao centro resolver o problema da porcaria do meu celular, que não está cadastrado no site da operadora, e aproveitei o dia para ficar passeando pelo centro da cidade sozinho.

Encontrei duas alemãs lá do curso que estavam passeando por lá também, mas eu já tinha tirado o dia para ficar sozinho mesmo... Outra coisa que eu resolvi começar foi o concurso de fotos. O pessoal da faculdade inventou um joguinho bem interessante, que é o seguinte: nos deram um papel com 30 fotos de lugares de La Rochelle, e pedem para que digamos de onde é aquela foto. Quem acertar mais ganha prêmios... É um pouco mais difícil do que eu pensava... Só achei uma até agora (hehe) das 16 que eu tinha na minha mão (a gente resolveu dividir para conquistar...). Obviamente não consegui resolver o problema do meu celular, e não consegui comprar o walkman que eu estou procurando... preciso ficar escutando mais francês, e notícias são o melhor jeito de se aprender, ao meu ver... Na volta para casa, já com mais um livro comprado (dessa vez foi uma gramática), encontrei mais pessoas da faculdade procurando as fotos... o pessoal não perde tempo mesmo hehe.

À noite foi mais light que nos outros dias... Eu estava muito cansado... Mas acabei dormindo tarde de novo...

quarta-feira, agosto 08, 2001

Dia 07/08/2001 – 01:30 AM

Acabei de voltar do Lou-Foc, que virou um bar tradicional dos brasileiros. Depois de ficar andando no centro que nem umas baratas tontas no centro procurando celular (o pessoal daqui agora quer comprar também... os brasileiros em Royan estão com uns 6 celulares...) na chuva, encontrando várias lojas fechadas (não sei porque, mas aqui na França várias lojas fecham na segunda feira, para poder abrir no sábado... o pessoal daqui não gosta muito de trabalhar não...) tínhamos que sair... Ainda por cima não encontrei aberta a loja de celular para reclamar do meu, que não consegue receber mensagens pela internet... Eu já fui na página para me cadastrar (agora acho que vou ter que pagar por mensagens recebidas...), mas ele diz que eu não sou cliente da Bouygues Telecom... Como não? Tou há quase duas semanas recebendo ligação nele, ligando, e não sou? Não entendi muito bem isso não... Talvez eu tenha que habilitar alguma coisa e não saiba... Pelo menos no centro há várias livrarias, com livros que valem muito a pena comprar... Há vários livros bons por 10 francos (cerca de 3 reais!!!), sendo que ainda comprei um com capa dura por 30 francos... Acho que vou ter que ficar com mais cultura aqui na França... ainda mais lendo livros em francês... Já tem uns 4 na fila para ler, sem contar com os livros que o resto do pessoal comprou... Desse jeito eu vou ter que ficar preso no meu quarto, com um dicionário do lado, e ler durante um ano...
O legal da noite foi descobrir que tem uma máquina para jogar dardos eletrônica lá no Lou-Foq que custa só 5 francos... Muito maneira a máquina, porque ela conta automaticamente os pontos, e já vê se chegou ao final ou não. Isso é muito bom se for levado em conta que não sabemos as regras. Eu só sabia que se você joga o dardo em uma faixa tal do alvo, você ganha tantos pontos, podendo dobrar ou triplicar se acertar nas faixinhas coloridas. Jogamos um lance que a gente tem que chegar a 321, sem poder passar. Se passasse de 321, o placar voltava o tanto que tinha ultrapassado... Eu consegui ganhar meio na cagada mesmo do Gustavo que está aqui também (acertei certinho o último dardo... muito sinistro eu hein!). A noite não prometia nada, porque chegamos (os 5 brasileiros), e só tinha 2 estrangeiros (que a gente não falava...). Ficamos lá um tempinho e de repente aparece uns 20 estrangeiros (e mais 2 brasileiros)... Acho que é a melhor etapa do aprendizado de francês, porque obriga a gente a falar muito, a contar histórias da sua a vida, a sacanear os outros, tudo em francês... Existe, é claro, um pessoal que resolve do nada falar inglês, mas é por pouco tempo. Há alguns dos estrangeiros que resolveram agora sempre sair com os brasileiros, porque o pessoal das outras nacionalidades geralmente volta para casa cedo, preocupadíssimo com a aula do outro dia... Brasileiro geralmente não se preocupa muito, e se não der para ir à aula, não vai mesmo... Ainda mais porque a gente não paga o curso (e eles pagaram cerca de 1000 dólares por esse mês).

