quinta-feira, fevereiro 28, 2002

Dia 31/01/2002

Tínhamos combinado ir a museus hoje. Claro que ninguém tem pique suficiente de ir a tantos museus quanto eu e o Daniel... Então fomos só nós ao primeiro, pela manhã: o museu Pergamo. Este é um museu com arte grega vindas da Itália, e de algumas ilhas gregas. Além disso, ele possui coisas da babilônia, de outros povos dessa parte como os sumérios e ainda tem um andar só com arte turca.

O ticket dava entrada a um audioguide. O meu infelizmente estava meio ruim, com o fone meio quebrado, mas eu fiquei com preguiça de ir lá trocá-lo... De qualquer forma dava para ouvir (só de um lado). A parte da Grécia é muito parecida com o que eu já tinha visto em outros museus, mas a Babilônia estava muito bem representada ali por um corredor de Hamurábi que eu já tinha visto em algum documentário... Parece até que eles roubaram o palácio inteiro, porque está tudo ali (mostrado até em uma maquete lá dentro como era na verdade). A parte de arte turca também é muito interessante, com direito a uma explicação de como o astrolábio funciona (finalmente!!) e várias pinturas e outros objetos baseados na religião árabe...

Depois de sairmos desse museu tínhamos que encontrar os outros que iriam estar esperando em um McDonalds na estação de trem (um lugar meio central na cidade) para irmos almoçar no restaurante universitário. Devido a um erro na leitura do mapa a gente acabou chegando uma meia hora atrasados, mas não tinha jeito mesmo...

O restaurante universitário era muito bom apesar das reclamações dos moradores de Berlim. Comi até muito bem... Ainda mais pro que estava por vir...

O próximo museu era o museu do checkpoint Charlie. Ele é basicamente um museu sobre o muro e sobre histórias relacionadas a ele. Eu achava que ele era pequeno o suficiente para eu ler todas as informações... Comecei a ler todas as tentativas (algumas bem sucedidas) de fuga do lado comunista para o lado capitalista... Finalmente fiquei de saco cheio. Mas o museu ainda tinha algumas surpresas. O andar de cima era ligado com outro prédio que ainda tinha bilhões de coisas falando da resistência de vários países do Leste Europeu ao comunismo (que ali estava com o papel de opressor), e pra aproveitar o tema colocaram outros casos de opressão do estilo, como a Índia (com o eterno Gandhi), os negros nos EUA (com o Luther King), entre outros. Ainda tinha mais um monte de ‘souvenirs’ da época do muro, com placas dizendo para manter distância, artefatos para conseguir pular a cerca de arame farpado (a ‘cortina de ferro’)... Tudo isso e ainda muitos vídeos (com direito a um da queda muito legal com o hino à alegria como trilha sonora)... Só isso já serviu para mandar o carioca que estava com a gente para casa (ele estava ‘cansadinho’... tadinho...).

Finalmente o terceiro museu. O museu judeu de Berlim. Apesar de me deixar muito puto por quase ter que ficar pelado na hora de entrar (eles devem estar com medo que um brasileiro mate mais judeus... eu hein) o museu era bem legal. Claro que era enorme. Entra-se por uma ‘casa’ meio nada a ver e há uma passagem subterrânea para o verdadeiro museu. Nessa parte subterrânea o arquiteto fez uma viagem: ele criou 3 eixos, sendo que um era o da continuidade (que levava para o museu propriamente dito), o do holocausto e um outro que mostrava para onde foram os judeus durante a sua perseguição (não lembro o nome...). O do holocausto é claro que é o mais bizarro. Ele mostrava objetos pessoais de algumas pessoas, e depois falava que elas tinham morrido em algum dos campos de concentração. Era muito estranho você ver uma foto com a pessoa feliz, outra com a família, cartas contando que ela estava conseguindo se dar bem na vida... e de repente o último parágrafo só tinha uma frase, mais ou menos assim: “Em 1942 essa pessoa foi levada para o campo tal e assassinada na câmara de gás.”. Ainda no final desse ‘eixo’ (que era um corredor na verdade) havia uma ‘torre’ onde o arquiteto (eles são malucos) queria mostrar o horror de uma câmara de gás. Eu fiz a besteira de entrar lá sozinho. Eu entrei, a mulher que estava cuidando da porta fechou-a, e eu fiquei no escuro... Não é normal eu sentir medo, mas aquele lugar me dava calafrios...

Fui então para o museu mesmo. Ele conta a história dos judeus desde o começo até hoje. A parte do holocausto é só no final. Ele fala muito sobre as origens e sobre a perseguição que eles sofriam desde o início dos tempos... Acho que judeus sempre tiveram problemas. Ainda tinha coisas falando sobre o hebraico, sobre as práticas religiosas, sobre judeus famosos em várias áreas... Muito completo, com auxílios áudio-visuais a cada 2 metros... Se a gente não tivesse que ir embora cedo acho que daria para ficar muitas horas por lá... Mas ainda tinha o aniversário do Daniel que seria comemorado em um restaurante e todos os outros estavam esperando.

Para o aniversário do Daniel fomos a um restaurante brasileiro rodízio que tinha em Berlim. O preço nem era tão caro quanto eu imaginava. Tá certo que a comida também não era grande coisa, mas estava muito bom por ser farofa com uma feijoada, arroz, maionese... Tava com saudade já desse tipo de comida. Aliás, por ser rodízio, acho que até exagerei. Só não comi mais porque no final já estava faltando várias coisas, entre salada, farofa e até feijão preto... Mas foi muito legal, com quase todo mundo de Berlim por lá...

Dia 30/01/2002

Primeiro dia em Berlim. O Jolig saiu com a gente, junto com um carioca que estava perdido lá no meio da galera há umas duas semanas e ainda não tinha conhecido a cidade direito... Voltamos para a estação onde tínhamos chegado, que é mais ou menos o centro de tudo ali, e fomos andando até uma igreja que foi praticamente toda destruída na guerra. Ao invés de reconstruírem eles simplesmente fizeram uma outra, toda moderna parecendo um cubo (horrível, a meu ver...), do lado, enquanto a antiga ficou como um museu de como a área era antes e como ficou depois da reconstrução. Depois andamos até um grande galpão da Sony, que tem uns cinemas super modernos e umas lojas muito legais de eletrônicos. O lugar em si é muito futurístico...

Logo do lado tinha um cartaz colado em um pedaço do muro, dizendo que tinha sido ali que foi feito o primeiro buraco em 1989... Eles também fizeram no chão uma marca mostrando onde ficava o muro original. Depois fomos andando praticamente seguindo essa marca, passando por uma exposição de um quartel general da SS que ficava do lado de um pedação do muro que tinha sido preservado (e que estava protegido pra que ninguém roube pedaços...). Fomos andando agora pela parte oriental (com direito a vários prédios feios da época do comunismo) e chegando finalmente ao checkpoint Charlie. Esse era um dos pontos que davam passagem do lado oriental para o ocidental (parte dos EUA). Deixaram a pequena cabine que ficava ali, e logo do lado tinha um museu sobre isso. Não iria dar tempo de visitar aquele museu mesmo e então continuamos andando.

Fomos até o parlamento da Alemanha, que é um dos prédios mais bonitos da cidade. No caminho passamos por uma avenida que tinha vários ursos em posições diferentes (o urso é o símbolo da cidade...), e cada um com uma cor totalmente bizarra. Acho que deve ter tido algum concurso para ver qual era o urso mais bonito...

O prédio do parlamento foi reconstruído depois da reunificação para abrigar novamente o dito cujo. Fizeram assim uma grande cúpula de vidro (que dá para subir mas não tem tanta graça assim) no terraço. O terraço em si já é bem legal, dando uma boa visão de Berlim de cima, mas não ajudando muito em um dia com tempo ruim como estava...

Voltamos para a parte oriental e passamos por uma praça onde ficaram as últimas estátuas que não foram retiradas da parte comunista: as estátuas de Marx e Engels. Acho que isso tinha lógica, principalmente depois da reunificação... Depois fomos andando na direção do ponto de ônibus, passando por um prédio que foi o último local de resistência dos alemães durante a segunda guerra (cheio de buracos de bala, claro) e pela catedral de Berlim.

Pegamos o ônibus para ir para casa pois pensávamos em comer alguma coisa e voltar para tentar conseguir ingressos para algum concerto da orquestra filarmônica de Berlim. Depois de ir e voltar (mais arrumado, pois era necessário), voltamos só eu, o Daniel e a Maíra. O Baiano sinceramente deu mole de ficar em casa.... Chegamos no ‘teatro’ (será que eu chamo assim o lugar?) e conseguimos ingressos muito baratos para estudante (se não me engano foram 8 euros...). Eu já estava achando que iríamos ficar lá em cima, sem nem conseguir ver alguma coisa e só ouvindo a música, mas não foi nem um pouco isso. Os ingressos baratos dão direito a lugares atrás da orquestra. Mas isso não é nem um pouco ruim. A gente pode ver muito bem a orquestra e o coral, mas de trás. Isso dá um ponto de vista que eu nunca havia tido, que é de ver o maestro fazendo os gestos, caras e bocas... Pode-se ver que o cara tem que saber mesmo a música e quando cada instrumento vai entrar em ação... Se a música tivesse sido mais ou menos já teria valido a noite, mas foi magnífico... Ouvimos o Requiem de Bach, com direito a um coral maravilhoso... Quando penso que paguei cerca de 16 reais para ver isso eu imagino o porquê de dizerem que os europeus têm mais cultura...

domingo, fevereiro 24, 2002

Dia 29/01/2002

Tivemos que sair de Darmstadt meio correndo para pegar o bondinho até a estação a tempo de pegar o trem para Colônia...

A visita a Colônia foi bem rápida. Foi praticamente conhecer a catedral, dar uma volta e ir pegar o trem de novo. Deixei a minha mochila em uma máquina automática muito legal, que pega as coisas e guarda automaticamente lá dentro...

O mais legal é que a catedral é logo do lado da estação. O problema é que não tem como se tirar uma foto da porcaria da igreja porque ela está muito perto de tudo. Não dá pra se afastar o suficiente. Acho que foi uma das únicas coisas da cidade que não foram destruídas durante a guerra, e fizeram um bom trabalho de restauração... O resto da cidade é bem tranqüilo... O tempo ajudou com um solzinho... Foi uma visita rápida mas agradável.

Depois de uma viagem de trem enorme, chegamos finalmente em Berlim, o lugar que eu mais queria ir... Ficamos esperando um bom tempo na estação até encontrar algum brasileiro de lá em casa (eles estavam voltando de Paris no mesmo dia)... Alguém afinal apareceu (o Jolig, amigo do Daniel) com uma van enorme que eles tinham usado pra ir pra Paris e nos buscou... Chegamos na residência dele já de noite, e só deu tempo de a gente fazer comida lá na cozinha da galera, ficar fazendo social e depois voltar pro quarto...

As histórias que a galera de Berlim conta são bizarras. Eles são o povo mais sujo que eu já vi... Tem gente que viajou com uma cueca só durante uma semana... Tem cara que viajou duas semanas e tomou um banho... Tem bilhares de histórias assim... E ainda por cima eles são conhecidos como a galera que ‘mija’ a bolsa, porque eles bebem pelo menos uns 2 litros de cerveja por dia, cada um... É absurdo! São conhecidos também como os precários, por causa das merdas que eles fazem... Chegam a tirar a camisa (bêbados, claro) no meio do gelo e ficam lá felizes... Mas são gente boa mesmo assim heh.

Dia 28/01/2002

Acordamos cedo para ir pra Frankfurt. Tomei café lá na cozinha do cara mesmo... Depois eu compraria coisas para repor... Fiquei junto com o Daniel esperando o Baiano e a Maíra vindo de Aachen que finalmente iam se encontrar com a gente e continuar a viagem juntos. Enquanto esperava peguei o mapa da cidade e as informações necessárias... Quando eles chegaram deixamos as coisas deles na estação e começamos a andar.

Frankfurt era exatamente o que eu esperava. Uma cidade toda reconstruída depois da guerra, com vários prédios altos... Eu vi até fotos da cidade depois dos bombardeios durante a guerra. Realmente, não sobrou nada. Acho que só a praça central tava mais ou menos parecida com o que existe hoje... Fora isso... A cidade é até bonita, mas não tem nada. A gente só ficou andando por lá, com um tempo meio chuvoso. Almocei em uma barraquinha com uma comida chinesa muito boa! Era até barato, e muito saboroso. Ainda comi um crepe na barraca do lado como sobremesa... Podem até me perguntar por quê eu estava comendo crepe na Alemanha e não alguma comida típica de lá, mas é que tava com uma cara muito boa hehe. Aproveitamos para passar no mercado na volta para a estação e comprar o jantar e comida pra levar no resto da viagem...

