quarta-feira, novembro 14, 2001

Dia 25/10/2001

Acordamos bem cedo para pegar o café e aproveitar bem o dia. De novo acordamos todo mundo (dessa vez o senhor estava lá também), mas pelo menos o senhor foi tomar café logo, enquanto que a australiana ficou dormindo. Não entendo como alguém pode ir para Praga e ficar dormindo até tarde... Eu gostaria muito de ficar aproveitando todos os dias ao máximo... O café não era uma coisa maravilhosa mas alimentou bastante até o almoço pelo menos.

Hoje era o dia de atravessar a ponte (de novo) e visitar o outro lado da cidade, juntamente com o castelo. Antes disso passamos pela pracinha do centro de novo, e tiramos várias fotos com o tripé (o quarto elemento da nossa viagem, que tirava foto de nós 3), sendo que fizemos um 360 graus de todas as construções com arquitetura diferente. Logo depois vimos finalmente o relógio funcionando. Enquanto esperávamos a hora (dessa vez ficamos mais de 15 minutos lá, porque eu não queria perder de novo o horário) ficamos conversando em português. Umas garotinhas, que deviam ter seus 12 a 14 anos ficavam olhando pra gente não entendendo nada e rindo. Aproveitei para ficar sacaneando elas, falando em inglês e elas não entendendo nada (acho que só os adultos de Praga sabem falar inglês... e muito bem, fiquei até surpreso com a quantidade de gente que eu conseguia me comunicar). Uma caveirinha começa a se mexer e a bater o sino, enquanto as outras figuras se mexem um pouco (nada mal para um relógio tão antigo!!) e enquanto isso duas janelinhas se abrem e ficam passando imagens de santos por elas... Bem interessante. Depois disso resolvemos subir na torre onde fica o relógio, para ter uma vista de cima da cidade (segundo o guia, era interessante). Pagamos e fomos de elevador até o topo. Realmente, a vista era bem interessante, com toda a praça de cima, as torres, as casinhas, o castelo ao longe...

Finalmente chegamos à ponte Charles IV (com direito a uma estátua do rei no começo da ponte), com suas várias estátuas de santos dos dois lados (que são réplicas, já que a ponte foi destruída muitas vezes... Algumas originais ainda existem, mas eles não deixaram na ponte e colocaram cópias). No meio da ponte há vários artistas que ficam pintando aquarelas de paisagens de praga, alguns que fazem caricaturas das pessoas... Tudo como uma verdadeira cidade turística. No meio do caminho encontramos duas brasileiras que estão morando em Londres (é, a gente precisa aprender a falar mais baixo...), e enquanto estávamos conversando com elas chega mais um casal do Rio Grande do Sul. Brasileiro continuando sendo uma praga se espalhando pelo mundo. Depois de alguns minutos de atraso, continuamos a andar pela ponte para chegar do lado onde iríamos visitar. Antes de realmente acabar a ponte, ainda subimos em outra torre que ficava no final da ponte, para ver de novo a paisagem. Dessa vez não tinha elevador (escada que não acaba mais) mas tinha uma pequena exposição sobre a história da ponte (suas várias destruições, construções...) e algumas coisas que restaram das antigas pontes. A vista já não era tão interessante, mas vendo o pessoal passando pela ponte de cima foi bem legal.

O dia tinha sido reservado para seguir o walking tour do Frommers por aquela parte da cidade. Andamos por ali, com vários prédios que o guia destacava arquitetura ou importância histórica, mas não tinha nada demais. Depois de a gente se perder um pouco para continuar o caminho descrito no guia, encontramos uma pequena igreja. Entramos nela e começamos a andar. Eu estava meio cansado (continuava um pouco doente, mas estava melhorando) e sentei logo no último banco. Enquanto isso o Ivan e o Daniel continuaram a observar a igreja e eles pararam em um dos pequenos altares laterais. Eu fui lá olhar e, para minha surpresa, quem eu encontro: o famoso Menino Jesus de Praga. Eu lá estava lembrando que eu estava em Praga e ligando com esse fato! E ninguém tinha me avisado nada, lógico. Foi legal a surpresa, e ficar tão perto de um alvo de orações do mundo inteiro... Continuamos para ver um museu que ficava em cima, com várias roupinhas do Menino Jesus (parecia até uma barbie, de tanta roupinha e apetrechos, com fotos de freiras vestindo a pequena estátua...). Depois passamos pela sacristia para sair, e quando estávamos indo para a porta um padre nos parou (porque éramos 3 só...). Ele perguntou de onde éramos em inglês, e quando a gente falou que era do Brasil ele abriu o sorriso e falou um português meio ruinzinho. Ele é um padre que vai para umas missões na África e que conhece vários padres que estavam em missões no Brasil também... Ficamos um pouco lá falando e recebemos vários santinhos do Menino Jesus, com a oração atrás escrita em português... Enquanto isso chega mais um cara de Minas, médico, devoto do Menino Jesus, que queria se comungar com o padre e deu um bolinho de nota de 100 dólares pro padre para ajudar a igreja (como se fosse 1 real...). Na hora que a gente disse que ia embora o padre não deixou a gente ir antes de nos dar um presente em troca de nossa distribuição dos santinhos: uns desenhos de pássaros, muito bonitos, feitos com asas de borboleta. Era o pessoal das missões da África que os tinha feito (tadinhas das borboletas)...

