terça-feira, agosto 14, 2001

Dia 11/08/2001

Mais uma excursão com o pessoal da faculdade. As fotos dela estão aqui . Dessa vez iríamos visitar o “Littoral Charentais”. A região aqui se chama “Charante-Maritime”, no caso. A primeira parada foi no Phare de la Coubre. É um farol que foi construído para substituir outro que foi destruído pelo mar, que avança nessa região. A vista é muito bonita lá de cima. A gente consegue ver o mar e a praia lá de cima, que é muito linda (parecida com as do Brasil, pelo menos lá de cima). O único problema de ter esta vista toda é subir a escadaria de 300 degraus, que foi projetada por Gustav Eiffel... Dane-se que ela foi projetada por ele, é MUITO degrau! Eu subi a escada com o tradicional medo de cair (acho que eu caí de uma escada redonda assim na minha vida anterior... só tenho medo de escada), e cheguei lá em cima arfando. Lá de cima eu já não tenho medo nenhum... Que bom, porque era legal ficar olhando lá para baixo, e discutir com os outros brasileiros se o cuspe iria evaporar durante a queda ou não. A descida foi bem mais fácil (calma, como estou digitando, sabem que eu não pulei, apesar de ter dado muita vontade só para não ter que descer aquilo tudo). A lâmpada do farol é uma coisa minúscula (tecnologia é foda), perto do que eu achava que iria ver...

A segunda parada foi na pequena vila de La Tremblade, que há várias pequenas companhias familiares de produção e colheita de ostras. Estava no programa uma degustação de ostras... Antes disso, a gente foi dando uma olhada no processo de criação de ostras, que é muito interessante, mas que não pôde ser demonstrado porque é o período de procriação das ostras... Como podem ver pelas fotos, eu estava inspirado, e resolvi experimentar... Obviamente não gostei. Que coisa nojenta! A primeira eu quase não consegui engolir, e quase que eu cuspi aquela massa. A segunda foi meio na empolgação de terem me falado que não era para ficar mastigando muito, e que eu poderia comer um pedaço de pão junto com a ostra. Me enganaram, que vacilo. Continuou uma porcaria. Se não fosse pelo vinho branco que eles tinham me servido, eu com certeza ia ficar cuspindo aquilo tudo na cara do produtor de ostra. Pelo menos eu já comi minhas proteínas da semana. Felizmente eu tinha deixado para comer meus sanduíches de queijo e mortadela depois da degustação de ostras... Assim eu tomei meu suquinho junto com os sanduíches e os cookies.

A próxima visita seria à citadelle de Brouage. Era uma cidade do século 17, que ficava à beira do mar, e que servia para proteger a cidade de Rochefort, que era uma grande produtora de barcos. Ao invés de como era lá no farol, nessa cidade o mar foi para longe, deixando a cidade a 15 quilômetros do mar. Assim, tudo em volta é terra... De qualquer forma, a cidade é muito bonitinha. Ainda por cima tem a história de uma grande amante do Luís 14 que morou lá... Tem também uma igreja da mesma época, que nunca foi mexida (ou seja, está toda ferrada). E finalmente tem algumas coisas em relação ao Canadá, porque foi de lá que saíram os primeiros colonizadores do Canadá...

A última parada foi Rochefort. Não confundam com o queijo (que se chama Roquefort). A cidade era importante porque era onde eram construídos a maioria dos navios que eram utilizados nas inúmeras guerras contra a Inglaterra (e que obviamente eles perdiam, porque a Inglaterra era foda com navios...). As construções são lindas... E ainda por cima tinha um grande gramado, onde estava tendo um show (que as vezes parecia de forró, só que os franceses não sabem dançar). Ficamos pouquíssimo tempo lá...

Na saída do pessoal que iria voltar para La Rochelle, resolvemos pegar o ônibus ali em Rochefort mesmo para ir a Royan visitar nossos amiguinhos brasileiros que estão fazendo o curso de francês lá. Pagamos 42 francos de ônibus e chegamos lá perto das 8 e pouco. Do nada apareceram dois brasileiros que estavam na praia, e nos levaram para a residência deles... Havia 11 de nós, mais um que viria à noite, e já havia 5 que tinham vindo de Besançon (além dos 20 tradicionais de Royan). Foi uma bagunça para achar lugar para todo mundo (eu rapidamente peguei uma cama), mas tudo se resolveu... Fui visitar a cidade rapidamente para conhecer o terreno (e comer algo porque estava morrendo de fome), e saímos.

O esquema de discoteca lá é um pouco diferente. Para ir a alguma delas, é necessário pegar um ônibus e que voltemos de ônibus às 5 da manhã. Tudo é de graça... Até a entrada, que era 50 francos, acabou saindo de graça. O cara da entrada acreditou quando eu disse “Carrel”, que é o centro de línguas onde eles estudam lá em Royan. O lugar era bem legal, mas muitos de nós estavam cansados (eu não tava), e ficaram meio parados. Eu fiquei dançando lá... Só que tinha homem demais, e todos sabem que homem demais em algum lugar nunca dá muito certo... vi vários princípios de desentendimento. Em particular, houve um meu. Um baixinho, abusado pra caralho, ficou me empurrando. Eu, não satisfeito com a situação, empurrei ele de volta (sempre com a técnica de empurrar dançando, como se não estivesse prestando atenção). Ele do nada me coloca a mão no ombro e reclama (em algum dialeto de francês que eu não entendo). Eu virei com a cara mais feia que eu posso (e olha que com a minha cara feia, isso deve ser horrendo), e só não meti a mão na cara dele porque a garota de Royan que tava perto me puxou... Que cara abusado! Até saí para tomar um ar... As coisas lá dentro eram caríssimas (eu nem bebi nada, tudo era mais de 50 francos...) mas era legal... Tirei fotos da galera destruída no final da festa (sempre tem aqueles que bebem demais... alguns beberam uma garrafa de whisky sozinhos...). 5 da manhã, todo mundo no ônibus, dormindo... que cena bonita... hehe. Como aqui na França não existe jeitinho, a gente teve que andar até a residência, que era um pouco longe do ponto final de ônibus.