Chegando em Darmstadt novamente o amigo do Daniel passou na estação para nos ensinar como chegar em casa. Acabamos voltando para o centro para poder conhecer um pouco a pequena cidade também... Fomos até uma igreja russa construída pelo senhor local como presente para a sua esposa russa... Muito bonita aliás...

Voltamos para a residência da galera e fizemos um jantar pra quase todo mundo no quarto de outros brasileiros que tinham uma cozinha só deles. Acho que estava precisando de um pratão de macarrão daqueles... Ficamos lá conversando um tempão e vendo fotos das viagens do pessoal da Alemanha. Eles viajaram muito mais que a gente, além de já estarem na Europa há mais de um ano... A viagem deles para Noruega e Suécia é a que tem as fotos mais iradas de todas... Me deu a maior vontade de ir lá... Eles tinham fotos da Rússia também, mas essa eu vou ter que deixar pra próxima...

Dia 27/01/2002

A rotina de acordar mais ou menos cedo continua, para poder pegar o café da manhã. Aliás, um dos melhores cafés da manhã de albergues da minha vida. Era muita coisa diferente, com direito a ice tea, refrigerante (não que eu tomei coca de manhã, mas é bom ter a opção), suco de laranja, pão à vontade... Muito bom... Comi muito...

O programa não estava muito bem definido. Na verdade a gente não sabia o que fazer ali na cidade e nem sabia se iria para outro lugar na Suíça para visitar... Acabei gostando mais da idéia de ficar em Lausanne, visitar a cidade e só depois ir para Zurich, que era um destino certo. A cidade em si não parecia ter muita coisa... Claro que o fato de estar chovendo não ajuda nenhuma cidade a ser escolhida como a mais bonita do mundo... Até tinha uma igrejinhas e uns museus, mas... Como saber o que ver em uma cidade assim? A mulher de informações turísticas tinha dito para ir ao museu olímpico e ao museu de arte bruta. Bem, o museu olímpico estava fora de questão por ser caro e por todo mundo ter falado que era mais ou menos... Tentei até ir ao museu de arte dali, para ver um pouco da arte suíça (nem sabia que existia muita coisa), mas ele estava fechado. Fomos ao museu de arte bruta...

Esse museu é bem interessante. É uma exposição de trabalho de pessoas que nunca tiveram uma instrução em arte, ou seja, nunca freqüentaram uma escola de arte ou algo do estilo... Na verdade ou são pessoas que quando se aposentaram resolveram fazer alguma coisa diferente e fizeram esculturas ou algo do estilo, ou eram pessoas consideradas loucas e que no manicômio começavam a pintar ou a fazer outras coisas do estilo... O resultado é impressionante. Tem obras ali que eu acho que mereceriam estar em galerias de arte... Que colocam o tal de Miró no chinelo (que, convenhamos, era um nulo quando ia pintar algo). Bem, gostei muito da visita. Acho que é uma das coisas que eu não iria ver em outro lugar.

Terminamos a visita a Lausanne e fomos para a estação. Peguei um trem para Zurich, e lá estávamos... Com chuva. Fui até as informações turísticas de novo e perguntei o que eu poderia fazer em 2 horas. O cara me deu o mapa da cidade e marcou um caminho para seguir... Lá fomos nós, com uma chuva bizarra, conhecer a cidade... Conhecer não, dar uma andada... Eu pra dizer a verdade nem achei alguma coisa que merecesse uma foto, de tão feio que tava o tempo. Ainda bem que no dia anterior eu tinha pegado um sol, senão eu ia achar a Suíça um país muito horrível.

Voltei à estação, comi um sanduíche e comprei finalmente uns chocolates suíços, claro... Hmmm... Estava bom... A viagem agora seria um pouco maior, pois íamos finalmente para a Alemanha. Logo no primeiro trem alemão (que pegamos em Basel) já tive que pagar um suplemento do trem... 3,60 euros voaram... O próximo trem também teria, mas o controlador acabou deixando passar. Aliás, esse trem foi um ICE, o trem rápido da Alemanha, e no qual a segunda classe parecia a primeira dos trens que eu já vi... Umas cadeiras enormes, lugar pra pendurar casaco, televisão... Muito show.

Finalmente chegamos à Darmstadt, primeira parada na Alemanha. A gente iria ficar na casa de um outro amigo do Daniel lá de São Paulo. Ele foi buscar-nos na estação de carro porque ele ainda estava com o carro alugado... Bem tranqüilo heh. Ele nos levou pra sua residência e estava lá com a sua namorada suíça (alias, que chato ficar no quarto do cara hehe). Achei muito legal o esquema da residência, mesmo sendo com banheiro e cozinha comunitário. No caso, tudo era muito limpo... O banheiro era limpo uma vez por semana e era limpíssimo. A cozinha então... Cada um com as suas coisas guardadas em armários sem chave, e a geladeira totalmente comum, cada um usando suas coisas. Isso não daria certo na França não... Eu lembro até hoje do vinho de 12 euros que me roubaram quando eu esqueci o cadeado da minha geladeira aberto...

Dia 26/01/2002

Eu cheguei a meu destino, uma pequena cidade na fronteira com a Suíça chamada Bellegarde, às 6 e pouco da manhã... Pode-se ver que eu não dormi muito... Fiquei esperando uma hora pelo outro trem e finalmente ele chegou... Como Genebra é uma cidade muito perto da fronteira, só andei uns 40 minutos nesse trem. Não deu nem tempo de tirar uma soneca.

O tempo na cidade parecia maravilhoso. O problema foi uma mensagem que eu recebi do Daniel, que seria meu companheiro de viagem pela Suíça. Ele me diz no telefone que ele conseguiu perder o trem dele e que iria chegar na cidade apenas perto das 11 da manhã... Isso atrasaria tudo... Como eu estava sozinho e não fazer nada até ele chegar era um saco, eu comecei a andar sozinho pela cidade mesmo. Eu não poderia perder essa chance de conhecer a cidade com sol. Eu sempre acho que qualquer lugar com sol fica muitas vezes mais bonito... Bem, fui até o correio, onde tinha um escritório de informações turísticas e peguei um mapa... A mulher até ficou surpresa quando eu perguntei o que eu poderia fazer em duas horas... Era o que eu tinha até o Daniel chegar hehe. Comecei a tirar fotos de paisagem (não vi muito mais coisa além de paisagem por lá)... Subi um morro enorme para chegar ao centro antigo, onde fica a prefeitura e a catedral. Fiquei sentado um pouco por lá e aproveitei para tomar o meu café também (a farofa de sempre... pão com queijo). Acabou que eu cansei de visitar a cidade e voltei, passando por um relógio de flores (Suíça e relógios? Nada a ver!).

Foi aí que me aconteceu uma das coisas mais estranhas da minha vida. Eu estava muito feliz tirando foto de um barco e do rio, com sol e tudo... Estava olhando a foto na câmera digital para ver se ela tinha ficado boa quando chega um cara mal encarado do meu lado e me fala em francês: “bonita câmera”. Eu falo “também acho”, mas pensando “putz, perdi minha câmera... já vi tudo”. O cara aí começa a perguntar de onde eu venho... Eu falo que vim do Brasil e o cara fica todo empolgado, falando que já tinha ido pro México e que gostaria de ir ao Brasil... Eu simplesmente falei que ele deveria ir e tal, que era um bonito país... Me perguntou se eu já tinha hotel, e eu disse que já estava indo embora, estava indo para a estação depois dali... Não estava entendendo onde isso iria chegar. Aliás, eu só estava esperando o cara pedir minha câmera. Aí ele abriu o casaco e mostrou um pequeno broche que ele estava usando. “O que é isso?” perguntei. “Um escaravelho” disse ele. Eu vi que era um escaravelho verde, mas não entendia o porquê de ele me mostrar aquilo. Falei que era bonito. O cara simplesmente olhou pra mim, fechou o casaco, apertou a minha mão e disse “Boa estadia na Suíça”. E foi embora. Eu não entendi nada. Alguém entendeu. Eu pensei que o escaravelho podia ser um símbolo de alguma sociedade secreta, sei lá... Ou então um sinal dizendo que eu não era bem vindo no país... Ou que se eu visse aquilo eu morreria em três dias... De qualquer maneira eu não fiquei ali pra descobrir.

Fui andando para a estação para esperar pelo Daniel. Em uma galeria que era ligada a ela eu achei um banco para poder ficar sentado esperando... Isso do lado de uma mulher que estava tentando vender flores por dois francos suíços (eram umas flores ridículas e caras!). Durante um tempo fiquei vendo a galera toda recusando as flores... Finalmente o Daniel chegou e a gente acabou visitando Genebra de novo. E finalmente eu tive fotos nas quais eu aparecia...

Aliás, tenho um relógio finalmente. Um Swatch mesmo, comprado na Suíça... Caro, mas muito legal... Acho que já estava uns 4 anos sem usar um...

Logo depois pegamos um trem para Montreux direto, pois não daria tempo de passar no albergue para deixar as coisas... O Daniel tinha combinado com o amigo dele na frente do castelo de Chilon, que fica lá... Bom, eu achava que ficava. Ele fica um pouco mais longe... Mas calma, eu não cheguei na cidade ainda. Na verdade eu queria falar da viagem de trem: é uma das viagens de trem mais legais que eu já tive, por causa da vista... Um sol, com um lago e uma cadeia de montanhas nevadas ao fundo... Uma das paisagens mais bonitas que eu já vi...

Finalmente em Montreux. Aí que eu vi o porquê de o vocalista do Queen, o Freddie Mercury, gostar tanto da cidade (aliás, todo o grupo gostava). Tanto que ele comprou uma casa lá. E foi lá que eles gravaram os últimos cds. Fizeram até uma homenagem a ele e colocaram na praça do mercado uma estátua dele olhando para o lago... Para quem não sabe também, a foto da capa do cd Made in Heaven foi tirada ali... A cidade tem um clima muito legal. É o tipo de cidade onde eu moraria quando eu tivesse mais velho, eu acho...

O problema foi que o castelo onde a gente ia encontrar o cara não era tão perto assim... Fomos andando pela beira do lago (recomendo o passeio a todos que forem lá), encontrando uns bichos feitos de palha (o que eles estavam fazendo ali mesmo?), mas o castelo não chegava nunca! Tanto que chegamos atrasados e o cara nem estava ali. Resolvi então entrar e visitar o castelo que qualquer coisa a gente se encontraria no albergue mesmo.

O castelo não era uma coisa tão suntuosa quanto os castelos na França que visitamos. Na verdade, ele era bem pequeno visto de fora. Mas ele refletia legal um castelo mais medieval... Eu diria, sem aqueles confortos de castelos renascentistas. A gente pegou um papel e foi seguindo as explicações... Acho ainda que é o castelo com uma das vistas mais bonitas que existe hehe. Só dentro do castelo, depois de passar por quase todo o castelo, a gente encontra o amigo do Daniel, um cara que tinha ido pra Suíça para fazer um curso na sede da Nestlé (ele trabalha lá) e viajar um pouco também... O cara é até gente boa.

Saímos do castelo e pegamos o ônibus para voltar para a cidade (andar até lá de novo? Naaaah!). Andamos um pouco para conhecer a cidade (aliás, subimos até a parte velha). Nada de mais... Mas é como toda cidade pequena: nada pra ver quase, mas é uma cidade bem acolhedora. Bem como as cidades pequenas que eu conheci na Itália.