Dia 05/08/2001 – 11:50 PM

Hoje foi um dia bem morto... Todo mundo estava meio cansado da viagem de ontem, e acabou que todo mundo aproveitou o domingo para descansar... Eu também aproveitei, e fiquei até 1 da manha na cama, sem fazer nada... que preguiça...A única coisa diferente é que um pessoal de Royan (os brasileiros que estão lá) alugou dois carros e vieram para cá passear. Eu só conhecia 3 dos que vieram, mas como quase todos os bolsistas, eram caras bem maneiros... Todos quase daqui saíram junto com eles para mostrar o centro da cidade, e passar lá na regata (a Figaro, que ia sair hoje). O único problema é que para variar estava chovendo... Aí não deu para ficar passeando muito. Eles disseram que Royan é bem menor que La Rochelle, que estão gastando muito mais dinheiro que a gente (porque tão pagando alojamento e não têm cozinha para fazer comida...), e que já tinham visitado também o vale do Loire... A gente provavelmente daqui estará indo para lá também em alguns dias (ou semanas heh).
À noite foi o dia do tradicional cinema... Dessa vez eu fui ver Scary Movie 2. Eu achava que o filme iria ser um pouco mais engraçado, mas foi divertido. Algumas piadas não dava pra entender mesmo... Sempre aquela coisa tradicional de um cara na tela falar alguma coisa “engraçada” (porque não sei se era engraçado mesmo, pois eu não entendi...), e um monte de francês rir, e nós brasileiros ficarmos com a cara de babaca “Quem?” “Onde?” “Quando?”... Provavelmente vai ficar rolando sempre esse cineminha... Eu ainda quero ver também uns outros filmes lá...

