quarta-feira, novembro 14, 2001

Dia 26/10/2001

Acordar cedo, depois de ter dormido quase nada... Não é muito interessante, principalmente quando se acorda 5 da manhã, tendo que sair o mais rápido possível, se arrumar, só que em um albergue com mais 3 pessoas totalmente estranhas no seu quarto dormindo. A australiana que a gente acordou, coitada, de novo teve seus problemas com a gente. Os outros dois, que não cheguei a conhecer, devem ter acordado também, sendo que um deles estava em um colchão na frente dos armários de metal onde tínhamos um monte de coisa. Acho que esse foi o que mais sofreu... Fizemos muito barulho, mas eu tentei sair o mais rápido possível... Os outros fizeram mais barulho ainda... Bem, não podíamos fazer nada.

Saímos correndo para chegar na estação de trem principal da cidade (era o único trecho que faríamos de trem e não de ônibus da Eurolines só para sair antes de Praga... só teria ônibus no dia seguinte) mas, quando chegamos lá, descobrimos que a nossa amiga SNCF tinha errado o nome da estação de partida, e nosso trem partiria de outro lugar... Tivemos que ficar correndo pelo metrô que nem uns malucos, com aquele peso todo, para poder chegar na estação certa a tempo. Além disso, teríamos que gastar o pouco dinheiro que nos restava, para que não ficássemos com aquela coisa inútil (pra que eu quero dinheiro da República Tcheca!). Compramos nosso café da manhã e uns refrigerantes. Acho que uns 2 minutos depois que eu sentei o trem começou a andar...

O trem era uma porcaria para dormir... Além disso, autoridades tanto da República Tcheca, para carimbar meu passaporte na saída, quanto da Áustria, para carimbar a entrada, estavam lá para me importunar. É a vida. Enquanto eu queria dormir, os outros tentavam estudar sobre Viena e a Áustria.

Chegamos a Viena por volta de umas 11 horas. Eu tive que comprar um cartão telefônico para ligar para minha amiga, Júlia, que mora em Viena e era na casa dela que iríamos passar a noite. Ela foi nos buscar lá na estação porque estávamos um pouco perdidos (apesar de ter bastante dinheiro! Nossa conta bancária vai explodir...). Depois de comer alguma coisa, fomos lá para o centro, onde ficava a casa dela. Passamos antes pela Ópera, muito bonita, e na hora uma mulher com ingressos para um concerto de Mozart nos abordou... Fiquei muito interessado no concerto, mas não era exatamente na Ópera... Era em uma casa de concertos menor que ficava ali perto... Mas mesmo assim, ficamos de voltar para ver os ingressos, já que ela disse que eram com desconto porque éramos estudantes...

Depois de deixar aquele peso todo em lugar seguro, fomos para a catedral, que fica exatamente no meio do centro da cidade (o que quer dizer que ela é o centro, praticamente). Muito bonita, com uns desenhos no teto feitos com ladrilhos... Por dentro ela era muito bonita também, mas muito cheia de gente. Era feriado nacional... Tinha outra torre na igreja, que acabamos pagando para subir de novo, mas realmente não era muita coisa. Além de ter um monte de andaime na frente, ainda não eram janelas que a gente podia ver muita coisa... Era tudo fechado... Mais uma pegadinha (e meio cara...).

Depois disso fomos andando para o Hofburn, que era o castelo de inverno dos Hapsburgs, a família que reinou a Áustria até a Primeira Guerra Mundial. Na frente encontramos outra mulher falando sobre o concerto do Mozart, mas essa nos explicou direito. A outra que estava querendo nos vender o ingresso de estudante estava mentindo... Não havia ingresso de estudante, só ingressos que ficavam muito atrás, e que eram baratos porque não dava para ver muita coisa. Só que a gente resolveu comprar do mesmo jeito porque primeiro queríamos ver o concerto, e segundo porque ela nos disse que daria para ouvir muito bem de qualquer maneira, já que o lugar tinha acústica boa... Entramos no castelo ali para vê-lo por fora, e ele tava um pouco cheio demais... Um pequeno pátio tinha a estátua da Maria Teresa, uma das rainhas mais importantes.

Quando eu falo que era um feriado nacional, eu não quis dizer um feriado qualquer... Era o dia nacional, como se fosse o nosso 7 de setembro. O exército estava lá no pátio gigante do castelo com vários veículos de guerra... As criancinhas ficavam entrando nos carros para ver como eles funcionavam, e enquanto isso estava no palquinho no meio tendo um show cover dos Beatles (muito bom, mas... ?). Tava praticamente impossível de visitar as coisas normalmente por ali... Mesmo assim, depois de ver um pouco o show, continuamos andando até onde existe o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu de História Natural, dois prédios gigantescos simétricos, voltados para uma praça onde tinha uma outra estátua da Maria Teresa (e a praça tinha o nome dela também). Quando voltamos para tentar entrar no castelo, descobrimos que ele tinha fechado (4 e meia fecha a bilheteria). Continuamos a andar, para visitar outras coisas no centro, e passamos por outras construções interessantes... Estava ficando meio tarde, e decidimos voltar para casa. Compramos comida para fazer um jantar interessante antes de ir para o concerto. Eu não queria chegar atrasado...

Depois de se arrumar bonitinho para ir ao concerto, e comer bastante macarrão, saímos um pouco atrasados. Mesmo indo correndo, nos perdemos um pouco na hora de achar o lugar, e perdemos a primeira música. Fiquei um pouco puto, mas tenho que admitir que o resto valeu a pena... Foi um dos pontos altos da viagem. Eu não sabia que iria gostar tanto de ouvir Mozart assim, ao vivo... Músicas que eu sempre escuto em CD tocadas assim são muito melhores... Os cantores ao vivo... Muito legal, eu adorei. Mas nossos lugares não eram os melhores do mundo. Só que, no intervalo, fizemos o que muitos fizeram também: saímos do nosso lugar ruim lá em cima e descemos para pegar um dos lugares que custavam 4 vezes o preço do nosso ingresso... A parte de baixo ficou cheia de repente para a segunda parte do concerto, não sei porque... A segunda parte foi mais legal ainda, com destaque para a famosa Eine Kleine Nachtmusik... Ainda tivemos duas famosas de Strauss, com direito ao regente reger nossas palmas... Muito maneiro. Passamos no caminho para casa por um barzinho para ficar conversando (e comer uns doces)... E capotamos na cama para poder acordar cedo no dia seguinte.