Finalmente pegamos as coisas e fomos para Lausanne, onde era o albergue. A gente já chegou meio de noite, e ainda por cima o Daniel não tinha levado o papel falando como chegar lá. Bem, perguntamos pra uma mulher na estação como chegar lá de ônibus e ela deu duas explicações diferentes. Fiquei com a que a gente andava menos, que era andar de metrô e depois pegar outro ônibus... Bem, fizemos isso. No ônibus o motorista disse que avisaria quando descer. Ele fez isso, e ainda desceu do ônibus pra explicar pra gente que deveríamos voltar um pouquinho até que pudéssemos virar à direita e subir um morro, chegando lá... Claro que seguimos as instruções. O morro era um absurdo. A gente subiu quase tudo mas não chegava a lugar nenhum. Comecei a achar que o cara tinha se enganado ou ele tinha de má fé falado o caminho errado pros turistas babacas. De qualquer maneira a gente achou uma alma viva (a única que a gente viu em todo o nosso ‘passeio’) e ela nem sabia sobre o que a gente estava procurando... Então não era o lugar. Voltamos, achamos outro ponto de ônibus (lembrar que tudo isso com as mochilas nas costas), e o cara deu outra explicação. Acabamos voltando para o lugar onde o primeiro ônibus tinha deixado a gente e a porcaria do albergue era quase do lado... Se a gente tivesse atravessado a rua teria achado... Bem, deixa pra lá...

No albergue foi bem engraçado até. Na recepção o cara disse que a gente poderia pegar um quarto só para nós três pelo mesmo preço e a gente aceitou. No final, o cara trocou tudo, colocou a gente em um quarto para 8 e depois disse que tinha se enganado e que a gente deveria pagar mais se quisesse mudar de quarto... Bem, não era um problema muito grande ficar lá, principalmente porque só tinha mais dois desconhecidos... E o albergue era muito bom. Tinha um banheiro no quarto (com 3 chuveiros e 3 privadas... muito limpo) e o albergue em si tinha até sinuca. Claro que o preço era maior que qualquer albergue que eu já peguei, mas isso eu já tinha colocado na cabeça. Afinal, eu estava na Suíça.

sexta-feira, fevereiro 22, 2002

Dia 25/01/2002

Acordei meio tarde e, como não valia à pena sair correndo de casa só para ir almoçar em algum lugar sozinho preferi esperar todo mundo acordar... Foi uma cambada de brasileiros para o restaurante universitário ali de perto... Além do mais, eu não tinha encontrado o Reinaldo ainda. Esse cara é um dos meus melhores amigos lá da puc e depois de 7 meses na França eu nunca tinha encontrado... Ficamos lá jogando papo fora no restaurante até que todo mundo acabou de comer. Voltei pro quarto, me despedi da galera e saí com mochila e tudo...

O meu trem só sairia bem de noite (seria um train de nuit para Genebra), e então eu resolvi seguir o plano inicial que era de visitar o Louvre. O único problema era o tempo... Já era meio tarde... Deixei as malas na estação onde eu ia pegar o trem e fui para a estação do museu.

Claro que eu cheguei lá meio tarde. Passei por duas barreiras com raio-x (isso mesmo! DUAS barreiras... Nego tá com medo mesmo de colocarem uma bomba...) e quando cheguei na bilheteria do museu já eram quatro e meia... Como tudo fechava às 5 e meia eu preferi nem entrar e fazer uma outra coisa para matar o tempo...

Não tinha mais nenhum museu aberto provavelmente... O sol já iria se pôr logo logo... Então o que eu poderia fazer para matar o tempo? Nada melhor que um cinema! Eu sempre quis ver o Senhor dos Anéis em versão original... Achei um cinema na Champs-Elysées e entrei... Pelo menos eram 3 horas de filme, e deu para matar um bom tempo. Logo depois fui comer alguma coisa e fiquei passeando pela rua... Na hora que passei na frente da loja da Louis Vuitton eu tentei ligar pra Vanessa pra falar com ela mas nenhum dos meus cartões internacionais funcionou, a não ser um. E aí foi aquele problema de nenhum telefone dela funcionar... É meio difícil de me comunicar com ela de vez em quando...

Bom, fiquei matando tempo até a hora do trem sair... Fiquei na estação umas boas 2 horas comendo uns sanduíches e lendo um livro. Finalmente o trem chegou e eu peguei minha cama... Do nada aparece um grupo enorme, uma excursão dos trabalhadores de uma grande loja de eletrônicos chamada Darty que estava indo esquiar... Eles tomaram conta de praticamente todo o vagão... O problema foi que duas mulheres e dois caras, todos tagarelas, ficaram na minha cabine... Eles só foram dormir perto das duas da manhã...

Dia 24/01/2002

Acordei meio tarde para ir a Chartres hoje. Tive que ir até a estação Montparnasse, comprar uma passagem e entrar no trem regional. Muito fácil...

Chartres é uma cidade que faz parte da região do Loire. Não deu para visitá-la ao mesmo tempo que os castelos porque como só ficamos viajando três dias (para não matar aula) não daria tempo de dirigir até lá... Mas diziam que valia à pena só por causa da catedral, e então fomos... Afinal, eu não agüentava mais visitar Paris...

A cidade tem praticamente só a catedral mesmo, e uns pequenos museus. Museu por museu eu visito em cidades maiores... Ali a catedral era mais importante. No guia visual da França tinha um esquema com os vitrais e as partes da igreja explicando... Muito útil...

Os vitrais de lá são maravilhosos. Realmente é uma coisa que vale à pena ir ver. Segundo o guia eles foram desmontados durante as duas guerras e remontados a partir de 1970... Ainda há vários para serem recolocados, mas os que estão lá são um verdadeiro show. Nunca vi tantos e nem com tantos detalhes... Fiquei dando voltas pela igreja até ver todos... Havia também umas pequenas exposições dentro da igreja mesmo sobre como eram feitos os vitrais e os significados... Uns painéis mostravam a história do mundo, da igreja e de Chartres em paralelo...

Andamos pela cidade para conhecer mais um pouco, fazendo o roteiro turístico... Nada de mais, mas a cidade é bonitinha... Sempre tinha um grupo de crianças pentelhas que estavam em uma excursão e ficavam enchendo o saco, mas nada muito grave... Logo do lado da catedral havia uma loja com vitrais para vender e alguns livros mostrando as técnicas de criação de vitrais de tipos diferentes. Deu até vontade de comprar um pequeno vitral só para ter como lembrança, mas depois de olhar os preços... Era praticamente uma bolsa por um vitral do tamanho de um quadro pequeno. Além disso, eu iria quebrá-lo mesmo...

E foi aí que começou a chover. Só para estragar o passeio mesmo. Foi só o tempo de comer alguma coisa (e aproveitar para esperar a chuva passar) antes de ir para Paris de volta... Não fiz mais nada no dia... Só fui para casa, me despedi do Ivan (que estava indo para a Espanha na semana de ski) e fiquei no quarto do Xicaum na internet até ele voltar da natação dele... Aí foi a hora de dormir e esperar o pessoal de Grenoble chegar...

Parodiando as palavras do cara que fez a review do show do David Gilmour no dia que eu fui: deveria ter comprado ingressos para o segundo dia também...

Os caras de Grenoble chegaram mais ou menos uma e meia, depois de voltarem do show. Segundo eles foi muito bom também (não tinha como não ser na verdade)... Ficamos conversando um pouco (fiquei sabendo que meu amigo em Grenoble chutou o balde e não estuda hehe) até que eu não agüentava mais ficar acordado e apaguei.

Dia 23/01/2002

Hoje o Ivan chegou de Toulouse para aproveitar o dia em Paris e para ir ao show do David Gilmour à noite. Ele me acordou, claro, pois o trem de Toulouse chega um pouco cedo... Ele deixou as coisas dele no apartamento do Xicaum e a gente saiu para visitar algum museu.

Começamos pelo museu Guimet, um museu em Paris com uma das maiores coleções de arte oriental do mundo. Ainda bem que o museu se mostrou muito legal, porque eu fiquei na fila para entrar durante quase uma hora. Problemas com a segurança. Os franceses depois daquele atentado ficaram todos com medo de que coloquem uma bomba em tudo quanto é lugar... Impressionante. Quem iria explodir um museu de arte oriental? Não entendo isso... A entrada dava direito a um audioguide, que facilita bastante a compreensão das coisas. Foram vários andares de esculturas, pinturas e objetos em geral vindos da China, Camboja, Japão, Vietnã... Alguns dos objetos eram muito antigos, coisa de mais de 5000 anos de idade... Cansei de ver Budas e Shivas... Mas as explicações que eles davam no audioguide deixavam as coisas mais interessantes. Tanto que a gente ficou umas boas horas lá...

Na hora do almoço foi meio bagunçado porque eu não consegui entrar no primeiro trem para ir ao restaurante (parecia o metrô do Rio em horário de pico) e tive que pegar o próximo... Encontrei o Ivan por lá e almoçamos no restaurante universitário da Cite que é a meu ver o restaurante com melhor custo/benefício da França...

À tarde achei finalmente o marco 0 de Paris, que fica na frente da Notre-Dame. Eu já tinha ido duas vezes lá e nunca tinha achado essa porcaria. Também pudera, o marco é simplesmente uma plaquinha de metal pequena, que eu só achei porque tinha um grupo de crianças em cima gritando... Tirai a foto tradicional de estar com o pé em cima e fomos andando em direção à prefeitura para pegar o metrô...

Visitamos então a Opéra de Bastille (que eu também não tinha visitado), e depois fui para uma praça nos Marais onde fica a casa onde morou Victor Hugo... Nada de mais a meu ver, mas eu não tinha muita idéia do que fazer por lá mesmo... Depois peguei o metrô e fui até o bairro de St. Germain de Prés, que possui a igreja de mesmo nome, a igreja mais antiga de Paris... O bairro também possuiu uma quantidade enorme de brasseries e outros lugares para se comer os mais variados tipos de comida... Muito bom... Mas a gente não teria tempo para isso. Tínhamos ainda que voltar para casa, comer algo, talvez trocar de roupa (seria bom, mas não totalmente necessário) e ir ao show...

Praticamente abri o restaurante universitário da ECP... Eu não encontrei o Xicaum no quarto dele, e então eu achei que poderia encontrá-lo no restaurante...Não encontrei. Eu tinha então um problema com as minhas coisas... Deixei a minha mochila no quarto de outro brasileiro lá e fui para o show o mais rápido possível porque eu queria saber se eu podia entrar com a minha câmera...

O Palais des Congrès, onde seria o show, era ligado diretamente pelo subsolo à estação de metrô... Facilitou pelo menos pra achar o lugar. Entrei com a câmera e tudo sem problema... Como a mulher que nos ‘sentou’ foi muito gentil com a gente e colocou-nos em lugares juntos (já que a gente tinha comprado ingressos separadamente e não tinha encontrado dois um do lado do outro), dei um euro de gorjeta pra ela, só porque eu não achei uma moeda melhor na hora heh. Bom, deixa pra lá. O show de abertura foi até legal, com uma música meio experimental... Um tal de 'Trashmonk'... Um cara com um violino só estava lá para fazer barulho (o que até combinava com o resto), e o vocalista/guitarrista/etc era tocava tantos instrumentos juntos que eu achei que ele tava era num playback...

Mas o show do David Gilmour foi um espetáculo (hehe). Começou com ele sozinho no palco tocando uma versão mais acústica de “Shine on you crazy diamond” (com direito a Dick Parry no final com seu saxofone), seguida de “Confortably Numb”... Várias músicas se sucederam, terminando com a segunda parte de Shine on, e com duas músicas no bis... Muito legal... Ainda por cima o Richard Wright apareceu para tocar várias músicas e até cantar uma própria... Não vou fazer um review completo do show porque acho que não consigo descreve-lo... Foi a primeira vez que eu vi um membro do Pink Floyd ao vivo e foi emocionante... O setlist do show e comentários sobre os 5 da série que ele fez em Londres e Paris estão em aqui.

Acho que eles fazem o show do tamanho certo para o pessoal poder pegar o metrô para casa. Na verdade eu estava com medo de eu ter que pegar ônibus noturno, já que ele me deixava bem longe de ‘casa’, mas ainda por cima eu não sabia onde pegá-lo direito... Mas tudo deu certo, tirando que eu tive que andar da estação de trem até a residência. Chegando lá, cadê o dono do quarto? Nada de aparecer. Fiquei esperando até umas 2 e meia na porta, ligando para vários outros caras (que estavam lá e não sabiam onde o Xicaum estava...). O cara só apareceu essa hora, porque ele ficou vendo filme em outro lugar... Ele tinha deixado um recado dentro do quarto, mas como eu não estava com a chave eu não consegui vê-lo... Bem, tudo deu certo de qualquer maneira e deu para dormir um pouco...

quinta-feira, fevereiro 21, 2002

Dia 22/01/2002

Acordei um pouco mais tarde dessa vez porque os museus geralmente só abrem umas 10 horas mesmo... Não adiantava ficar acordando o Xicaum toda hora só para chegar na porta de um museu e ficar lá esperando... Claro que eu cheguei muito depois que os Invalides abriu. Eu poderia ter chegado mais cedo nesse.

