Dia 20/10/2001
Acordei até meio cedo para quem estava viajando. Às 9 horas eu já estava acordado, mas fiquei no quarto até me ligarem para tomar café. Era o último dia inteiro e com as lojas abertas que os dois iriam ficar lá, e por isso tiraram a manhã para comprar as lembranças e coisas do estilo. Eu saí com o Sérgio para comprar algumas das coisas enquanto a Lúcia foi para outro lado. Dividir para conquistar. Fomos só comer um pão com café (eu não tomo café, preferi tomar suco mesmo) e depois ficamos passeando pela cidade. Havia bilhões de pessoas nas ruas.
Fomos a uma loja de alpargatas muito antiga pelo que eu vi. Havia reportagens da loja em vários jornais (o próprio dono nos mostrou uma pasta com recortes e fotos da loja em várias épocas), e ainda por cima deu uma explicação de como é feita a alpargata. Ainda disse que as mais caras eram feitas à mão por ele mesmo ou pelo pai dele (o cara já era bem velho... fico imaginando o pai dele), e eram muito bonitas. Eu só fiquei lá para ver enquanto o Sérgio comprava algumas. Depois rolou um passeio pela cidade para encontrar uma loja de perfume na qual eu quase destruí o meu nariz cheirando perfumes. A loja se chamava Zaphora (acho que é isso) e era enorme. Acho que é uma das maiores do mundo (é a maior cadeia com certeza. Dizem que a loja da mesma cadeia na Champs-Elisées é muito maior). Acho que as mulheres fariam a festa lá. Ainda bem que não sou uma, e só fiquei testando. Aliás, nem fiquei só testando. Eu comprei um perfume, mas o Sérgio não deixou eu pagar...
Depois de mais um cafezinho (eu bebi um chocolate quente mesmo) e comer uns torrones (os torrones de lá, de vários tipos, são maravilhosos!), rolou um encontro com a Lúcia novamente no hotel para que pudéssemos pegar o ônibus turístico (com a parte de cima aberta) que nos levaria para visitar todos os pontos possíveis de Barcelona... Entramos no ônibus (indo para cima, obviamente), e fomos passeando.
Passamos primeiramente por umas casas projetadas por arquitetos muito doidos, dentre eles o Gaudí. Aliás, várias das coisas das quais eu vou falar foram projetadas por esse cara. Ele era o mais maluco de todos. Depois o ônibus passou pela frente do ‘La Pedrera’, que foi uma casa também projetada pelo dito cujo, e que não parece ter uma linha reta. Ela é toda torta. Eu falarei dela mais tarde porque hoje eu só passei por ela mesmo, de ônibus... Portanto foram praticamente 5 segundos de visão da casa.
Depois de passar por vários outros pontos menos importantes (porque não tinha nem parada do ônibus por lá), chegamos a uma pracinha que fica na frente da Sagrada Família. Só a visão inicial já assusta. É uma construção enorme, com 8 torres já construídas (segundo um dos papéis que eu li sobre ela, eram 18 torres no projeto original), sendo que várias outras partes continuam a ser postas em pé, e acham que os trabalhos vão durar vários anos ainda... Gaudí não viveu para ver sua obra-prima ficar pronta, segundo várias pessoas dizem. Entramos por uma das portas (do nada Barcelona ficou com um céu fechado, e exatamente na hora que entramos deu uma chuva bizarra) que era o portal da crucificação. Desse lado as estátuas são todas angulosas, sinistras. Há várias estátuas em cada fachada mostrando várias cenas da vida de Cristo. No caso dessa fachada, obviamente, são coisas relacionadas com sua morte. Na outra fachada já pronta, que fica do outro lado, ficam as cenas relacionadas com o nascimento de Jesus. Já nessa parte as estátuas estão muito mais humanas, expressivas... Dentro do templo da Sagrada Família já há algumas colunas construídas há pouco tempo, com materiais que parecem ser diferentes dos materiais utilizados nas primeiras fases... Há também um elevador para subir até as torres de uma das alas no qual eu subi. Lá em cima há pouca coisa realmente a se ver, porque as janelas são pequenas e não há outras construções muito perto dali... Algo que se dá pra ver são outras torres e só. Não aconselharia muita gente a subir, a não ser que seja para dizer que subiu. Fora também há alguns quadros mostrando como eles estão fazendo agora, com o auxilio do computador, o resto da construção. Hoje em dia há modelos matemáticos mostrando como vai ficar a torre depois de pronta, mas na época do Gaudí isso não era acessível. Por isso ele utilizou uma técnica muito interessante, que foi explicada melhor na Pedrera, mas ali havia já alguma coisa disso: Ele, utilizando pesos pendurados por cordas, sendo que os pesos simulavam exatamente o peso que a estrutura iria suportar, construía com essas cordas a cúpula, por exemplo, de ponta cabeça. Para ver como estava ficando a cúpula ele utilizava um espelho no chão, que mostrava como ficaria a cúpula vista de cima. É meio difícil de explicar em texto assim, mas quando se vê a foto de como funciona o negócio fica muito mais fácil. Eu tirei uma foto disso no último dia de Barcelona. No museu havia também fotos do quarto dele na Sagrada Família (na verdade era um cantinho sujo que ele chamava de quarto...) e pedras e desenhos originais do projeto, além de outras informações sobre Gaudí. Provavelmente alguém que vir minhas fotos vai perceber o quanto eu gostei desse lugar...
