terça-feira, novembro 20, 2001

Dia 01/11/2001

Eu acho que não agüentei muito tempo dentro da barraca. Além de estar muito apertado e frio, o vento estava muito forte e a ?parede? da barraca estava encostando em mim. Como ela estava ainda meio úmida depois daquela chuva que ela tinha tomado na Áustria, eu já achei que não iria dar muito certo aquilo... Eu saí (não sei qual hora era) e entrei no carro mesmo para dormir. Peguei tudo que estava atrás (e tinha bastante coisa) e joguei para os bancos da frente do carro. Acho que foi a melhor idéia que eu tive na viagem. Lá dentro eu só não dormi muito bem porque eu não conseguia me esticar (as pernas ficavam dobradas mesmo), mas o resto estava tranquilíssimo. O vento estava muito forte mesmo, e todas as árvores balançavam enormemente (imaginem a barraca), enquanto que com o carro não acontecia nada... Ainda por cima dentro do carro era mais quentinho também (mesmo com a janela um pouco aberta que eu deixei). O Daniel e o Ivan depois ficaram reclamando que a barraca parecia que ia sair voando... Depois de arrumar tudo e de tomar o café (continuamos com a geléia, queijo e salame que tínhamos comprado), eu fui pagar o camping. Segundo o vigia da noite passada, tudo iria ficar em torno de 4000 florins. Só que quando eu cheguei na recepção para ver quanto era, acho que o cara lá não sabia muito inglês, e deve ter entendido que só havia uma pessoa acampando (só havia dessa vez uma carteira de estudante lá como garantia...), e me comprou 1600... Dá em torno de 40 e poucos francos isso, para os três... Normalmente a gente paga mais que isso por pessoa, até mesmo em camping... Eu nem reclamei mesmo, paguei, e fomos embora.

Agora aconteceu uma pequena discussão. Estávamos do lado de um pequeno lago de água aquecida, que até durante o inverno existem pessoas nadando lá. A água fica em torno de 28 graus no inverno (ou algo do estilo). Só que eu não queria entrar. Eu já estava meio doente, meio gripado, sem comer direito havia 15 dias, e não queria arriscar, num frio de 10 graus com vento (devia estar com sensação térmica de 0) entrar em um lago quente no meio da Hungria só para dizer que eu tinha ido, e depois morrer de pneumonia ou algo assim...O Daniel pensava do mesmo jeito, e acabamos deixando o Ivan entrar enquanto fomos encher o tanque do carro, tirar dinheiro num caixa na cidadezinha ali perto e ver o lago Balaton finalmente... Impressionante o frio que fazia... O vento penetrava até os ossos...

Começamos a dar a volta no lago através da estrada, indo em direção à península Tihany. Antes disso passamos por um pequeno castelinho que tinha uma vista para o lago. Toda vez que eu digo que algo tem uma boa vista para algum lugar, entenda-se: eu tive que subir uns 500 metros para poder chegar lá. Mais um exercício no meio do frio para chegar lá em cima. Ele está meio destruído, e eles estão refazendo várias partes dele para que ele vire um ponto turístico... Tiramos só umas fotos e descemos. Logo na descida fomos em uma pequena cave que estava ali do lado, e só tomamos um gole de vinho para experimentar... Como não era tão bom o vinho, ficamos só na degustação mesmo...

Chegamos a Tihany, uma pequena cidade que fica na península do mesmo nome, onde fica uma pequena igreja construída pelos Beneditinos também (a Hungria é cheia de relações com os Beneditinos, como direi a seguir). Visitamos a igreja, tiramos mais algumas fotos do lago, e fomos ?almoçar?. Dessa vez, ao invés de fazermos a farofa no porta-malas do carro, achamos um restaurante que estava fechado (graça ao feriado de Toussaints) e sentamos em uma das mesas da rua. Havia um vento gelado pra caramba, mas os nossos sanduíches de pão com geléia, ou queijo com salame estavam ótimos, principalmente naquele frio. Mais uma cidadezinha na beira do lago seguiu, com uma paisagem bonitinha. Essa eu realmente não lembro o nome, mas vou tentar colocar no nome das fotos ao menos...

Depois de sairmos dali, fomos praticamente direto para Panohalma, uma cidade mais ao norte, e que possui o mais antigo mosteiro dos beneditinos na Hungria (e provavelmente um dos mais antigos a estar de pé no mundo). Ele tem mais de 1000 anos, e data da criação do próprio estado Magyar (como os húngaros se chamam a si próprios). Infelizmente, chegamos um pouco tarde. Além de já estar quase escuro (era praticamente 4 e meia! Vejam só...), as visitas guiadas estavam terminadas. A visita a Panohalma foi mais arquitetada pelo Daniel, que participa de um movimento jovem em um mosteiro beneditino em São Paulo, cujos fundadores (do mosteiro, no caso) foram monges que fugiram durante guerras na Hungria e foram ao Brasil. Assim, ele conheceria algum monge de lá. Infelizmente de novo nenhum dos monges cujos nomes ele tinha pareciam estar lá para nos receber. Como já era de noite mesmo, e não deu muito certo, resolvemos procurar algum lugar para dormir na cidade e voltar lá na primeira hora da manhã. Acampar já estava fora de questão (era uma unanimidade, para ver o frio que a gente passou), e então achamos uma pensão ali perto. Acabamos ficando por lá mesmo, num quarto para 3, mais barato do que pagávamos em Budapeste, e com o café da manhã incluído. O senhor na recepção era muito engraçado, porque ele não falava nenhuma língua além do húngaro direito. A gente se entendeu em umas 5 línguas diferentes... alemão, inglês, espanhol, italiano, húngaro... foi uma bagunça, mas finalmente chegamos a um acordo finalmente. Até perguntamos do jantar... Eu e o Daniel fomos checar os preços, e eles estavam bem em conta. Descemos para jantar, levando a garrafa de vinho que tínhamos comprado no supermercado de Pécs, e jantamos muito bem. O prato, além de bonito, estava muito bom... Até sobremesa nós acabamos comendo, e nem gastamos tanto assim... O garçom nos atendeu super bem também. Assim eu vou ficar mal acostumado. Depois do vinho e do cansaço de tanto viajar, foi praticamente chegar no quarto e cair na cama, umas 9 da noite...