quarta-feira, novembro 07, 2001

Dia 21/10/2001

Esse último dia em Barcelona começou tarde porque eu deveria ter acordado cedo e esqueci de colocar algum despertador. Eu deveria tê-lo aproveitado mais e não aproveitei. Quase não adiantou eu tentar falar portunhol com o cara da estação de trem de Barcelona perguntando se eu deveria ir lá para trocar o horário da minha passagem (que era para sair de manhã e eu queria ficar mais tempo lá) ou se eu poderia ir sem problema às 5 da tarde. O cara me disse que não teria problemas, e lá estava eu, 11 horas da manhã, acordando. Poderia ter visitado muita coisa. Acordei e falei com o Sérgio e a Lúcia para sair e tomar café. Depois eles queriam assistir uma missa na Catedral e eu fui com eles para dar uma andada pelo bairro gótico. Na frente da Catedral, novamente, havia vários grupos de velhinhos (nessa hora não havia tantos jovens quanto na noite passada) dançando, e eu fiquei observando a catedral também, que era muito bonita. Passei também por uma praça de Sant Jaume onde tinha o Palau de la Generalitat (que eu não sei exatamente o que tem lá, mas sei que é um ponto turístico). Depois voltei para a Catedral e fui para o hotel onde me despedi dos dois, dizendo que eu iria para La Pedrera visitá-la nesse tempo livre que eu tinha ainda e depois ir embora. Deixei a minha mochila no quarto deles (eles me deram a chave para que eu pudesse chegar, pegar as coisas e ir embora na ausência deles) e fui para lá.

La Pedrera é uma casa gigante projetada pelo meu grande amigão Gaudí, como eu já havia dito. Nada lá é reto. Nem mesmo os corrimões da escada. Nem o teto, e nem as paredes. Isso é meio estranho a princípio, mas depois que você vê tudo torto você acaba se acostumando. De qualquer forma eu entrei, porque o preço de uma entrada de estudante com o desconto que eu ganhei por ter utilizado o ônibus turístico era enorme... O último andar é um museu sobre várias coisas de Gaudí, sobre várias de suas obras. Há várias apresentações multimídia das construções, entre elas a própria casa, a Sagrada Família, o parque Güell e muitos outros... Há também maquetes, e alguns vídeos mostrando como foram feitas as construções, modelos em computação gráficas de alguns dos prédios, essas coisas. Há também uma demonstração da técnica que ele utilizava que eu descrevi no outro dia, com o espelho embaixo mostrando exatamente como ficaria a cúpula... O cara era um gênio se foi ele que inventou aquilo. O terraço era um show à parte. Nada lá era reto (por que seria?) e tinha várias esculturas estranhíssimas. Junta-se a isso o fato de que havia um monte de pássaros em exposição lá, que deixava ainda mais estranho... Não dava para imaginar alguém morando em algum lugar desse.

O andar de baixo era uma exposição sobre a Espanha no último século, com vários utensílios utilizados, como geladeira, bomba de gasolina e muitas outras coisas. Eu passei rápido por essa exposição e pela próxima, um apartamento todo mobiliado como na época de Gaudí, que ficava no andar de baixo também. Lá também era interessante, com móveis, roupas, brinquedos (no quarto de crianças) da época... E, por último, em um salão de exposição que era gratuito para o público havia uma exposição de pinturas sobre o amor e a morte (ótimos temas, aliás), que eu dei uma passada rápida. Sempre tinha várias explicações sobre cada uma das pinturas, mas eu não estava mais com tempo, infelizmente, de checa-las uma a uma. Outro fato importante é que meu catalão não estava muito em dia.

Cheguei no quarto de hotel para pegar as minhas coisas e acabei encontrando os dois novamente. Eu achava que não iria mais vê-los, mas pelo menos ofereci meus donuts que eu havia comprado (donuts são maravilhosos!!) e que não iria agüentar nem a porrada. Era mais barato comprar 6 que comprar só os que eu queria. E, finalmente, fui para o metrô para me dirigir à estação. Felizmente no caminho até lá nada de ruim aconteceu, não me perdi nenhuma vez, e assim consegui pegar o meu trem.

Antes de entrar no trem eu fui vendo que havia vários franceses de Toulouse na mesma situação que eu (isto é, perdidos), e que não sabiam muito bem como fazer para voltar porque era a primeira vez. Isso me deixou muito mais confortável, porque se algo desse errado eu não seria o único a estar indo para Paris sem querer. Mas a viagem foi tranqüila e a gente chegou sãos e salvos a Toulouse depois de trocar de trem uma vez. Tive que esperar o bus de nuit da meia noite para poder voltar para casa, e fiquei muito feliz (apesar de ainda não gostar do meu quarto) de ver minha cama. A única coisa que eu consegui fazer antes de dormir foi olhar minhas fotos de viagem.