quarta-feira, novembro 14, 2001


Dia 31/10/2001

Acordamos cedo para tomar o café da manhã ilimitado... Aliás, cedo demais, porque chegamos antes de todo mundo. Foi só assim que a gente viu o estrago que causamos quando comemos em um café da manhã livre... Cada um pegou pelo menos umas 5 fatias de pão, eu acabei com metade de uma jarra de suco e eles com metade de outra, mais um monte de queijo... É uma festa. Mas eu tinha pago bem por isso...

Tínhamos mudado um pouco de planos dado esse nosso probleminha com o carro. Iríamos visitar mais alguma coisa de Budapeste, e na hora que abrisse a embaixada do Brasil poderíamos ligar para lá e perguntar qual era a história direitinho... Afinal, o cara da locadora contou uma história que estava dando problema com a carteira de motorista americana, e realmente, eles têm 50 carteiras diferentes, uma por estado, e os guardas com certeza criam problema... Mas com a do Brasil? Sendo que no Frommers estava dizendo que não precisaríamos de uma internacional?? Bem, era ouvir para crer.

Pegamos o metrô e fomos para uma famosa casa de banhos lá de Budapeste, o Géllert. É um grande hotel que tem também uma casa de banhos para homens e para mulheres. Assim, não há aquela história tipo no outro lugar de ter dia para homens e outro para mulheres... Não era tão mais caro em relação ao outro... Ainda pagamos para cada um ainda, além da entrada na piscina, uma massagem... Era para relaxar mesmo, e para esbanjar um pouco de dinheiro... (felizmente ainda estava sobrando nesse momento da viagem). Alugamos uma cabine para que nós três deixássemos nossas coisas, e colocamos uma roupa de banho e tal... A piscina era normal, com um monte de velhinhos nadando fazendo voltinhas bem devagar... Essa água não estava tão quente não, como dizia o guia... cadê as águas termais?? Segundo o cara que cuidava das cabines, era melhor a gente fazer a massagem antes e depois entrar na piscina, já que era mais demorado esperar pela massagem e tal... Fomos lá. Entramos em uma área que seria só para homens, e logo vimos por que: os que estavam recebendo massagem estavam todos pelados... Entramos por lá, e até alguns que faziam massagem estavam só com uma toalha enrolada. E ainda tinha uns que ficavam andando entre as piscinas termais (ah, finalmente) e as duchas ou pelados, ou só com uma tanguinha horrível que só tampava a parte da frente, mas que deixava todo o resto de fora... Era muito engraçada a situação... Mandaram a gente tomar uma ducha antes de fazer a massagem, e assim o fizemos. Sentamos em um banco lá esperando, e eu acabei ficando por último. Os outros dois foram chamados e entraram lá em uma sala... Eu fui chamado para o outro lado, e tive uma massagem diferente, em uma cama de plástico: o cara jogou água quente em mim, e ao invés de óleo ele usou sabão mesmo. Foi muito legal e tal. Depois de acabada a massagem, tomei outra ducha e entrei na piscina de 38 graus... A gente ficou lá relaxando (os outros chegaram depois)... Ah, que vida difícil de bolsista... Não agüentei muito mais tempo lá porque estava ficando quente... Aí fui para uma de 34 graus, que estava bem melhor e tal... Depois rolou uma ducha, e finalmente eu entrei na piscina só para constar... A água estava muito fria, em comparação com as outras duas piscinas... Mas tinha que dar uma voltinha pelo menos... A gente saiu, tomou um banho, estava tudo tranqüilo, mas eu queria pelo menos tirar uma foto lá de dentro. Não da parte que todo mundo estava pelado, claro, mas da piscina, que tinha umas colunas em volta muito legais ainda... Eu entrei com as três máquinas, com tocas de banho em volta dos meus dois pés (o cara me mandou fazer isso porque eu não podia entrar de tênis), e tirei três fotos iguais...

Saímos de lá e entramos no metrô. De lá ligamos para a embaixada. O Ivan falou com um baiano, chamado Jorge (a gente tinha que lembrar do nome dele depois para saber em quem jogar a culpa das informações que ele nos deu). Ele falou que realmente a nossa carteira não era válida, mas que os guardas geralmente pediam passaporte só, e que não teria problema... Que sempre poderíamos conversar com o guarda... Eu não caí muito nessa, mas sabe como é baiano... Tudo bem, o que eu posso fazer... Iríamos pegar o carro mesmo então... Partimos, claro, para a locadora, onde acertamos os papéis direitinho e pegamos um Corsa quatro portas. Fomos ao hotel, pegamos as tralhas, jogamos tudo dentro do carro e partimos em direção ao sul. A estrada era uma porcaria, com vários caminhões, um trânsito infernal. Várias vezes ficamos andando a 60 por hora no máximo... A galera só ia fazendo merda na hora de ultrapassar... Tava até meio perigoso, mas conseguimos chegar sãos e salvos em Pécs (pronúncia é algo como Pitch, mas não adianta tentar que nunca vais conseguir falar direito).

Pécs é uma cidade muito bonitinha, pequena, e com uma praça central como todas as outras. É até meio estranho saber que só nessa cidade existem três pontos que constam no patrimônio mundial da UNESCO. Bem, não visitamos realmente nenhum deles... Fomos à praça principal, onde tem a estátua de um general que foi um dos grandes personagens durante a guerra da Hungria contra os Turcos. Ali perto havia um escritório que dava informações aos turistas, e eles nos deram um mapa de Pécs com os pontos turísticos. Na praça mesmo havia uma mesquita que depois que os turcos foram expulsos foi transformada em igreja. Infelizmente, ela só ficava aberta duas horas por dia, e como a lei de Murphy diz, não tinham nada a ver com as horas que estaríamos na cidade. Segundo os guias, um bom museu seria o museu de porcelana... Fomos andando até lá.