Dia 04/08/2001 – 09:10 PM

Hoje o post vai ser um pouco grande, porque vou escrever de ontem e hoje. A princípio, a sexta feira não tem aulas à tarde, mas ontem houve, porque houve o torneio das nações ontem... Mesmo assim, depois disso ainda fomos à internet e depois fomos ao Champion para comprar o jantar de ontem e o lanchinho que iríamos levar na excursão hoje... Eu acabei comprando um monte de besteira também (cookies, batata Pringles, um queijo muzzarela...). Os jantares são os tradicionais raviólis de lata que estávamos comendo (e pelo jeito vamos continuar... heh). Depois do jantar, foi praticamente cair na cama e dormir (alguns não seguiram essa corrente e saíram ontem à noite, mas eu já estava cansado e não queria ficar dormindo no passeio).
O passeio começou mais tarde que no outro dia. Chegando lá no Tecnoforum, estavam todos (até mesmo os malaios, que eu não sabia que iriam). Escolhemos um dos ônibus (o que estava menos cheio de malaios), e fomos. A maior parte da galera foi para o outro ônibus, então a gente ficou meio forçado a conversar com as pessoas...
A primeira parada foi na pequena cidade de Rioux, que fica perto até de La Rochelle. A gente foi lá para ver como é uma típica cidade francesa, com sua igrejinha, sua prefeitura... Seria como no Brasil, mas a única diferença é que a igreja da cidade, ao invés de ter menos de 100 anos foi edificada pelos romanos... Ou seja, é só um pouquinho mais velha... Não havia nada de mais na cidade, então só ficamos por lá uns 20 minutos, e partimos para o Chateau des Énigmes, que era o que iríamos fazer na manhã de hoje.
Vou explicar mais ou menos esse Chateau des Énigmes. Eles pegaram um castelinho que havia por aí (eu acho que era autêntico pelo menos...), e colocaram no castelo e nos arredores dele vários pequenos enigmas (em francês...), e teríamos que resolver, em grupos, os enigmas, para depois ir lá no computador e ver as pistas para o enigma final. A gente tinha tão pouco tempo para ficar lá, acabamos não resolvendo tudo. Como eu disse antes, ficamos em um ônibus em que a maioria não era brasileira... Então fizemos grupos para que o mínimo possível de pessoas da mesma nacionalidade ficassem juntos. Assim, daria para ficar conversando com pessoas diferentes... Já estou meio cansado de ficar falando só em português. Assim, o meu grupo se formou: uma irlandesa (que não lembro o nome...), a Bettine (alemã), o Ingolf (alemão também), a Evelin (belga) e eu. A Elodie participou também porque do nada apareceu e estava sem grupo. A gente foi atrás dos enigmas (que muitas vezes eram difíceis porque eu não tinha levado o meu dicionário), mas vários a gente teve que chutar mesmo. Levando em conta que a única animada era a Belga (os alemães e a irlandesa achavam que era muito coisa de criança, ficavam reclamando o tempo todo), foi bem legal... Eu até que gostei, deu para passar o tempo e se divertir um pouco.
A próxima parada seria em uma pequena fazenda, onde eles iriam nos dar uns pratos típicos da região. Eu comi o meu almoço (pão com mortadela e o muzzarela que eu achei) e fiquei esperando as comidas típicas (e a cidra, muito boa, que veio depois...). Eu só achei lugar em um canto lá do lado dos brasileiros, mas fiquei na frente de uma americana que está aprendendo espanhol (a Robin do jogo de vôlei lá em cima) e uma espanhola que estava aprendendo inglês. Obviamente quem ler isso vai se perguntar “o que diabos leva uma pessoa a estudar inglês ou espanhol na França?”. E, obviamente, eu tive que perguntar isso também, mas em inglês, porque as duas não sabiam nada de francês... Elas disseram que há um programa de intercâmbio entre EUA e Espanha, e que eles juntaram o grupo de intercâmbio antes em um só lugar, para o pessoal se conhecer (um vai ficar na casa do outro, se não me engano). O problema é que escolheram um país que não fala nem uma nem outra língua... Eu acho que eles devem ter escolhido um lugar neutro, para que nenhum dos grupos treinasse fora da faculdade... só pode ser... O engraçado é que eles vão em todas as excursões, mas não entendem nada do que o pessoal explica dos lugares... Qual a graça? (se bem que eu ainda não entendo tudo também, mas pelo menos é o meu objetivo heh). O que eu achei mais engraçado foi a nossa dificuldade de falar inglês. Eu por exemplo mandava váaaarias palavras de francês no lugar de inglês... Acho que estou começando a aprender mesmo, mas estou esquecendo o inglês hehe. Várias vezes ao invés de falar “Yes” falei “Oui”, ao invés de falar “Too" falei “Aussi”, ao invés de falar “There is” falei “Il y a”... O pior foi uma hora que eu falei que a gente ia ficar “six semaines” aqui em La Rochelle, e não percebi que isso não era inglês... Depois de falar umas 3 vezes “semaines”, a espanhola me avisou que eram “weeks”... Que papelão :)
A nossa próxima parada seria o Zôo de Las Palmyres, mas acabamos não indo... (buaaaaa). Esse fim de semana é o primeiro de agosto, e as estradas estão cheias de franceses que estão vindo para as praias durante as férias. Assim, acharam melhor não irmos para o zôo e ficar presos horas no transito. Ao invés disso, nos levaram de volta para Rioux, onde iria acontecer um casamento à moda antiga... Fomos e vimos, mas não houve nada demais... só bebi um vinho (não bebi o que eu queria, que era o Pinneau, uma bebida típica da região... a galera queria ir embora logo).
Na saída dessa cidade, houve uma votação de quem queria voltar para casa, e quem queria visitar uma última cidadezinha. Como eu não tinha nada para fazer em casa, eu resolvi pegar o outro ônibus e aproveitar a visita à cidadezinha (inha mesmo, porque não tem NADA lá heh). A única coisa que existia lá para ver é uma pequena igrejinha, de séeeculos atrás, que está construída na praia, com umas paredes protegendo da água do mar. É até bonita e tal... Havia uma missa lá, mas não consegui ouvir o padre falando. A única coisa legal mesmo dessa viagem até lá foi a gente ter encontrado alguns brasileiros de Royan, que também estavam lá em uma excursão, e trocar umas idéias sobre nossas próximas viagens... O mundo se torna pequeno novamente hehe.
A volta para casa foi ridícula. Fiquei naquele estado zumbi de a cabeça ficar balançando enquanto eu dormia/não dormia, e cheguei em casa com o pescoço doendo. Da próxima vez vou encostar a cabeça no vidro, como me aconselharam.