Depois de sair da Sagrada Família rolou um almoço com comida caseira pertinho dali. Acho que foi uma das melhores refeições que eu já comi até agora. Talvez porque eu estivesse com um pouquinho mais de fome do que o normal. Depois de alimentado, pegamos o ônibus novamente (é tipo uma linha que fica passando a cada 10 minutos) e fomos em direção ao parque Güell. A porcaria do ônibus de turismo deixa a gente um pouco longe do parque, e ainda por cima lá embaixo... A gente tem que subir um bom morrinho para poder chegar lá. O parque é uma outra doideira de Gaudí, que foi patrocinada pelo tal Güell, que pensava em pegar o parque e fazer tipo um condomínio, vendendo casas nesse parque, e ainda por cima vendendo para o governo algumas para servirem de edifícios públicos. A população da época achou tão louco o lugar que ninguém quis comprar, e o Güell foi doado ao governo de vez, virando atração turística. Pode-se notar muito bem nesse parque, bem como em todas as outras construções dele, que ele não gostava muito de linhas retas. Logo na entrada há alguns prédios totalmente tortos, e ainda por cima tem um réptil (que é vendido em tudo quanto lugar, até na versão de anti-stress) todo colorido... Há um lugar chamado ‘sala das 100 colunas’ onde nenhuma está completamente reta (isso segundo o guia). Subindo no parque há um mosaico gigante (considerado o maior do mundo) em volta de uma pequena praça (acho que seria uma praça pelo menos se o parque tivesse servido a alguma coisa)... Como havíamos comprado o ingresso de entrada combinado para entrar na Sagrada Família e na casa do Gaudí no parque, entramos na casa dele. Lá há vários móveis que também foram projetados por ele (o cara era um Bombril) e quadros e móveis da época dele também...
Depois subimos no ônibus e partimos. Há na verdade duas linhas de ônibus turísticos, que se cruzam em alguns pontos, e que cobrem juntos dois lados da cidade. No próximo ponto de cruzamento eu e o Sérgio descemos para poder dar uma olhada no outro lado da cidade. Passamos por alguns lugares muito legais, como por exemplo a Plaça d’Espanya, de onde dá para ver o chafariz que fica na frente do Museu de Arte da Catalunha (onde também tem outros prédios que sempre servem para exposições... por exemplo, estava tendo uma exposição sobre piscinas). Depois subimos uma montanha e passamos pela frente do estádio olímpico (das olimpíadas de Barcelona) e pela fundação Joan Miró (onde eu realmente não teria tempo de entrar, apesar de querer...). Passamos pelo porto velho também (onde tinha as discotecas), pelo mirante do Colombo (que fica sempre apontando para as Américas e onde a gente pode subir para ter uma vista da cidade) e pela vila olímpica. E, finalmente, passamos pelo bairro gótico, onde há a Catedral. Descemos um ponto antes da praça da Catalunha para poder dar uma passada por um monte de gente que estava reunido na frente da catedral e, assim, descobrir o porquê. Havia vários grupos dançando a sardana, que é a dança típica da região, e que foi proibida por Franco para tentar acabar com a cultura local mas não conseguiu... Segundo o que li sobre a cidade toda hora tem alguém dançando a tal da sardana por ali.
À noite rolou um super jantar, que seria o jantar de despedida da viagem deles, e acabou que eu entrei no negócio também, mesmo achando que não seria exatamente o meu lugar... Mas como me convidaram, quem sou eu para rejeitar. O jantar saiu super caro, mas eu comi muito bem. Tomei whisky com limão (tem um nome mas eu na minha cultura de uma criança de 2 anos não lembro) que parecia caipirinha, e depois bebi vinho (boa mistura hein!). A única coisa que eu entendi do cardápio era frango, e acabou que era frango caipira mesmo. Esse foi meu prato principal, juntamente com umas batatas. A entrada tinha sido um outro macarrão com molho de soja e outras coisas, que estava maravilhoso (e veio bastante ainda...). Ainda comi de sobremesa um sorvetinho com canela, que estava muito bom também... Voltei para casa feliz e contente, e dormi assim que deitei.
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