O Hotel des Invalides foi construído pelo Luís XIV para abrigar os soldados mais velhos, os que foram feridos em guerras e qualquer coisa do estilo... Hoje em dia ele abriga um museu de guerra, com armaduras e armas de várias épocas da França, tendo até um museu para as guerras mundiais... Tinha muita coisa e eu não sabia por onde começar... Acabei indo para a primeira porta que eu achei mesmo. Tinha bastante coisa interessante... Passei por esse museu e fui logo depois para o túmulo de Napoleão... Ele fica na igreja dentro dos Invalides, em uma arca enorme. Muito legal. Ali eu peguei mais uma das moedinhas da minha coleção (que por aumentar de preço acabou virando uma coleção não muito completa...) e voltei para o museu da guerra, para a parte da segunda guerra mundial. Acho que por ser mais moderna a guerra os auxílios audiovisuais desse museu ajudam bastante a fazê-lo mais interessante, e ainda por cima é uma história bem fresca na memória, mais fresca que uma guerra entre os Francos e a Prússia por exemplo... Ainda tinha também uma exposição sobre o De Gaule, o chefe da resistência francesa na segunda guerra (e praticamente um deus para eles), mas eu dei só uma passada rápida... Afinal, tinha que almoçar...

Claro que eu tinha perdido o horário do almoço no restaurante universitário e tive que almoçar uns sanduíches mesmo, lá na Champs Elysées (que chato), já que eu iria aproveitar o bom tempo para passear por lá e ir até o arco do Triunfo. E foi o que eu fiz. O tempo estava maravilhoso, e não tinha tantos japoneses tirando fotos (o que facilita bastante o passeio). O único problema foi um tipo de homenagem que o exército estava fazendo ao túmulo do soldado desconhecido que fica embaixo do arco e eu não pude chegar perto... Bom, deixa pra lá, não é tão importante assim.

Logo depois saí e resolvi ir a outro museu, o museu Rodin, que fica perto dos Invalides (e lá vou eu para lá de novo...). Só que tinha uma coisa muito interessante: uma manifestação. Segundo eu entendi dos cartazes os enfermeiros estavam pedindo revisões nos salários e na lei das 35 horas/semana (tem manifestação disso quase toda semana em Toulouse). Assim, eu não podia entrar na rua do museu e tive que dar uma volta enorme para poder chegar à entrada... Bem, valeu a pena. O museu é muito legal, com uma casa onde ficam as esculturas dele e de Camille Claudel, e um parque em volta onde ficam algumas esculturas de bronze, como por exemplo o famoso Pensador. Fiquei lá até o museu fechar (fui praticamente expulso de lá) e logo depois fui pra casa porque já estava escuro e não tinha muito mais o que fazer...

quarta-feira, fevereiro 20, 2002

Dia 21/01/2002

Acordar na casa dos outros é meio estranho, principalmente porque eu acordo mais cedo que a maioria deles. O cara tinha dito que ia estudar porque tinha uma prova no dia seguinte e teria que acordar cedo mas acho que a cama tinha um poder mais forte. Eu tomei meu café (meio fraco, porque era só pão e queijo que eu tinha na minha mochila) e saí logo... Hoje, como o tempo estava ruim, tinha reservado o dia para ir a museus.

Fui direto ao Georges Pompidou, um museu de arte moderna que eu não tinha conseguido entrar na última vez que eu fui para Paris (ele estava em greve). O centro Pompidou é um museu de arte moderna, desde 1900 e pouco até os dias de hoje. Eu comecei pela parte mais moderna primeiro porque eu não sabia que logo na entrada era essa parte e que as obras mais famosas estavam no andar de cima, mas não me arrependo. Claro que tinha uma obra mais louca que a outra, mas há várias muito legais... É só indo pra saber o que eu estou falando. A parte mais moderna tinha obras de Matisse, Monet, Miro, Kandinsky... esses carinhas desconhecidos. Eu já estava cansado de ver pinturas e ainda estava meio correndo para poder pegar o almoço no restaurante universitário.

Os restaurantes universitários em Paris são um capítulo à parte. Eu fui em dois nesses dias que eu fiquei lá. Um deles é o que eu freqüentei quando cheguei na França, que era horrível mas que não sei como está muito bom... O segundo é praticamente um restaurante normal, porque eu posso escolher a comida. Eles têm uns 5 ou 6 pratos diferentes que eles ‘vendem’ com um sistema de pontos. Tipo assim, se eu pego um prato muito grande eu só posso pegar um acompanhamento. Se eu pegar um prato um pouco pior eu posso pegar mais acompanhamentos... O esquema é muito bom... Ainda por cima a mulher me deixou passar com refrigerante todas as vezes sem me cobrar a mais por isso...

À tarde eu fui à loja da Adidas aproveitar os Soldes, que rolam até 17 de fevereiro. Lá comprei um tênis bem mais barato que o normal... Eu só tinha levado um tênis para a viagem inteira e estava precisando de outro.

Eu tinha reservado a tarde para visitar o Louvre por causa do tempo, mas quando eu saí da loja tinha aberto do nada um solão. Aproveitei então para ir a um lugar que eu nunca tinha ido: a torre Eiffel. Sim, eu nunca tinha subido nela... Fui até o campo de marte e andei até a torre. Depois de pensar um pouco achei melhor subir de escada mesmo. Não que eu seja um murrinha total e que era mais barato subir de escada, mas é que não era tão alto assim. Eu realmente acho que já subi coisas mais altas... Ou então eu já estou ficando bom nisso porque eu nem senti a subida. Para facilitar ainda mais havia uns cartazes da Otis falando de 100 anos de história da torre, com várias histórias interessantes ligadas à torre desde a sua construção... Eu ficava lendo praticamente todos até subir.

No primeiro andar da torre há um restaurante, umas lojas e na parte mais exterior existem plaquinhas mostrando onde e o que são as coisas que a gente vê dali, além de ter mais daqueles cartazes com histórias do torre. Eu fiquei ali tempo demais até. Fiquei com medo de perder o sol antes de conseguir chegar ao topo da torre. Subi as escadas para o segundo andar, fiquei observando a vista dali também mas o que eu queria ver mesmo era o terceiro andar... Peguei o elevador (não tem escada para subir até lá, mas eu não queria mais subir escada mesmo hehe) e fiquei lá até o sol se pôr... Todo mundo tinha falado que valia a pena, e vale mesmo. Lá na cabine existem as distâncias da torre a várias cidades do mundo e também fotos da vista mostrando quais são os monumentos que estamos vendo... Fora estava meio frio por causa do vento mas era muito bonito... Achei engraçado uma hora quando dois velhinhos sacaram o celular e ligaram para alguém, falando que eles estavam no topo da torre Eiffel, como se tivessem tirando onda... Realmente não é uma coisa muito comum, mas não precisa ficar ligando pros outros e se mostrando...

Depois de descer da torre eu fui até o Palais de Chatelêt para observar a torre de longe e iluminada... Realmente, dali ela é muito bonita... Mas como eu tinha que jantar com a galera da ECP (onde eu estava hospedado), tive que sair correndo para poder pegar o metrô, o trem e o ônibus (a casa deles era longe mesmo heh). Jantei com os vários brasileiros que estudam lá (eles ficam em um grupo meio fechado, falando português entre eles) e depois fui pro quarto mexer na internet, descarregar minhas fotos e dormir...

terça-feira, fevereiro 19, 2002

Dia 20/01/2002

Mais uma viagem começa. Mais duas semanas de viagem... O trem chegou sem problemas na gare Montparnasse (TGV é muito legal, aliás...). Como eu não conseguia entrar em contato com o Xicaum, que era quem iria me hospedar durante esses dias em Paris, e eu também não queria perder o domingo indo pra casa dele deixar as minhas coisas para depois voltar, fui à consigne da estação e deixei minhas mochilas... Ajudou bastante porque eu tinha uma tarde para fazer coisas.

Primeira parada: cemitério Père Lachaise. A Vanessa estava me enchendo há uns 6 meses dizendo que quando eu fosse para Paris eu deveria ir lá e tirar fotos dos túmulos para ela. Sim amor, apesar de esse ser um pedido meio mórbido eu fui fazer isso para você, ta? Só não fui é pegar terra do túmulo do Jim Morrison porque isso é contra os meus princípios...

O cemitério é até legal, apesar de ser um cemitério. Acho que só tinha turista por lá, porque todo mundo estava com seu mapa... Eu acabei não comprando um porque eu tinha o guia visual da França que tinha um mapa meia-boca do cemitério (só fui descobrir depois que era muito ruim). Comecei a andar fazendo um caminho mínimo passando pelos túmulos famosos. Achá-los revelou-se uma tarefa muito mais difícil do que eu imaginava. O do Chopin por exemplo eu tou até agora procurando. Eu imaginava que eles estariam mais destacados, mas os túmulos são normais. Pensando bem agora eu não sei porque eu imaginava que ia ter luzes piscando e setas para os túmulos mais importantes em um cemitério... Tá certo que são pessoas famosas mas não deixa de ser um cemitério por causa disso... O do Jim Morrison foi mais fácil porque tinha um monte de gente olhando e tirando fotos, e ainda por cima tinha uma guarda do lado para não deixar ninguém roubar pedaços do túmulo nem começar a cavar (viu amor? ;)). Depois fui ver os túmulos do Molière e do La Fontaine (esses já estavam mais destacados, com uma grade em volta...) e finalmente do Oscar Wilde. Esse está todo coberto de marcas de batom dos seus admiradores (e realmente eles não devem sair quando tentam limpar... São milhares...). Na volta passei no túmulo do Allan Kardec (o criador do espiritismo, cujo túmulo era bem legal), onde tinha uma galera olhando e discutindo religião (até fiquei um pouco ouvindo hehe). Depois fui procurar o Yves Montand mas realmente não achei... Tinha a Edith Piaf mas era do outro lado do cemitério e eu já tava com preguiça de andar (e frio), e os outros não eram tão famosos assim para que me fizessem passar mais tempo ainda por lá procurando por eles...

Como a linha de metrô que passava pelo cemitério passava também por Montmartre eu resolvi matar isso também. Acho que eu era uma das únicas pessoas do programa que não tinha ido lá ainda. No meio do caminho consegui perder a minha última touca... Só tinha agora um chapéu de lã que o meu pai me mandou do Brasil mas que era quente demais... Fiquei passando frio na orelha mesmo. Montmartre é realmente um bairro muito bonito, com a Sacre-Coeur lá em cima e uma vista da cidade muito legal. Tanto que essa vista já foi retratada por Picasso em alguns de seus quadros.... O bairro aliás era no passado um lugar onde os artistas ficavam... Existem várias galerias de arte por lá (e lojas de souvenirs também hehe). A igreja é muito legal por fora, mas a parte interna não tem muita coisa não... Fiquei andando um pouco pelo bairro até acontecer uma coisa que eu adoro: pisei em um elemento sinistro gosmento. É impressionante a quantidade de cachorros nessa França. Eu só não mato alguns na rua porque eu gosto de animais o suficiente pra segurar esse meu impulso...

Obviamente a visita de Montmartre estava terminada. Desci para pegar o metrô meio sem saber para onde eu estava andando e acabei chegando em uma rua principal. Quando finalmente achei o buraco pra descer eu dei uma olhada no mapa e descobri que estava perto do Moulin Rouge (na mesma rua). Claro que como eu não tinha nada para fazer eu fui andando até lá. A rua tem uma das maiores concentrações de casas de putaria que eu já vi. Sex shops, casas de aluguel e compra de vídeos pornôs, cabines para ver mulheres ao vivo ou vídeos, strip teases... tinha também uns lugares de Kebab e umas farmácias que pareciam meio fora de lugar, mas o resto era só pornografia mesmo. Perto do Moulin Rouge fui quase arrastado para dentro por uma mulher que queria porque queria que eu pagasse 10 euros para ficar vendo mulheres peladas dançando. Não que isso não seja uma proposta tentadora, mas eu tinha coisas mais importantes para fazer ali. Depois podem até me perguntar o que pode ser mais importante que ver mulheres peladas... Convenhamos...