O museu fica em uma casa que realmente não se dá nada por ela. Subindo a escada chegamos a uma pequena sala onde uma velhinha recebia o dinheiro... O legal é que todo o museu é comandado por velhinhas. Eu achei isso impressionante. Era irrisório o preço que pagamos pelo ingresso... Entramos no museu e começamos a olhar. Eu realmente não dava nada por aquele lugar, principalmente porque eu não tinha lido nada a respeito. Acho que aí moram os melhores momentos de uma viagem: a surpresa da descoberta. O museu era sobre as obras de uma família chamada Zsolnay (acho). Eles dominaram técnicas de fazer porcelana durante uns 50 anos, ganhando todos os prêmios internacionais que podiam... Logo na entrada já mostram que eles ganharam medalhas em quase todas as edições da Feira Mundial, que era sediada em vários lugares do mundo... E realmente, vendo a princípio, era muito legal o trabalho deles. Havia quadros feitos de porcelana, ou molduras... ou os dois... Só que eu ainda não tinha visto o resto. Havia várias salas, mais ou menos organizadas em ordem cronológica, onde tinha uma coisa mais linda que a outra. É até indescritível a qualidade das coisas que estavam expostas lá... Ora havia coisas que não dá para descobrir como um cara poderia fazer, ora eram vasos simples, mas que tinham um detalhamento no desenho ou nas cores que era de cair o queixo... Uma das coisas mais impressionantes são os vasos com uma cor e que o reflexo é de outra cor... Achava que isso só era feito em programa de computador... E era de verdade. Um rosinha que tinha o reflexo roxo era muito show. Só que não podíamos tirar fotos (e eu não achei cartão postal com ele depois...). Uma parte do museu era cuidada por uma mulher que ficou empolgada com a gente. Tão empolgada que resolveu querer explicar algumas coisas mas, tadinha, não sabia falar inglês também... Aí ela meio que explicava com gestos, com palavras em húngaro e em várias línguas (não me pergunte quais que na hora eu estava com meu cérebro em alto funcionamento para decodificar a fala dela). Foi até divertido. Ela mostrou vários detalhes da casa mesmo que eram feitos em porcelana... Havia a soleira da porta, o candelabro, várias coisas feitas em porcelana e que se misturavam com o ambiente e eu não teria reparado... Chegando ao final da exposição, ainda tinha alguns objetos pessoais da família, e alguns quadros mostrando a história da família e da fábrica de porcelana.

Depois disso ficamos andando pela cidade um pouco mais para visitar o que daria para entrar... Fomos até uma igreja onde tem uma cripta (que está na lista de patrimônios mundiais), mas acabamos não entrando... Na frente havia mais uma cripta (mesma coisa), e o terceiro até hoje a gente está procurando. Há também uma estátua de metal (que parecia o Romeu fazendo uma declaração para Julieta, mas não sei o que ele estava fazendo ali), e depois de um parque (que tinha um monte de namorados... que bonito...) tinha uma pequena torre medieval, onde tiramos umas fotos... Voltamos e fomos passeando por uma rua só de pedestres onde ficava o comércio, e paramos quando o Daniel gostou de umas roupas para mandar para a irmã dele... Depois disso só deu tempo para passar em um mercado antes que ele fechasse, comprar um monte de pão, salame, queijo e suco, e voltar para o carro. Decidimos então acampar só perto do lago Balaton, e então jantamos ali no carro mesmo... Foi mais uma farofa, dessa vez regada a suquinho, que foi bem melhor. Pelo menos estávamos estacionados em um lugar discreto, em uma ruazinha onde só passavam alguns pedestres, e não foi tão ruim assim... Com a barriga cheia, entramos no carro e partimos. O dia não estava tão legal... Era dia das bruxas, como todos sabem. Quase sofremos um acidente com um velhinho que virou de repente na estrada, mas nada de grave... A atmosfera tava meio pesada, talvez porque estivesse de noite e a gente estivesse andando por lugares não muito habitados... Mas finalmente chegamos em uma cidade onde achamos um camping. Só que esse estava fechado. Na verdade não bem fechado, porque eu entrei, usei o banheiro, vi que não tinha ninguém e voltei. Não gostei muito de ficar andando no escuro assim, mas não aconteceu nada mesmo. Voltamos pro carro e fomos andando direto para uma cidade do lado onde poderia ter outro camping... Chegamos lá alguns minutos antes de fechar o portão... O cara com um inglês sofrível (será que acharemos alguém que tenha um inglês bom?) falou que poderíamos acampar, ali do lado do portão, e pegou a carteira de estudante do Daniel como garantia... Como era do lado do portão a gente resolveu só armar uma barraca mesmo e colocar os três dentro... ficava meio apertado, mas era a vida... Até poderia esquentar um pouco mais, quem sabe... Foi uma dificuldade para colocar os ferrinhos, mas depois de acordar meio camping dando porrada neles com uma madeira a gente conseguiu um resultado mais ou menos satisfatório... Depois do banho quente, pulei pra dentro da barraca... Ficou realmente apertado com os 3...