Dia 23/10/2001
Paris. Sempre uma cidade interessante. Chegamos de manhãzinha, com todo mundo acordado pela porcaria do conducteur do trem, dizendo que tínhamos chegado em Paris mas ainda demorou mais de 20 minutos para realmente chegar na estação. Eu poderia ter dormido mais. Além disso, estava com as dores tradicionais e mais algumas criadas pela posição horrível na qual dormi. Isso sim é viajar.
Já começamos pagando bilhetes de trem. Em Paris não tem jeito de não pagar metrô, porque as catracas são totalmente fechadas. E eu também não estava pensando muito nisso. Pegamos o metrô direto para a estação de ônibus, onde deixaríamos nossas coisas para poder passear pela cidade e depois voltar para pegar o ônibus para Praga. Lá encontraríamos o Daniel também. Chegando lá, que surpresa: o plano vigipirate dos franceses tinha desabilitado o guardador automático de bagagens de lá (com medo de que algum terrorista tivesse a idéia maravilhosa de colocar uma bomba dentro dele) e a gente não poderia guardar as nossas coisas lá. Quando o Daniel chegou perguntamos para alguém na estação e disseram que apenas na gare de Lyon (se não me engano) é que havia uma que funcionava, porque havia um aparelho de raios X antes de entrar nela. Vai ser paranóico assim nos EUA. Tivemos que ir para lá de qualquer maneira, porque aquilo já estava começando a ficar pesado demais. Lá não houve problema algum... Encontramos lá também um dos brasileiros que estão lá, e com ele fomos ao centre George Pompidou.
Esse lugar é um museu de arte moderna que foi construído de uma maneira diferente: os canos e estruturas foram construídos para o lado de fora, mostrando tudo. Queríamos entrar nele ou em um museu de arte oriental, mas descobrimos na porta deles que todos estavam fechados. Eles estavam fazendo greve contra alguma coisa que na hora eu nem queria saber de tanta raiva. Assim, nossas opções em Paris ficaram menos numerosas. Decidimos ir andando até a Notre Dame para entrar nela (eu não havia entrado na outra vez que estive lá, e nem lembro o porquê). Nos perdemos um pouco, e com o maravilhoso tempo de Paris (vai chover assim lá em São Paulo) ficamos um pouco molhados e com frio. Meu tênis estava um nojo, todo molhado... Quando chegamos lá na ilha onde ela fica parou de chover. Entramos na Saint-Chapelle antes porque ficava no caminho e a gente também não tinha visitado. Era uma capela construída para guardar os restos da cruz de Cristo (cuja autenticidade é duvidosa) comprados por algum rei francês de algum rei do oriente por muito dinheiro na época. Dizem que o dinheiro que ele pagou foi 2 vezes o preço da própria capela (que é bem riquinha se você a vir de perto). Só para entrar no lugar a gente passou por um raio X sinistro (esses franceses... tiraram um canivete suíço de um e um estilete do outro, pegando identidade e tudo! Será que eu mataria alguém com um estilete?) e ainda por cima acabou não entrando na capela porque era meio caro. Também nem queria tanto assim. Fomos à Notre-Dame vê-la por dentro, e ela é realmente maravilhosa. Muito grande, acabou de ser limpada por fora (é uma das poucas igrejas que eu vi que está branquinha) e o interior é belíssimo. Lá dentro tem um cartaz dizendo como ela foi construída, com uma pequena maquete mostrando algumas das cenas da construção.
Depois disso ficamos passeando de trem em Paris para chegar ao restaurante universitário onde encontramos mais um amigo do Daniel. Lá foi um dos melhores restaurantes universitários que eu já fui, com várias opções de prato principal, onde cada um você pode escolher de um a três acompanhamentos, dependendo da qualidade da comida no prato principal. Eu, como peguei uma carne grelhada com batata só tive um acompanhamento. Ao menos a carne era realmente de boi, e não era um hambúrguer, que é o que eles chamam de ‘bife’ por aqui... Foi muito boa a comida, e veio em uma boa hora, principalmente para quem não tinha tomado café da manhã.
Os dois brasileiros nos deixaram, e resolvemos ir para La Defense. Não havíamos ainda visitado o lugar porque ele é meio longe, e nos dias que eu tinha ficado em Paris eu não teria tempo de ir lá. Pegamos mais alguns tickets de metrô e fomos até lá. E não conseguimos sair da estação de primeira, porque nossos tickets não valiam para sair lá. Só conseguimos sair porque o Daniel havia pegado um ticket ilimitado de uma semana com um dos brasileiros, e esse funcionava em qualquer lugar. Usamo-lo 3 vezes (aliás, se eu começar a utilizar pronomes oblíquos durante minha escrita agora não é porque eu estou sendo pedante. É simplesmente porque isso é obrigatório em francês, e eu acho meio estranho escrever errado agora...).
Um parêntese sobre os tickets de metrô em Paris. Eles são uma merda. Esse sistema não funciona. Eles dizem que Paris é uma cidade grande, com 8 milhões de habitantes ou mais, mas essa é a grande Paris. A Paris de verdade para eles deve ter 200 mil, porque a região onde vale o ticket que eles vendem como ‘valable dans Paris’ só vale para umas 6 estações. Depois disso eu tenho que pagar muito mais porque eu estou em regiões que eles numeram 2, ou 3 (Paris é a região 1). E isso deve ter tipo uns 3 quilômetros. Vai querer roubar os outros assim lá longe. La Defense já era região 3. Devem ter feito isso porque o lugar é cheio de prédios de grandes companhias. E depois, quando fomos comprar tickets em La Defense, nem nos avisaram que era por isso que não funcionavam nossos bilhetes... Impressionante. Eu só fui descobrir isso muito depois, quando eu fiquei refletindo sobre o porquê dessas coisas não funcionarem.
Bom, continuando a história. O grande arco é bem grande mesmo, muito maior do que eu pensava. Com 100 metros de altura, e abrigando alguns escritórios (eu não sabia disso). Perto dele, vários prédios modernos, cada um de uma grande empresa francesa ou multinacional. Ficamos lá por uma ou duas horas andando (já que não tínhamos nada para fazer) e almoçamos no McDonalds. No meio tempo o Ivan ficava tentando pagar sua conta de telefone, que não tinha conseguido pagar em Toulouse, e não tinha conseguido pagar ainda por telefone também... O sistema da porcaria da France Telecom estava com problema. Visitamos também um ‘pequeno’ shopping que ficava por ali, com bilhões de lojas... Pra variar não achei meu cartão de memória, e quando achei ele estava 50% mais caro que o preço que eu conseguiria em Toulouse. E quando cansamos dessa vida difícil de turistas resolvemos voltar para a gare pegar nossas coisas, e ir para a estação de ônibus.
Finalmente fizemos o check-in sem problemas e entramos no ônibus. Só havia lugares perto do banheiro (não que isso seja tão ruim, mas sempre tem alguém que fica acordando no meio da noite para ir lá e nos acorda também). Aliás, o banheiro nesses ônibus que a gente pegou até hoje sempre eram no meio do ônibus... Eles ficam do lado da escadinha da saída no meio. Gasta menos espaço do que o banheiro nos ônibus no Brasil.
E assim começa realmente a viagem, partindo às 6 da tarde de Paris rumo a Praga. Ainda hoje paramos duas vezes, uma na França ainda para jantar e um pouco mais tarde na noite na Alemanha (onde não pude comprar nada, mesmo estando com muita sede, porque o lugar não aceitava cartões de crédito e eu obviamente não tinha marcos alemães).
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