Tirei uma foto do Moulin Rouge e quase caí pra trás quando descobri que para entrar eu teria que pagar de 60 e poucos euros (o mais barato) a cento e poucos euros (com direito a meio litro de champagne enquanto você vê os shows...). Acho que não é o meu estilo de passatempo.

Saí correndo para a estação porque a princípio os ônibus terminariam às 8 e 45 e eu não conseguiria chegar com muita folga na estação de trem da casa do meu amigo... De qualquer forma eu não tinha conseguido falar com ele ainda e eu chegaria lá meio no escuro. Claro que outras coisas ainda podem dar errado. No metrô e no RER (o trem interno de superfície) foi tudo tranqüilo, mas no domingo o ônibus que eu deveria pegar não funcionava... Muito legal isso. Liguei desesperadamente para alguém que sabia chegar lá e descobri que não era tão difícil. O único problema era passar por um cemitério. À noite. Sozinho. Com mochilas que não me deixavam correr. Legal isso não?

Eu não tinha muito o que fazer mesmo a não ser comer. Passei no McDonalds (sempre o salvador), comi uma promoção gigante e fui andando. Claro que eu não encontrei de primeira o Xicaum. Fiquei lá esperando uns minutos e comecei a gastar créditos do meu celular para descobrir alguém mais na residência. Não encontrei ninguém. Fiquei sentado um bom tempo até que eu ouvi dois caras falando português e finalmente entrei no quarto do meu amigo... Foi praticamente chegar, tomar um banho, fazer uma social (afinal o cara não me conhecia tão bem... é a hospitalidade CAPES) e ir dormir... Os dias seguintes seriam reservados a turismo puro.

Dia 19/01/2002

Nem tudo que eu organizo dá certo né? Chego na loja pra comprar os ingressos e descubro que eles estão esgotados há muito tempo. Isso me deixa com muita raiva, mas de qualquer maneira eu poderia arrumar minhas coisas com mais tranqüilidade... Aproveitei o tempo para ir lá no INSA na casa da galera para falar com o Daniel sobre a viagem e aproveitar para levar meu notebook para arrumar uns negócios, principalmente gravar minhas fotos em um CD para ter uma cópia de segurança... Mas eu acabei ficando tato tempo por lá que quando eu fui ver já era umas 8 horas da noite. Como os ônibus acabam meio cedo fiquei preocupado com o horário mas ainda daria para pegar o trem da meia-noite. O único problema é que não tinha esse trem no sábado. Ainda bem que eu fui no site para checar isso antes de sair de lá... Senão eu iria arrumar minha mochila correndo, ir correndo pra estação, só para descobrir isso... Muito panaca mesmo. Pelo menos eu jantei bem... Resolvi ir pela manhã mesmo, pegando o trem cedo e chegando no começo da tarde...

domingo, fevereiro 17, 2002

Dia 18/01/2002

Bom, última prova do semestre. Eu realmente já decidi não fazer a prova na segunda. Dane-se o que acontecer. Eu realmente não vou aprender a matéria durante esse fim de semana mesmo... Vou aproveitar para subir na Torre Eiffel. Acho que vale mais a pena...

A prova em si foi tranqüila, apesar do resto da galera ficar falando que era muito demorada pro pouco tempo que nos deram... Eu só não fiz tudo porque algumas coisas eu não sabia. Mas normalmente eu faço prova rápido... Acho que me acostumei na época do vestibular que eu fazia tudo o mais rápido possível sem nem pensar se está certo ou não. Na verdade, toda a vez que eu mudei alguma coisa na minha prova eu acabei errando. Se eu tivesse guardado as minhas provas eu ia conseguir provar esse fato.

Ah, descobri também que eu não tenho coordenação para fazer linhas retas. Eu tinha que fazer uns diagramas na prova, e sem régua saiu tudo torto. Espero que apresentação não seja uma parte importante na hora de o professor corrigir...

A princípio eu ia viajar hoje à noite mas, pasmem, eu fiquei com preguiça de viajar. Mas o motivo mais forte foi terem me falado que amanhã teria um jogo de rugby que é o clássico da França: Toulouse e Paris, jogando em Toulouse. Eu acabei ficando só pra comprar o ingresso, ver o jogo e viajar umas 11 da noite.

Dia 17/01/2002

Boca livre!! Nós tivemos um encontro com o presidente do INP (nossa faculdade) totalmente separados dos outros estrangeiros. Enquanto eles tiveram uma reunião com quase 50 estrangeiros, seus tutores e tudo, nós éramos 10 brasileiros, os tutores de cada um e o presidente... A reunião era mais para fazer um resumo do nosso período aqui na França e o que a gente estava achando tanto do ensino quanto da vida aqui. Claro que uma das primeiras coisas que eles colocaram na reunião foi o modo como a gente levou a vida logo depois da explosão, parabenizando a gente por não termos pedido ajuda e se virado tranqüilamente. De qualquer forma foi bom saber que eu poderia usar isso como desculpa para qualquer problema que eu estivesse tendo na faculdade... Não tem muitos, na verdade... Cada um falou mais ou menos o que achava da faculdade, se foi bem acolhido ou não... Eu achava que todos iríamos só falar coisas boas, mas acabei falando mais ou menos o que eu pensava e os outros também... Os professores levaram as reclamações numa boa, sem problemas.

A melhor parte do encontro foi realmente a quantidade enorme de frios, queijos, sobremesas, vinhos... Comi até não agüentar mais... O pessoal todo trouxe quem estava em casa (namoradas, irmãos, amigos...) e ainda assim sobrou comida. Os professores são bons gourmets também, pelo que eu vi. Fiquei conversando com alguns deles durante o almoço (que era mais ou menos o objetivo principal). Muito social. Até roubei uma garrafa de vinho pra mim.

Bom, o dia acabou. Tinha que voltar pra casa para poder estudar para a porcaria da prova de amanhã... E arrumar também as minhas coisas pra viajar, quem sabe, quando eu estivesse sem saco. Além disso todo mundo estava pensando em ir patinar...

Acabou que ninguém do Arsenal foi patinar. Ficamos todos em casa... Eu fui é jogar playstation na casa do Tavares...

Dia 16/01/2002

Tinha umas conferências hoje na faculdade sobre CVs, como fazê-los, como se comportar em uma entrevista... Eu não sabia que era isso até muito tarde, e também estava com preguiça de participar de qualquer coisa... Bem, eu tinha que estudar pra prova de sexta. Sempre é uma boa desculpa para não fazer nada (nem estudar).

Aproveitei então o tempo “livre” para organizar a viagem para a Suíça e Alemanha durante a minha semana de esqui. A programação ia ser apertada e eu tinha mais ou menos que saber quais eram os horários dos trens e onde eu iria dormir em cada lugar... Isso enche o saco. De vez em quando penso em entrar em uma excursão e só relaxar...

O tempo está passando rápido... Já são 6 meses longe do Brasil... Falta só mais um pouco...

Saindo completamente do assunto, finalmente arrumam minha pia!!! Uma das coisas que mais me irritavam era o fato de que a pia do meu quarto estava entupida. Nada descia por aquela porcaria. Eu até tinha preguiça de fazer a barba porque para descer os fios de barba cortados demorava algumas horas e eles voltavam o tempo todo quando eu abria a torneira de novo. Aí que eu lembrei que o concierge pode arrumar essa porcaria, já que eu não tinha as ferramentas necessárias. Foi uma boa surpresa quando eu cheguei em casa. Nunca mais vou ficar brigando com o ralo da pia.

Dia 15/01/2002

Eu comecei hoje a pensar seriamente em não fazer a prova de Pesquisa Operacional. Eu já não sei nada da matéria mesmo... E ainda por cima eu estou organizando uma pequena viagem para Paris antes da minha semana de ski (na qual eu não vou esquiar) por causa do show do David Gilmour. Aliás, já tou com o ingresso na mão! Chegou durante a minha viagem...

Eu tenho uma prova na sexta de engenharia de software. Como eu vou estudar para essa com certeza (depois de fazer aquele trabalho é obrigação moral eu tirar uma boa nota...), eu teria apenas o fim de semana para estudar para a prova na segunda, e ainda por cima eu só poderia sair para Paris na segunda à noite. Se eu matasse a prova (acredito que não teria muitas conseqüências mesmo...) eu poderia sair logo na sexta-feira depois da prova e chegar no sábado de manhã. Isso me daria praticamente uma semana para visitar a cidade e talvez algum outro lugar ali perto... Vou pensar muito nisso...

Dia 14/01/2002

Como eu não tinha aula hoje mesmo, eu fiquei acordado até umas 4 da manhã jogando Civilization... Eu só tenho uma prova na sexta-feira e outra na segunda... Fora isso eu tinha um monte de fotos pra arrumar, e coisas para escrever...

Dia 13/01/2002

Nossa... Tinham me falado que os dias seguintes ao dia de ski eram os piores. Realmente não estavam errados. Acordar foi um pouco difícil. Apesar disso eu tinha combinado com uns estrangeiros que estudam comigo lá no N7 para ir à Cité de L’Espace. Como Toulouse é uma das sedes da Agência Espacial Européia eles fizeram um parque parecido com a NASA lá na Flórida, mas com várias coisas legais mostrando como funcionam os foguetes, as comunicações... Ou seja, um lugar para geeks.

Bom, fui eu, um alemão chamado Massimo, um húngaro cujo nome se pronuncia Lótzi (a única coisa que eu sei do nome dele é que se escreve completamente diferente disso) e um americano que eu nem sei o nome... Pegamos o ônibus e quando chegamos lá (depois de uma viagem digamos longa) o parque estava fechado. Muito legal... Ele estava fechado desde o começo do ano para reparações e só iria abrir em dois dias... Aliás, eu não poderia ter ficado tão feliz, principalmente por estar com o corpo todo doendo de ontem... Não havia outra solução: voltar pra casa e dormir.

Dia 12/01/2002

Bom, eu tinha que fazer isso pelo menos uma vez aqui na Europa... Eu me inscrevi em uma journée de ski organizada pela faculdade. Eles tinham dito que seria só para avançados, mas como vários dos brasileiros se inscreveram eu resolvi fazer o mesmo... Eu sempre quis testar minha habilidade no ski... Acordamos muito cedo, já que o ônibus ia sair umas 6 e pouco lá da faculdade para poder aproveitar bem o dia... Todos os brasileiros foram juntos e lá encontramos o alemão Joachim, que iria também. Como ele já tinha uns 6 anos de experiência com ski ele iria nos ajudar. Ele ficou até como nosso professor durante o dia todo, avisando isso para o cara que estava organizando...

A estação que fomos é nos Pirineusm e se chama Peyragudes. Até chegar lá eu não tinha visto neve em nenhuma montanha. Achei até que a gente não iria encontrar neve na estação... Mas tinha bastante (ainda bem!). Fomos direto alugar os equipamentos...

Logo aí já começaram as situações ridículas. Eu fui pegar as botas de ski, mas como eu nunca tinha colocado uma eu não sabia se ela deveria ser apertada, ou meio solta... Não sabia nem fechar direito. Belezam essa parte ultrapassada, tinha os skis... Eu não sabia carregar os skis, e quase batia na cabeça dos outros (igual filme) quando eu me virava. Fui lá fora, coloquei as duas botas (ô dificuldade), e estava pronto para partir. Aliás, pronto nada, tive que tirar uma bota de novo para regular os skis. Como eu ia saber que tinha que regular os skis??

Tá. Agora eu estava pronto. Fomos para a neve, e eu coloquei os skis. Aliás, sofri para colocar os skis. Era mais difícil do que parecia, porque eu não conseguia colocar o segundo pé depois que eu já estava com o primeiro em um ski... Ficava escorregando.

Tá, agora eu estou mesmo pronto. Claro q não! Todo mundo tinha trazido a mochila (não sei por que) e eu tive que ir levar a minha pro ônibus.