Dia 03/08/2001 – 12:30 PM

Quinta feira (ontem) foi o dia do torneio das nações. Foi uma invenção do pessoal da faculdade para misturar um pouco as turmas e ao mesmo tempo se divertir. A princípio havia três modalidades: futebol, vôlei de praia e pétanque. O futebol no final não vingou, porque só tinha um time de brasileiros. Como eu em vôlei de praia não sou muito bom, tinha escolhido a pétanque. É muito parecido com o jogo de bocha que existe no Brasil, mas a galera aqui joga quase em qualquer lugar (já vi dois caras jogando na areia da praia, mas não fica muito legal porque a bola não rola...). Eu e mais uns acabamos escolhendo esse jogo, mas na hora do vamos ver não conseguimos jogar, porque não achamos o local apropriado para o jogo. Eu havia escolhido esse também porque eu quase não agüentava correr, e às vezes no campo de vôlei é necessário se esforçar um pouco (principalmente na frente de todo mundo!).
Acabamos por decidir ir para a praia. Foi até bom, porque acho que todo mundo que não queria jogar estava lá também, e foi bom para conhecer pessoas novas (e treinar francês). Alguns dos brasileiros foram diretos pras espanholas e venezuelanas, mas eu sempre fico mantendo distância, porque senão eu vou sair da França sabendo espanhol (que eu nem gosto de ouvir...) e não o francês. Há uma belga (Evelin, muito maneira), uns alemães,uns espanhóis que já sabem um pouco mais de francês e duas inglesas (as duas são Sarah... deve ser o nome Maria lá na Inglaterra) que eu conversei. Só assim a gente aprende um pouco mais...
Eu acabei me empolgando para jogar, já que muita gente que não tinha nem cara de jogar estava lá participando sem problemas... Achei que não seria tão vergonhoso ficar caindo na areia na frente de todo mundo, além do que todos estão ali para se divertir mesmo (e se tiver que ser eu a diversão...). A Elodie, que estava organizando as partidas, fez um time comigo, um espanhol e um outro brasileiro (Fabio). A gente jogou contra uns americanos (a Robin e não sei o nome do outro, e tinha um espanhol gigantesco também, mas acho que nem perguntamos o nome porque ficamos com medo do cara... devia ter uns 15 metros de altura). Logo vimos que não iria ser fácil... Não pela qualidade dos jogadores do outro lado, nem pela falta de qualidade da nossa, e muito menos pela altura do espanhol que estava jogando contra a gente... O problema maior era o vento fortíssimo que havia na praia (La Rochelle de vez em quando tem isso...). As bolas que a gente jogava nunca iam para onde a gente queria, e eu não acertei UM saque (mas isso não foi problema do vento... é porque eu sou ruim mesmo heh). Mesmo assim, acabamos ganhando, porque o outro time conseguiu errar mais (os outros dois jogadores do meu time às vezes jogavam a bola dentro da quadra...). Ganhamos alguns jogos na nossa “chave”. Quando começou a chegar nas finais, metade do pessoal que estava jogando (e a grande maioria do pessoal que não estava) tinha ido embora, porque estava mais frio, as vezes com uma chuvinha fina, e o vento que não parava. Acabamos desistindo de jogar semi-finais, e só houve a final. Praticamente só tinha brasileiro jogando lá no final mesmo...