Saindo da igreja continuamos na direção do castelo, mas parando várias vezes para tirar fotos... Fomos até um mosteiro lá em cima para ter uma das melhores vistas de cima da cidade. Depois disso visitamos uma igreja barroca no meio do caminho, e finalmente chegamos ao castelo. Logo na entrada haviam os guardas que não se mexiam (e eu tive que ir lá do lado dele para ver se não mexia mesmo... Mas vi que ele fica mexendo o olho... Isso não vale!). Entramos no castelo, passando pelas partes utilizadas hoje em dia pelo governo da República Tcheca (o presidente mora e trabalha em uma das alas) e praticamente fomos direto à igreja central. Uma igreja muito bonita, com vários mosaicos na parte de fora, mas cuja frente estava passando por reformas (sempre tem algum andaime nas construções que a gente vai visitar). Comprei o ticket combinado que dava direito a ver todos os museus de dentro do castelo, incluindo uma visita à torre da igreja (mais escadas! Aliás, muito mais escadas! Mas uma vista bonita, apesar de ser uma das piores das que a gente viu hoje...) e uma visita à uma parte da igreja que era fechada para quem não tinha pago e uma cripta com os restos mortais (se é que há alguma coisa ainda hoje em dia) de vários antigos reis... Outros museus incluíam o antigo castelo, que servia de moradia para os antigos imperadores da região, uma pequena basílica que guardava ossos de pessoas importantes (que não posso dizer quem são porque minha memória também não é assim tão boa), além de uma torre onde um dos reis queria transformar chumbo em ouro (e não conseguia, não sei porque) mas que foi transformada em um pequeno museu... Muitas das coisas não tinham explicações em inglês, tendo só em tcheco mesmo... Isso fazia a visita ficar um pouco mais difícil...

Continuamos o walking tour até o final, até passando por uma pequena casa onde Franz Kafka tinha morado durante uns 20 dias (ó que importante!), e por uma loja de cristais (muito legal! É uma das especialidades da região! Tem coisa em cristal que eu não acreditava que podia ser feito...). Tudo isso em uma pequena rua que era chamada rua dos ourives, porque era onde essas pessoas ficavam na época que era realmente utilizado como um castelo. Agora são várias lojinhas de souvenirs... A saída do castelo também era lotada de pintores com aquarelas (algumas até originais segundo eles falavam). Pensei em comprar uma, mas fiquei com medo de destruir tudo durante a viagem...

Só faltava uma coisa que eu não tinha visitado: a praça Venceslau, que é onde aconteceram várias revoluções na cidade, incluindo a Primavera de Praga em 1968 contra o comunismo. Foi uma pena só ter conseguido chegar lá de noite (além de anoitecer cedo, eu estava um pouco longe...). As luzes tinham começado a se acender quando chegamos lá, e esperamos para poder tirar uma foto com elas... Como sempre minhas fotos a noite ficam borradas (acho que eu fico tremendo de frio... Não consigo segurar a câmera quando ela tem um tempo de exposição maior...).

Tínhamos decidido jantar no mesmo lugar do dia anterior. Era um lugar que a gente comia muito bem e por um preço muito em conta. Maravilhas de Praga. Pedimos de tudo de novo... Pães com uns queijos malucos, um prato principal gigante (pra mim veio quase um frango inteiro...). Só que dessa vez tivemos um pequeno problema com a conta. A gente estava meio com dinheiro contado para pagar a conta, já que não queríamos pagar no cartão de crédito e não queríamos sacar de novo (são 3 euros de taxa fixa...). Dessa vez eles cobraram o couvert (?), cobraram 2 vezes o vinho e ainda por cima a taxa de serviço estava mais de 20%! Quando eu chamei o cara que mais sabia inglês e quem havia nos dado a conta, ele rapidamente tirou o vinho que ele cobrou duas vezes, mas ele simplesmente mudou o preço final... Ou seja, ele não arrumou o serviço cobrado em cima do vinho que ele tinha tirado. Além disso a gente não queria pagar o couvert, já que a gente não sabia que ele era tão caro (e aí não teríamos dinheiro líquido para pagar a conta). Veio um outro cara mais babaca ainda, que não sabia nada de inglês, para me dizer que o couvert tava certo porque ele era mais barato do que a gente pagaria em outros restaurantes... É uma dificuldade se comunicar com um cara babaca, que queria criar problemas, e que não sabe a sua língua e nem inglês... Eu fiquei muito puto com o cara, mas tivemos que pagar no cartão (o Daniel se ofereceu para dar o número naquele fim de mundo) e sair dali... Tentei não deixar isso estragar o dia.

Para fechar a noite, fomos a uma discoteca que tem como propaganda ser a maior discoteca do leste europeu (a do lado da ponte) por algumas horas, já que 5 da manhã deveríamos estar acordados... Realmente ela era muito grande, com bilhões de ambientes diferentes (eu achei 3 pistas, mas tinha mais uma eu acho, além de vários barezinhos). Foi muito interessante ver a quantidade de turistas lá (acho que não tinha muitos locais não...). E alias foi legal ouvir lambada brasileira de novo (a mesma música que tocou no nosso weekend de integração), em Praga! Bebemos umas duas cervejas, e fomos pra casa umas 2 da manhã... Frio pra caramba, e para dormir por umas 3 horas...