Sim! Agora eu comecei a esquiar. Na verdade eu fui meio q deslizando ajudado pelos bastões até o elevador, quase que não consigo parar para esperar a cadeirinha passar... Subi na cadeira e fui até lá em cima. Nisso eu já me enrolei com os skis... Quando se chega lá em cima tem que dar um pulo e já começar a esquiar descendo por uma pequena elevação e chegar em uma parte meio plano. Preciso dizer que eu já caí? Acho que não. Eu fui esquiando meio agachado e pra parar eu caí de lado. Que dificuldade de me levantar! Com aqueles pés aumentados alguns metros pelo ski fica praticamente impossível. Acabei tirando meu ski e levantando normalmente. Coloquei ele de volta... O cara que estava responsável pela gente (um cara mais velho, que estava junto com o Joachim tentando ensinar alguma coisa) começou a mostrar como fazer para andar deslizando com o ski. Parecia fácil vendo ele fazer. É como patinar, só que com os skis... Mas eu nunca tinha patinado, e acabou sendo meio ridículo. Claro, os outros não estavam muito melhor. Uma hora eu consegui cair porque eu cruzei os skis só deslizando, e consegui até que um dos skis saísse do meu pé... Muito figura. Depois eu tinha que subir em um pequeno monte para tentar descer um pouquinho, mas não conseguia subir, nem mesmo andando de lado. Era uma cena muito babaca.

Não sei por que (acho q foi porque o cara já estava cansado de ficar com a gente), o professor manda a gente começar a descer. Tá, eu achava que seria tranqüilo. Eu cairia, mas a pista era para iniciantes e não seria tão ruim. Só que não era bem assim. A pista tinha curvas, e era muito mais íngreme do que eu pensava... O começo era até fácil, só que como eu não sabia como fazer para virar eu simplesmente caí. Foi uma queda meio feia, mas nada de mal aconteceu. A Maira que veio logo atrás levou um tombo tão feio que os skis dela já voaram, e foi o primeiro tombo! Bom, fazer curvas não era comigo e toda vez que eu tinha que fazer curva eu caía. Aliás, toda vez que eu tinha que fazer alguma coisa eu caía. Virar é muito difícil. Além de tudo eu tinha a mania de ficar curvado pra trás com medo de cair de cara, e aí eu caía de bunda mesmo. A pista tinha uma parte que para mim parecia ser uma queda de 90 graus. Claro que depois eu percebi que não era tão ruim assim. Mas aquela história de ir esquiando com os skis abertos atrás para ir mais devagar funcionava muito pouco comigo, principalmente quando eu conseguia cruzar as pontas dos skis. Claro que eu caía nessa hora. Aliás, eu tou tentando lembrar de algum momento que eu não caía. Para piorar a história a neve tava meio dura nessa parte e quando caía não tinha jeito de parar não... Eram uns 50 metros deslizando de bunda. A parte final da descida era mais tranqüila, mas aí já era hora de parar porque estava chegando no barzinho... Que falta de responsabilidade colocar um barzinho no final da pista... Quem disse que eu consigo parar antes de chegar na cadeira do pessoal? Qual a solução? Cair.

Era meio ridículo ficar vendo criancinhas de 3 anos de idade esquiando melhor que eu, mas eu não tinha muita opção. Depois de tanto esforço eu sentei um pouco para descansar, já que eu não conseguia me mexer direito, quanto mais colocar os skis de novo para poder subir. Mas inevitavelmente eu subi de novo (eu não ia ficar sentado o dia inteiro mesmo...). Nas outras vezes que eu desci não foi tão ruim. Eu caía menos, sim, mas caía mais feio porque ia pegando confiança, indo um pouco mais rápido, e aí doía mais a queda... O que me deixa mais com raiva é que eu caí todas as vezes que saí do teleférico, menos a última... Depois era uma beleza... Quedas e mais quedas, principalmente quando eu não conseguia virar (eu sou tão bom nisso que eu conseguia virar pra esquerda mas pra direita não ia de jeito nenhum...).

Bom, a queda mais legal foi quando eu tava indo rápido o suficiente, estava em pé por um bom tempo e encontrei pela minha frente um montinho de neve. Não preciso dizer que fui eu de cara na neve, comendo gelo... Minha toca voou longe, meu óculos de sol também e meus skis eu nem sei pra que lado eles foram. Só sei que os dois saíram do meu pé. Acho que a queda foi tão bonita que duas pessoas pararam, sendo que uma garota ainda foi buscar meus skis porque tava eu perdido no meio da pista sem skis, com todo mundo descendo e passando do meu lado. Agora... colocá-los no meio da pista não é fácil... Eu tentei , tentei mas finalmente desisti e desci a pé mesmo, carregando tudo no meu ombro. Foi uma cena meio ridícula...

Os outros brasileiros tiveram seus problemas também. Há, é claro, os que foram um pouco melhor... Mas o Tavares, que pegou snowboard, não conseguia ficar em pé, a namorada dele desceu uma vez só, e a Maíra consegui descer de lado na pista porque estava com medo de meter as caras...

Depois de mais de 50 quedas, muitas das quais bem interessantes (como eu queria que tivessem filmado isso...), chegamos ao final do dia. Eu até que não estava molhado, mesmo depois de cada quieta eu ficar completamente coberto de neve e ter neve entrando por baixo do meu casaco... Ainda bem que eu consegui emprestar de um alemão amigo nosso uma calça pra isso... O pessoal que usou calça jeans para esquiar estava “meio” molhado...

Tirar aquela bota de andar na Lua e colocar minha bota normal foi um prazer enorme... Parecia que eu estava flutuando. Aquela coisa pra esquiar parece que foi feita justamente para que eu não conseguisse mexer meu tornozelo. Agradeço muito aos criadores dessa bota. Aliás meu tornozelo agradece. Já meu joelho pede uma criação parecida pra ele...

Hora de ir embora. Pegamos o ônibus e chegamos sãos e salvos em Toulouse. Meio quebrado, eu diria, mas ainda conseguia andar (com dificuldade, claro).

Saldo da journée de ski:
- Nenhum osso quebrado (ainda bem).
- Braços doendo (de tanto ter que levantar de lado com os skis depois das quedas).
- Traseiro doendo (vocês não tem noção do quanto a neve é dura).
- Joelho praticamente destruído (toda vez que eu caía um ski ia pra um lado e o outro ia para uma direção diametralmente oposta... Não sei como ainda tenho pernas ligadas no meu corpo).

Dia 11/01/2002

Heh, a primeira prova foi logo 8 da manhã... Não é uma boa hora para fazer uma prova, e uma prova não é a melhor coisa para ajudar o dia a ser interessante... Ainda mais aquela prova. Era uma prova de Modelisation du Parallelisme. Eu praticamente não sabia nada. Da prova, que valia 20, eu só fiz questoes que, se eu acertar todas, tirarei 9. Quero só ver minha nota depois... O resto do pessoal também não foi muito bem, o que me deixou feliz. Eu sei que ficar feliz com a desgraça dos outros não é muito bonito, mas era o único jeito de eu me sentir feliz...

Ainda tive uma maravilhosa notícia no intervalo. Meu grande amigo Tarik tinha feito o relatório. Só que ficou uma merda. Mas muito merda mesmo. Eu não consigo descrever quão merda ele ficou. Mas como eu não tinha tempo nem saco de fazer nada eu só falei: “ficou legal.” Ainda por cima colocamos de novo os mesmos desenhos de sempre (o cara nem para fazer uns diagramas a mais como a gente tinha combinado... também, ele deixou tudo pro último dia... parece até alguém que eu conheço). E, para completar, ele queria que eu imprimisse o código fonte do nosso programa (muuuuitas páginas) para entregar... Eu só falei que ele estava maluco, mas como ele ficava pedindo eu imprimi alguns dos arquivos... Ficou uma porcaria no final mesmo... É a vida.

A segunda prova foi um pouco melhor. Era sobre algo que eu conhecia melhor, sobre aspectos avançados de sistemas operacionais. O único problema era conseguir enrolar o professor em francês... Acho que até fui bem. Vamos esperar os resultados...

Para completar o dia, uma pequena aula de pesquisa operacional. Eu não tinha nenhuma idéia do que estava se passando na aula, mas eu ainda ia fazer a prova em uma semana e era uma boa hora de começar a aprender... Foi um desastre. O professor falava pra dentro... Eu já não entendia nada do francês dele, quanto mais da matéria em si (o que já é complicado em português, como tinham me falado). Além de tudo eu já tinha feito duas provas... Foi aí que eu comecei a duvidar da minha vontade de fazer essa matéria mesmo...

Dia 10/01/2002

Bom, agora acabou a desculpa. Tenho duas provas de uma mesma matéria (como assim provas da mesma matéria?) amanhã, e praticamente não sei nada. Se essas provas fossem na segunda eu teria tomado um ferro bonito. Não sei se vai ser muito diferente amanhã, mas certamente eu tive tempo suficiente de me preparar. Ainda mais porque todas as outras matérias acabaram (tirando Recherche Operationelle, que eu não sei porque eu tou fazendo). Assim eu tenho o dia praticamente livre só para ler coisas. Mas... muito melhor ficar em casa sem fazer nada heh.

Amanhã também seria a entrega do trabalho escrito (sim! Não acabou o suplício!). Obviamente eu não quis faze-lo. Achava que já tínhamos ‘combinado’ que ele iria fazer a parte que eu não saberia fazer direito, que é exatamente escrever em francês. Eu sei que seria bem interessante para mim me esforçar para escrever, aprender e tudo mas realmente eu não iria ter tempo de estudar E escrever um negócio de 10 a 20 páginas. Claro que eu praticamente mandei o marroquino fazer... E foda-se se ele não fizer.

Dia 09/01/2002

Alguns dias eu não tenho nada a dizer... Esse aqui é um deles. Será que eu continuo a escrever essas besteiras? Talvez seja melhor em tempo de não-viagem eu simplesmente não escrever nada. Afinal, não há nada marcante. Só uma rotina chata, mesmo sendo a 9000 km do Brasil. Às vezes eu nem falo francês durante o dia... Fui só à faculdade para checar email e ver o que eu precisava estudar pra prova. Nada de mais...

Dia 08/01/2002

A apresentação foi bem tranqüila, apesar da preparação tosca. O professor gostou do que eu falei (pelo menos pareceu). Talvez seja porque eu não sei falar francês. Mas isso é apenas um detalhe. O importante é que tinha desenhinhos no retroprojetor e que eu mostrei como eu criei a porcaria do trabalho. Era meio engraçado de ouvir o outro cara falando que ele tinha feito alguma coisa e explicando o porquê de fazer tal ou tal escolha de implementação. Já a apresentação prática (que foi atrasada em quase duas horas) fui eu quem fiz, até porque não dá para duas pessoas mexerem no programa para mostrar como funciona. Eu que sabia como ele funcionava mesmo...

Aliás, esse fim de semana eu senti falta de comer, já que não tinha nada em casa. Toda vez que eu viajo eu levo toda a comida que eu tenho em casa pra não estragar nada. Como eu não tenho geladeira isso funciona muito bem, porque geralmente é só pão, biscoitos e, claro, um monte de chocolate. Não seria muito interessante eu levar dentro da minha mochila uma dúzia de ovos só para elees não estragarem... Acho que vou mudar essas práticas porque toda vez que eu chego num fim de semana eu fico passando fome (os mercados não abrem no domingo). Comprei um monte de besteira no mercado e levei pra casa...

O irmão do Baiano resolveu ir embora... Fomos lá jantar todos juntos para se despedir dele... Foi um bom companheiro de viagem. Eu ainda aproveitei e roubei umas fotos da máquina digital dele também... Apresentação do trabalho e testes pela manhã (atrasados, mas foi bem).

sexta-feira, fevereiro 15, 2002

Dia 07/01/2002

Obviamente eu tinha que faltar no meu primeiro dia de aula. Era a última aula da matéria antes das provas finais. Bem, o que eu posso fazer se eu dormi demais? Fui para a faculdade de qualquer maneira já que eu tinha uma apresentação de um trabalho amanhã mesmo... Como era em dupla eu precisava encontrar o cara. Encontrei, mas ele só poderia trabalhar sobre isso depois das 6 da tarde... O que me daria praticamente o dia inteiro pra não fazer nada. Isso me deixou com muita raiva, mas eu não iria fazer essa parte do trabalho sozinho também. Eu já tinha feito toda a parte prática... Pelo menos essa parte ele podia fazer... De qualquer maneira o Oto tinha falado que ia ver o Senhor dos Anéis no cinema mesmo, e isso me deixou com espaço livre para acompanha-lo.

Achei que o filme ficou muito bom. As imagens da Nova Zelândia são realmente sensacionais e a história ficou fiel ao livro em um grau suficiente. Afinal, o diretor não poderia contar um livro de 500 páginas nas 3 horas (que já são bastante) sem mudar nada... Gostei bastante...