Depois de voltar para casa, tomar aquele banho e comer alguma coisa, fui junto com outros para o Pou d’Amitié, que era uma recepção com todo mundo, lá em um centro de pesquisa marinha perto da praia onde a gente estava. Quando chegamos lá, estava tudo praticamente acabando, mas conhecemos mais gente ainda (e acho que não vou conseguir conhecer todos em um mês só...). Quando a recepção acabou, estávamos só eu e o Rodrigo, uma garota da Inglaterra e várias garotas da Indonésia (que você não saberia distinguir de vietnamitas, ou chinesas, ou ...). A inglesa estava indo para casa, pois acho que é uma das únicas que está em casa de família e não em uma residência universitária. As indonesiennes acabaram indo com a gente para o barzinho onde tínhamos combinado de encontrar todo mundo... Foi muito interessante, porque além de praticar francês, ainda aprendi algumas palavras no idioma deles, e em chinês (mas obviamente esqueci tudo, porque não anotei...). O idioma da Indonésia é muito bizarro... Parece uma língua tribal, que a galera repete várias vezes a palavra... A única que eu lembro é que “apresse-se” é “Buro Buro”, que eu lembrei porque é muito parecido com o tradicional “Bora Bora” que algumas pessoas utilizam no Brasil... heh. Uma delas aliás acabou não indo para o bar, porque ela tem menos de 18 anos e os pais dela não deram autorização para sair à noite... Então ela tem que voltar para casa. Perguntando o porquê disso, já que não há ninguém para ficar chegando isso, me falaram que eles acreditam que se você desobedecer os seus pais, a má sorte virá para cima de você... Bom, se elas acreditam... Também descobri vários aspectos da vida na Indonésia (como por exemplo, as universidades lá são todas pagas, mesmo as do governo, mas são bem mais baratas, apesar de piores...) e descobri que estou em um dos piores alojamentos universitários (elas tem banheiro privativo, ducha privativa... porque eu não estou nessa outra residência???).
Bom, ontem teve o aniversário da garota da Espanha, e do Kadao. Eu participei também, porque era praticamente o meu aniversário. A grande maioria do nosso grupo, e a grande maioria do grupo de estudantes estrangeiros que estão fazendo francês lá na FLASH estava lá no Lou-Foc. O parabéns da garota foi cantado em inglês (?!?!?!) e o nosso foi cantado no bom e velho português. Todo mundo bebeu bastante, e no final ficamos só nós (como sempre, pois tinha aula no dia seguinte). Os outros estrangeiros foram saindo aos poucos... Eu havia sentado em um lugar perto das espanholas (que alguns outros brasileiros estavam em cima), mas como eu já disse que não agüento espanhol, fiquei lá falando com a Elodie e com o Thierry (que é um professor nosso lá também), e como sempre, com os outros brasileiros. Achamos também uma garota da PUC que está fazendo francês aqui no Eurocenter (eu só a conhecia de vista, o Rodrigo já a conhecia um pouco melhor...). Como esse mundo é pequeno heh.
A coisa mais engraçada da noite foi ver a Elodie vindo rindo pro nosso grupo, dizendo que um dos brasileiros tinha meio que passado uma cantada nela. Ela a princípio estava rindo muito, mas logo depois passou para o estágio “bolada”. Acho que ele “passou um pouco dos limites”, como um garoto falou... hehehe. No final, tudo se resolveu, obviamente. Além disso, a gente roubou a identidade dela, porque ela falou que tinha 22 anos (impossível!!). Mas era verdade... a mulher que cuida das nossas coisas aqui é mais nova que alguns dos bolsistas... legal né? A cara dela na foto da identidade estava muito engraçada... (e qual foto dessas não fica? Creio que é uma lei mundial, as pessoas têm que ficar com cara de babaca na foto de documentos).

Dia 02/08/2001 – 07:19 PM
Estou escrevendo hoje sobre o dia super importante que foi ontem: o meu aniversário. Eu não fiz nada de especial, até porque foi uma quarta feira, e não acho que valia a pena fazer tudo ontem, até porque daqui a pouco estamos indo para comemorar o aniversário de mais um de nós aqui (Kadao), e de uma espanhola que começou as aulas na segunda. Aí acabo entrando no mesmo esquema heh.
Ontem foi até legal chegar na sala e ver escrito no quadro “Joyeux Anniversaire Luiz!” escrito pela Elodie, e que também aprendeu a falar Feliz Aniversário em português mesmo (e sem sotaque quase! Bizarro!). Aí recebi feliz aniversário de todos os outros 19 também...
Dois da nossa sala foram remanejados para outras salas que parece que são um pouco mais fracas, porque eles estavam indo um pouco mais devagar mesmo. Eu achava que ia ser o contrário... Estava doido para ir para outras salas, para poder me forçar a falar francês.
O que eu estou achando engraçado é que toda hora que saímos, encontramos algum cucaracho ou alguma espanhola/similares. Quase todo mundo foi ao barzinho de sempre para comemorar, e, lá chegando, havia várias nacionalidades, mas o pessoal que chegou mais perto da gente só falava espanhol, mesmo estando aqui na França para estudar francês. Eu relevo, porque eles estão com um nível bem menor que o nosso (ainda não entendo porque gastam tanto dinheiro assim então...). Tiramos algumas fotos e tal, e bebemos umas cervejas. A única coisa diferente que houve foi a “tentativa” de passar uma nota falsa de um amigo nosso (digo tentativa entre aspas porque ele não sabia que era falsa). Era uma nota de 200 francos, bem parecida com a original, mas menor e com a marca d’agua diferente. Acho até que era uma nota de 100 francos apagada e impressa com 200, ou algo parecido com isso. Ele não conseguiu na hora, mas hoje na hora do almoço ele passou...
A gente voltou até cedo porque não queríamos ficar como zumbis na aula... Principalmente porque a professora é nova, e a primeira impressão é a que fica! O tempo começou a ficar ruim a partir do começo da tarde, e à noite já choveu um pouquinho aqui. Hoje já está bem pior, mas vou falar disso mais tarde... no post de hoje a noite (se eu chegar cedo) ou de amanha (porque sábado tem mais uma viagem).

Dia 01/08/2001 – 07:22 AM

Acabei não escrevendo ontem porque fiquei na cozinha com o pessoal conversando até tarde... Então foi chegar no quarto e despencar na cama. Mesmo assim, acordei muito cedo... E não sei porque, já que o despertador não vai tocar antes das 8...
Ontem não teve aula à tarde, porque vai houve uma conferência dada pelo diretor da FLASH sobre as mudanças na sociedade francesa. O cara falou com um francês bem simples, porque eu entendi 99% do que ele falava. Ele nos deu vários dados sobre o que vem acontecendo com a sociedade francesa nos últimos anos... Os dados parecem ter sido tirados do Brasil, porque tudo é igualzinho (tirando a parte de que todo mundo aqui quer ser funcionário público, ao contrário de nossa terrinha ultimamente). Todos os alunos da faculdade estavam lá (menos, é claro, alguns brasileiros que ficaram dormindo ao invés de ir lá). Foi um jeito de ouvir mais francês ao menos...
Depois de receber uma ligação de casa e conversar por 16 minutos com a mamae e o Guilherme (eles vão acabar pagando muito de telefone...), a gente foi jogar bola. Estou parecendo um velho, porque parece que distendi as duas pernas, e não conseguia mais correr nem chutar a bola. Vou ter que ficar meio de molho durante alguns dias. Meu esporte agora vai ser ping-pong, porque eu não preciso correr (mas eu sou ruim também...).
À noite foi hora de mais um ravióli com cordon bleu. Vou amanha ao mercado e comprar algumas coisas melhores pra mim (realmente, uma saladinha faz falta...). Mas como minha geladeira (que não é só minha) é pequena, eu não posso fazer uma festa muito grande heh. Tem gente comprando milhões de francos em comida, e eu não estou deixando de gastar tanto assim... Só compro coisas práticas, para que não precise ficar na cozinha 2 horas só para fazer um arroz e um bife todos os dias. Se houvesse geladeira daria para fazer uma comidinha a mais e deixar para só esquentar outro dia, mas não ainda não dá aqui. Minhas comidas ficam bem saborosas, mesmo sendo congeladas hehe.
Há um pessoal aqui que está saindo todo dia... Não consigo acompanhar esses caras e mesmo assim depois conseguir ir à aula bem, sem dormir... Prefiro ir com mais calma nessas coisas nessa etapa onde a gente não sabe nada de francês.
Agora, vendo os papéis que eu peguei ontem lá embaixo sobre reciclagem, essas coisas, nem parece que eu estou morando na França... Muito bizarro ler as coisas em francês, e achar que está tudo normal. Ainda não fui comprar jornal e tal, mas deve ser muito estranho... Comprar o jornal local e ser em francês... Não me acostumei ainda com essa idéia de que eu estou vivendo em um país diferente. Ontem foi o único dia que eu li a pagina inicial do globo na internet, mas não tava sabendo nada do que acontece no Brasil. Sinceramente... nem estou perdendo muito tempo pra saber...