Finalmente o trabalho. Na verdade tudo que eu esperei foi para dizer que eu traria os jpgs dos diagramas que EU tinha feito no dia seguinte, e que a gente iria imprimi-los em transparências. O cara nem pra fazer um PowerPoint com as coisas... Como ele estava com preguiça e eu realmente não ia levar ele nas costas mais uma vez deixei pra lá. Afinal, a nota é dele mesmo. A minha nota não é tão importante já que eu já fiz a matéria no Brasil mesmo...

Dia 06/01/2002

Ah... Como é bom dormir até tarde de vez em quando... Fui até comer no Fluch de novo para comemorar minha chegada. Empanturrei-me de comida... Tava precisando, pra falar a verdade.

Fui com o irmão do Baiano até a casa do pessoal com internet. Ficamos passeando entre a casa do pessoal porque ninguém estava em casa ou porque iria sair. Acabei ficando na casa do Kadao mesmo, que estava com a namorada, a irmã e uma amiga visitando. Fiquei lá até de noite...

Dia 05/01/2002

Cheguei muito cedo em Hendaye, uma cidade na fronteira da França com a Espanha. Tive que esperar o meu próximo trem que iria para Toulouse e que sairia em uma hora. Acabei até encontrando duas amigas de um cara que está em Toulouse também e que estavam indo para Paris (trem diferente). Finalmente peguei o trem para chegar em casa... Não agüentava mais viajar. Fui dormindo boa parte do percurso ou continuei lendo o Lord of the Rings (sim, estou lendo de novo). Quando estava no quinto sono, sem saber muito o que estava acontecendo, uma gorda resolveu sentar do meu lado. Não que eu tenha algo contra gordos, mas eu estava muito bem espalhado nos dois bancos e não gostei muito de ela ocupar meu espaço todo... Tinha outros lugares para ela sentar poxa.

Ah... Toulouse. Casa. Fui até andando para casa de tão feliz que eu estava em chegar finalmente. Só tinha um problema. Eu não tinha a chave de casa pois tinha emprestado para o Ferrari colocar uma parte de sua família que veio visitá-lo. Mas antes disso fui tentar almoçar. Encontrei praticamente todo mundo que já estava em Toulouse por lá... Menos o Ferrari. Foi aí que eu fui descobrir que ele estava viajando para um chalé nos Pirineus naquele momento e que eu poderia ficar sem minha chave... Foi o que aconteceu na verdade. Então eu tinha que procurar a concierge para poder pegar a minha chave extra... Só que ela não estava lá... Fiquei então esperando no quarto do Baiano durante um tempo... Até que enchi o saco e fui lá utilizar o telefone de emergência. A mulher apareceu e aí eu dei o maior vexame. Depois de tanto tempo fora de casa e tantas casas diferentes eu já não sabia mais qual o número do meu apartamento. Foi uma vergonha. Eu também não sabia qual dos prédios era e isso só foi piorando minha imagem... Até que finalmente apareceu o número. Eu falei, mostrei meus documentos, e ela me deu a chave. Foi a glória. Adorei entrar no meu quarto, deitar na minha cama...

Ah, mais legal ainda aconteceu umas duas horas depois. Eu não tinha trancado a porta já que estava dentro do quarto. Quando fui sair eu tentei trancar a porta e a chave não funcionou! Como ela pode ter aberto a porta e não querer fechá-la? Fiquei desesperado porque eu podia passar o resto do fim de semana dentro do meu quarto por não poder trancar minha porta... Fui correndo falar com a mulher de novo e ela foi até o meu quarto pra ver qual o problema. Realmente a chave não fechava o quarto, e nem abria (ela fechou com a chave dela e a gente tentou). Tive então que entrar no quarto do Ferrari com a chave-mestra dela e procurar a minha própria... Achei, e essa funciona que é uma beleza. Nunca entendi o fato de a chave ter funcionado uma única vez...

Dia 04/01/2002

O velhinho não ficou muito feliz de acordar 7 da manhã para abrir a porta pra gente. Mas dane-se, as regras eram claras e eu cheguei na hora marcada. Mas dormir das 7 e pouco até umas 9 horas não ajuda muito a descansar... O dia também seria longo. Mas como eu tinha que sair até umas 10 horas mesmo eu não tinha muita opção. Levei de novo minha mochila pelas ruas de Madrid até o albergue da galera e deixei tudo em um locker, já que eu estava pegando um trem à noite para casa. Encontrei o resto do pessoal e fomos conhecer o resto de Madrid, principalmente porque estava fazendo sol.

Chegando ao Palácio Real quem encontramos! De novo um grupo da CAPES estava por lá. A gente andou um pouco juntos por ali, mas eram mais de 10 e não daria pra fazer turismo com tanta gente ao mesmo tempo... Andamos também pelo centro de Madrid (muito legal, mas muito cheio de gente). Presenciei nisso um turista (devia ser americano) dando um tapa na cara de uma mulher. O legal foi que ele achou que ela estava metendo a mão no seu bolso pra rouba-lo mas a mulher não entendeu nada... O cara que estava junto com a mulher queria dar umas porradas no turista... Gostei muito da cena hehe.

Fui finalmente ao Reina Sofia, um museu com obras mais modernas, entre elas a Guernica de Picasso entre outras obras dele, Miró, Dali... Muito interessante. Só que todo mundo já estava meio cansado, principalmente se juntarmos o fato que ninguém dormiu mais de 3 horas... Eu tava empolgado porque eu não tinha parado de andar, porque se sentasse em algum lugar eu iria cair de sono também. Tinha gente se arrastando praticamente. Tava até engraçado ver a parte mais contemporânea, já que a gente passava por cada quarto em meio segundo e passava pro próximo.

Aliás tinha um moleque pentelho que estava com a mãe por lá e que ficava metendo a mão em todas as obras. Teve uma hora até que ele pegou um lápis e começou a rabiscar um quadro... Segundo os segurançaas disseram ele não podem fazer nada além de chamar a atenção e quem tem que tomar conta do garoto é a mãe... Bom, ainda bem que eram as obras mais contemporâneas. As mais antigas (e valiosas provavelmente) estavam bem cuidadas. A Guernica por exemplo tinha duas pessoas olhando. O que, obviamente, não seguraria alguém com uma faca entrar e rasgar a pintura toda... (acho que eu tinha dormido pouco mesmo pra ficar pensando essas coisas).

Logo depois foi hora de um McDonalds... Fome é foda. Ainda tinha vontade de conhecer um parque chamado Bom Retiro para ver um pequeno palácio que tinha sido construído do lado de um lago artificial. Segundo o guia era bem bonito, com uns negócios egípcios... Eu praticamente arrastei todo mundo para lá (realmente tinha uns que estavam caindo pelas tabelas...)... Depois de andar muito passamos por um palácio de vidro parecido com aquele que a gente tem em Petrópolis que já valeu a andada... Ainda bem, porque quando chegamos no maldito lago artificial ele estava rodeado de tapumes e quando eu olhei pelas frestas entre eles vi que aquela merda estava vazia. Havia uma placa do lado dizendo que eles estavam limpando o lago... Mas tinha que ser logo quando eu estava lá em Madrid? Hehe, fica pra próxima. Pelo menos o palácio era bonito mesmo...

A visita a Madrid terminou tranqüila... Fui até o albergue, peguei minhas coisas, dei uma esperada porque não estava na hora ainda e fui para a estação. Era a primeira vez que eu ia viajar de couchette (caminhas no trem)... Não porque eu queria, já que sempre é mais caro, mas dessa vez era mais barato eu viajar assim que ir sentado... Nunca entendi essa lógica... tudo bem, quem sou eu pra reclamar. Viajar deitado devia ser muito bom. E foi, pra dizer a verdade. No começo eu não sabia onde era a minha cama, até descobrir que elas eram numeradas... E a minha era lá em cima, a terceira cama. Tive alguma dificuldade para subir e tal, principalmente por causa dos outros 5 que também tinham que arrumar suas camas e suas malas. Ainda bem que eu cheguei antes e arrumei um lugar pra colocar minhas coisas, porque eles realmente não pensam que pessoas viajam com bagagem... Só tem camas na cabine. Tem um lugarzinho onde eu meti a minha mochila mas os outros tiveram que deixar as coisas no chão mesmo... Eu só esperei o controlador para poder dormir bem... Muito melhor do que dormir no trem sentado, como eu sempre fiz... Tem um problema que é o tamanho da cama, que é praticamente um metro e oitenta. Eu tenho quase isso, e assim meu pé já encostou na parede... Se fosse um pouquinho maior eu acho que não caberia.

quinta-feira, fevereiro 14, 2002

Dia 03/01/2002

Resolvemos acordar cedo e levar todas as coisas para o outro albergue de novo. Não fiquei muito feliz de levar minha mochila pra lá e pra cá (afinal, eu não faço outra coisa), mas continuar naquele lugar não dava, principalmente se quiséssemos conhecer a noite de Madrid. Ter que voltar praquele lugar de madrugada não estava no meio das opções factíveis. Além do mais o check-out do albergue é geralmente algo perto de 10 horas e assim poderíamos dar sorte e encontrar alguma vaga por lá... Óbvio que tinha que estar chovendo de novo só para eu atolar

O Miguel, um amigo do Baiano lá de Salvador já estava lá e tinha entrado na lista de espera. A gente ficou atrás de um monte de gente... A Andréa chegou também, mas mulheres têm quartos separados... De qualquer forma não ia ter lugar para todo mundo lá. O Baiano acabou ficando com um lugar e o cara do albergue nos indicou uma pousada ali perto para os dois que tinham sobrado. De novo lá vou eu andando com minha mochila pela rua até lá...

A pousada era na verdade um apartamento de uns velhinhos que resolveram pegar os quartos e alugar... O preço era mais caro que preço normal de um albergue na Espanha, mas eu não tinha muita escolha de qualquer maneira... O quarto era bom, parecendo ser um quarto de empregada lá no fundo da casa. O legal era que tinha um banheiro do lado que nenhum dos outros ‘moradores’ usaria, já que era passando toda a casa deles (o quarto dos velhinhos e a cozinha). Praticamente uma suíte. O mais legal era que a gente iria sair de noite mesmo e obviamente eu não poderia entrar no quarto às 5 da manhã... Era chegar antes da 1 ou depois das 7...

Foi a deixa para ir visitar Madrid. A cidade segundo o guia do Frommers não tinha nada de muito interessante além dos museus. Passamos pelo prédio do correio (muito bonito por sinal) e fomos para o Prado. É acho o maior museu da Espanha de arte... As meninas de Velásquez está lá, além de várias pinturas de Goya. Ainda bem que a gente ficou dentro do museu um tempão, já que estava rolando uma boa chuva lá fora... Ainda peguei chuva na hora que eu saí (acho que algo na Espanha não gosta de mim...). Obviamente o dia acabou porque eu não agüentava mais ver museu depois desse e tinha que descansar antes de poder sair à noite. A noite seria longa... Dei uma dormida lá no apartamento dos velhinhos, e eles ficaram meio surpresos que perto das 11 da noite eu estava saindo... Fomos a uma discoteca muito legal, com 7 andares, vários ambientes... O único problema era os preços do lugar... De qualquer forma tivemos que ficar lá esperando até perto das 6 porque o metrô não funcionava e eu não poderia entrar de qualquer maneira no meu quarto...

Dia 02/01/2002

Acordei bem cedo de novo e fui junto com o Leandro para a estação. Ele já tinha a passagem comprada para uma cidadezinha onde ele ia esquiar. Havia já um trem logo às 8 e meia e, como é o normal do Interrail, eu subi no trem, achei um lugar e sentei. Claro que na hora que passa o controlador tinha que dar uma merda. Tava demorando pra acontecer alguma merda na Espanha. O controlador primeiro me pergunta se eu tinha pago o suplemento. Eu obviamente não tinha, mas sempre dou aquela de ‘eu não sabia’. Aliás, eu não sabia. Achava que eram só os trens mais rápidos que precisavam de suplemento. Além disso ele perguntou se eu tinha a reserva, porque o trem estava lotado. Aí sim eu fiquei preocupado, porque eu não queria viajar 7 horas em pé. Não houve esse problema, porque o controlador disse que eu teria que sair do trem na próxima estação e esperar o próximo trem (2 horas e meia depois...). Eu fiz isso, mas o cara ainda me quebrou o galho e me deixou ir até Zaragoza, onde entraria o resto dos passageiros e o trem ficaria realmente lotado...

A espera sempre é uma merda. Mas não tinha acabado a epopéia não. Fui pagar a porcaria do suplemento e fazer a reserva, mas quando chego lá havia uma plaquinha dizendo que todos os trens para Madrid estavam lotados. Que ótimo. O primeiro trem que teria lugar seria um que sairia às 7 da noite, chegando em Madrid 10 e meia... Ou seja, um pouco tarde para chegar em uma cidade que eu não conhecia e ainda ter que ir pro albergue... Resolvi então tentar entrar no trem e ver no que dava. Fiquei esperando na plataforma e quando o trem chegou fiz o esquema: deixei minha mochila em algum lugar e fui para o banheiro. Situação ridícula aliás. Queria pelo menos esperar uma meia hora pra que o controlador passasse e eu pudesse sair e procurar algum lugar. Qualquer coisa eu podia ficar trocando de banheiro durante umas horas. Mas 3 horas não daria... Fiquei me preocupando com isso durante o tempo todo. O foda foi que toda hora alguém tentava abrir a porta do banheiro... Eu não tinha como ficar ali muito tempo. A hora que eu saí eu realmente não vi mais o controlador. Fiquei feliz no momento. Resolvi então procurar algum lugar para ficar... E finalmente chego no vagão onde tinha o barzinho. Ah, era ali mesmo que eu iria ficar. No meio de um monte de gente comendo e bebendo talvez eu conseguisse me misturar... Fui tentar pegar uma coca mas tava meio disputado o negócio. O controlador passou uma vez, e eu fiquei feliz porque não aconteceu nada... Mas acho que esses caras têm um poder sobre-humano: eles conhecem a cara de todos os passageiros, ou algo do estilo. Por que eu digo isso? Porque do nada ele toca nas minhas costas e pede minha passagem. Eu pensei: fudeu, vou ter que trocar de trem de novo e chegar em Madrid 7 horas da noite... Mas dessa vez ele deixou eu pagar o suplemento no trem e ficar em pé ali no vagão restaurante... Tudo bem, pensei, eu quero chegar logo mesmo... Foi caro o suplemento. Pra aumentar o problema eu não tinha dinheiro suficiente nem em euro nem em pesetas. Ele pegou meu passe e ficou com ele até Madrid, onde eu pagaria... Fiquei lá de pé comendo um biscoito e tomando finalmente a coca que eu fui pedir... Mais um problema foi que ali era uma zona onde todo mundo fumava, e uma hora foram fritar bifes na cozinha... Eu fiquei totalmente defumado... Havia uma outra mulher no vagão que também tinha entrado sem o suplemento pelo que eu vi... Deixa pra lá. De qualquer forma chegamos em Madrid, paguei a porcaria (depois de tirar 100 euros no caixa eletrônico... 2 notas de 50 pratas, o cara quase quis me matar porque ele não tinha troco... teve que dar troco em peseta e euro junto). Era hora de pegar um mapa da cidade (fácil) e chegar no albergue (mais ou menos).

Chegar no metrô e ir até a estação perto do albergue era tranqüilo. O problema foi quando eu saí da porcaria da estação e não sabia onde eu estava no mapa direito. Não existia uma plaquinha dizendo qual rua era qual... Aí é foda. Fiquei rodando que nem uma barata tonta até finalmente encontrar a porcaria da rua... Cheguei no albergue e logo encontrei o Baiano e o irmão dele, que eu iria encontrar lá mesmo. E logo me deram a boa notícia. Não tinha mais lugar no albergue e a reserva que eu tinha feito não servia para nada porque tínhamos chegado depois das 5 da tarde (o baiano chegou logo depois das 5...). O que me deixa puto é que se o cara não tivesse me expulsado do primeiro trem eu chegaria a tempo... De qualquer forma não tinha lugar e depois de reclamar um monte com o cara vi que não tinha mais jeito. Era hora de começar a procurar um novo lugar pra dormir. Não era fácil porque todos os lugares para os quais eu ligava estavam cheios... Finalmente achamos um albergue que tinha lugar, chamado Casa de Campo. Pegamos então as coisas e fomos para lá. O lugar é realmente no campo. Descemos na estação de metrô indicada e começamos a andar. Era um parque muito do bizarro, sem nada a vista, praticamente sem luz. Ainda por cima estava chovendo e a calçada era um lamaçal. Mais um ponto para a bota que eu comprei. Ah, outro detalhe importante. Aquela era a rua da prostituição (e a gente não sabia). Até pedi informação para uma delas porque eu já estava achando que estava perdido... Afinal, era o fim do mundo.

Felizmente nenhuma das prostitutas nos atacou e pude chegar são e salvo no albergue (que na verdade era um camping também mas essa parte estava fechada no inverno). O quarto não era ruim, além de só ter nós três lá... O problema era ter que andar tudo aquilo no meio do mato para chegar à estação de metrô. Comi uns sandubas (o com tortilla estava muuuito bom) lá no pequeno bar do albergue (ainda bem que tinha alguma coisa lá senão eu não iria jantar...) e fui dormir. Acho que foi a primeira boa noite de sono que eu tive desde que eu comecei a viagem...

Dia 01/01/2002

Fomos então para a festa do pós-reveillon. Foi a maior galera dentro do metrô (a maioria sem saber pra onde ir), e empurrando todo mundo no caminho... Brasileiro é foda quando se junta... Ainda tivemos que andar um pouco ate chegar na festa... Era uma galera. Tinha muita gente lá. Era em ginásio de esportes, com os banheiros químicos para fora (acredite, demorei uma hora pra descobrir esse fato, apertado procurando banheiro lá dentro...). Tínhamos direito a cinco drinks de graça (claro que o preço que eu tinha pagado dava para comprar garrafas de bebida... A música era até legal... A festa foi muito interessante, até a hora que fui embora. Eu não sabia como chegar em casa, e o Fabiano me ajudou até chegar. Claro que no meio do caminho eu passei mal por ter tomado quatro copos de whisky com energético e mais um copo de vodka com fanta laranja (acho que era isso). Tinha ainda mais papéis para gastar porque vários tinham ido embora e não tinham conseguido tomar tudo... O Fabiano terminou por me jogar na minha cama no albergue e foi isso. E é tudo o que eu tenho para falar sobre essa noite.

Até que acordei cedo para quem tinha passado por isso tudo... Encontrei o pessoal lá embaixo (os que tinham conseguido acordar), e fui procurar meu óculos, pois ele tinha sido tirado de mim no meio do caminho pra que eu não o perdesse... Finalmente o Fabiano encontrou o óculos no quarto dele, mas ele estava sem uma das pernas... Depois descobri que na hora que foi dormir ele acabou pisando em cima do meu óculos. Dava para usar ainda, mas ficava estranho porque se alguém me olhasse daquele lado ia achar que meu óculos flutuava na frente do meu rosto. Melhor assim do que se eu o tivesse perdido, já que ainda tinha mais viagem... Saí com o Fabiano e o Leandro para conhecer a Pedrera (que eu já conhecia, mas não tinha nada para fazer mesmo...) e ainda passamos no McDonalds. Eu realmente não estava com estômago para comer algo lá, mas tomei pelo menos um sundae. Nesse meio tempo eu consegui falar com mamãe para dar um feliz ano novo... O papai estava na praia aproveitando o calor. Não que na Espanha estivesse frio, mas acho que não tem muita comparação... Fui então para a Praça de Espanha, que era um dos lugares que eu não tinha conhecido direito na primeira vez que fui para Barcelona. Foi o mesmo lugar onde passamos o ano novo, no caso, mas de dia é muito mais legal. Tinha até um monte de caco de vidro das garrafas de champanhe/cidras que a galera tinha quebrado... Andamos um bocado por ali, e depois voltamos para casa para descansar... Afinal, eu não tinha dormido muito mesmo.

Eu fiquei durante os dois dias que eu estava lá procurando cartões telefônicos para poder dar um feliz ano novo para a Vanessa. É impressionante, eu não achava um cartão descente. Assim, encontrei uma lojinha com vários telefones onde eles cobram pelo tempo de utilização, e o preço não estava ruim... Finalmente consegui falar com minha lovezinha :).

Última noite em Barcelona, a gente foi a um bar muito legal perto do albergue cujo nome eu não lembro... Fiquei lá até não agüentar mais... Afinal, eu estaria viajando no dia seguinte o mais cedo possível. Não tinha nem idéia de qual o trem eu pegaria, mas eu tinha que chegar na estação antes das 8 para poder pegar o primeiro trem.

Aliás, hoje foi o primeiro dia oficial do Euro. Todos já tinham pegado umas moedas e notas até o final do dia. As notas são muito bonitas, e as moedas têm uma face igual para todos os países e uma diferente para cada país... Muito legal estar no meio dessa mudança de moeda. Mais legal ainda é ver os europeus completamente perdidos com uma coisa que é tão fácil... Eles na hora que vão devolver o troco em euros parecem umas crianças contando... Ainda por cima tem que ficar olhando moeda por moeda porque não sabiam qual era qual...

Dia 31/12/2001

Acordei (ou fui acordado) umas 9 da manhã. Agora realmente não me lembro quem foi que me chamou, mas era pra sair para comprar ingressos para uma festa de ano novo. Como eu não sabia que horas abria ou fechava a Fnac (onde a gente iria comprar), eu acordei e me arrumei o mais rápido possível. Depois fui descobrir que o negócio só abria 10 da manhã... Mas eu teria que tomar café de qualquer maneira. Fiquei lá embaixo no albergue, e aí que eu lembrei da chave do locker. Fui pedir para a mulher e ela não quis me dar. Era uma vietnamita (ou algo assim) que é quem tava responsável no dia... A mulher tava puta com a pessoa que tinha vomitado no banheiro do nosso andar. Eu perguntei o que diabos isso tinha a ver com a chave pela qual eu paguei... Ela não sabia o que falar mas mesmo assim não me deu a chave. Começou a gritar comigo, eu comecei a gritar com ela. Aí ela disse pra eu falar inglês se eu sabia (porque meu espanhol é algo perto de nulo mesmo). Só que o inglês dela era uma merda também. E ela não me explicava porque não me deu a porcaria da chave. Eu fiquei puto, ela disse que ia chamar a polícia, eu falei pra chamar, mas acabei desistindo de reclamar... Usei o locker do resto da galera do meu quarto mesmo. Afinal, não tinha tanta coisa assim pra guardar...

Saímos para comer alguma coisa e para comprar também o ingresso. Só tinha festas caras, que custam em torno de 23 euros, mas que valia a pena por ser Reveillon... A maioria das pessoas comprou pra uma festa que a mulher do caixa falou que seria legal, e assim começamos a espalhar para todos os brasileiros que aquela seria a festa. Eu deixei para comprar à tarde mas comprei também... Depois do almoço fui com o Leandro e o Fabiano de novo ao parque Güell (apesar de ter ido já da última vez) ficar passeando. Havia um outro grupo que deveria estar lá também, mas já deveria ter saído... Andamos pra caramba porque não existe realmente uma estação de metrô lá perto... Ônibus também não é um sistema muito fácil de aprender...

Voltamos para o albergue para se arrumar para o grande reveillon. Na verdade ninguém sabia exatamente onde iria passar realmente o ano novo, já que a festa só começava meia-noite e meia. Alguém começou a espalhar que o ano novo seria na praça de Espanha. Não sei de onde saiu esse boato, mas como ninguém sabia onde mais poderíamos ficar na virada comecei a espalhá-lo também. Se fosse ruim pelo menos estariam todos os brasileiros juntos (o que quer dizer um grupo de mais ou menos uns 100 brasileiros, juntando galera da França da Alemanha e agregados). Eram mais de 11 horas quando finalmente a galera começou a sair para pegar o metrô. Junto com nosso grupo ainda apareceram duas mulheres do Quênia e uma americana (sei lá de onde saíram). No metrô já foi uma bagunça, de tanta gente que tinha. Chegando na praça parece que os brasileiros se multiplicavam. Nem tinha tanta gente lá em cima no palácio, e éramos maioria obviamente. E certamente o grupo mais barulhento. Ficamos lá pulando tanto que uns japoneses começaram a nos filmar... Depois ainda chegou o pessoal da CAPES da Alemanha (que ficou meio separado). O ano 2002 chega...