Dia 30/07/2001 – 10:01 PM

Que dia! Calor infernal! Parece o Rio de Janeiro em pleno verão... Acordei cedo, para tentar chegar lá antes de todo mundo e ver o pessoal de todos os países que estavam chegando para o primeiro dia de aula. Logo que cheguei lá, tinha grupo de um monte de lugares: espanhóis, austríacos, japoneses, alemães, americanos... era uma mistura! E todo mundo falava francês. Não era como a gente, que começou quase sem saber se comunicar... A maioria parece estar em um nível muito mais alto que o nosso. Logo depois da aula da manhã, houve uma pequena recepção para os alunos novos. Eu obviamente, esfomeado, fui o primeiro a atacar os amendoins e as batatas fritas. A pepsi que serviam era quente (como quase tudo que eu estou bebendo ultimamente... que falta uma geladeira no meu quarto não faz) e apenas umas garrafas de suco eram geladas. Eu comi um pouco e parti pro restaurante universitário mesmo. A comida não estava tão ruim, mas acho que me sairia melhor apenas com os amendoins. Alias, o restaurante universitário vem caindo de nível dia após dia. Eles devem estar piorando porque todos os cozinheiros devem estar lembrando que entram de férias nessa sexta feira... Assim não dá, vou ter que começar a fazer o almoço em casa também, mesmo enquanto o restaurante universitário está aberto.
Voltamos para a aula da tarde, e encontramos na volta um espanhol e sua irmã indo fazer compras. Ficamos todos conversando em uma mistura de francês mal falado, inglês, espanhol e português. A comunicação foi atingida, mas a alto custo... Pelo menos a gente assim força o aprendizado, porque quer contar alguma história e não consegue... Aí dá vontade de aprender mais um pouco quando chegar em casa... O espanhol é feio pra caralho, com uma cara de nerd sinistra, e a irmã é igual a ele (imaginem como ela é gatinha hum!). Os dois ao menos são bons para conversar...
Fomos à praia novamente... Estou começando a enjoar da praia aqui também... Não fui à praia assim nem quando eu passei 10 dias em Búzios (que é só praia...). Acho que a nossa vida tá muito fácil aqui heh. Resolvemos hoje na praia que toda a semana iremos orar para a santa CAPES, que nos trouxe aqui e está nos dando dinheiro, e para isso iremos oferecer (aka beber) uma garrafa de vinho para cada pessoa.
Comprei na volta uma lata de 800g de ravióli que pode ser esquentado no microondas. Eu comi aquilo tudo (achava que tava tranqüilo!!) mas estou cheio que nem um boi comendo 489829248 toneladas de feno... Exagerei mesmo haha. A próxima lata vai durar duas refeições, ainda mais com minha nova geladeira que encontrei hoje! As alemãs que estavam procurando geladeira ontem não vão conseguir mais! Lalalala!
Falando em estudar francês, ontem vi Xmen (Divx) em francês. Entendi quase tudo, mas que língua merda para dublar alguma coisa!! Estou até com medo de ver Chicken Run, que eu ainda não vi em inglês, dublado nessa língua gay... Ao menos hoje na aula descobri uma das primeiras músicas realmente legais em francês... Se chama Motivés, e foi regravada por um grupo chamado Zebda. O ritmo é legal, e a letra é bem maneira, principalmente porque é francês, e fica engraçada cantando heh.