Dia 26/01/2002
Eu cheguei a meu destino, uma pequena cidade na fronteira com a Suíça chamada Bellegarde, às 6 e pouco da manhã... Pode-se ver que eu não dormi muito... Fiquei esperando uma hora pelo outro trem e finalmente ele chegou... Como Genebra é uma cidade muito perto da fronteira, só andei uns 40 minutos nesse trem. Não deu nem tempo de tirar uma soneca.
O tempo na cidade parecia maravilhoso. O problema foi uma mensagem que eu recebi do Daniel, que seria meu companheiro de viagem pela Suíça. Ele me diz no telefone que ele conseguiu perder o trem dele e que iria chegar na cidade apenas perto das 11 da manhã... Isso atrasaria tudo... Como eu estava sozinho e não fazer nada até ele chegar era um saco, eu comecei a andar sozinho pela cidade mesmo. Eu não poderia perder essa chance de conhecer a cidade com sol. Eu sempre acho que qualquer lugar com sol fica muitas vezes mais bonito... Bem, fui até o correio, onde tinha um escritório de informações turísticas e peguei um mapa... A mulher até ficou surpresa quando eu perguntei o que eu poderia fazer em duas horas... Era o que eu tinha até o Daniel chegar hehe. Comecei a tirar fotos de paisagem (não vi muito mais coisa além de paisagem por lá)... Subi um morro enorme para chegar ao centro antigo, onde fica a prefeitura e a catedral. Fiquei sentado um pouco por lá e aproveitei para tomar o meu café também (a farofa de sempre... pão com queijo). Acabou que eu cansei de visitar a cidade e voltei, passando por um relógio de flores (Suíça e relógios? Nada a ver!).
Foi aí que me aconteceu uma das coisas mais estranhas da minha vida. Eu estava muito feliz tirando foto de um barco e do rio, com sol e tudo... Estava olhando a foto na câmera digital para ver se ela tinha ficado boa quando chega um cara mal encarado do meu lado e me fala em francês: “bonita câmera”. Eu falo “também acho”, mas pensando “putz, perdi minha câmera... já vi tudo”. O cara aí começa a perguntar de onde eu venho... Eu falo que vim do Brasil e o cara fica todo empolgado, falando que já tinha ido pro México e que gostaria de ir ao Brasil... Eu simplesmente falei que ele deveria ir e tal, que era um bonito país... Me perguntou se eu já tinha hotel, e eu disse que já estava indo embora, estava indo para a estação depois dali... Não estava entendendo onde isso iria chegar. Aliás, eu só estava esperando o cara pedir minha câmera. Aí ele abriu o casaco e mostrou um pequeno broche que ele estava usando. “O que é isso?” perguntei. “Um escaravelho” disse ele. Eu vi que era um escaravelho verde, mas não entendia o porquê de ele me mostrar aquilo. Falei que era bonito. O cara simplesmente olhou pra mim, fechou o casaco, apertou a minha mão e disse “Boa estadia na Suíça”. E foi embora. Eu não entendi nada. Alguém entendeu. Eu pensei que o escaravelho podia ser um símbolo de alguma sociedade secreta, sei lá... Ou então um sinal dizendo que eu não era bem vindo no país... Ou que se eu visse aquilo eu morreria em três dias... De qualquer maneira eu não fiquei ali pra descobrir.
Fui andando para a estação para esperar pelo Daniel. Em uma galeria que era ligada a ela eu achei um banco para poder ficar sentado esperando... Isso do lado de uma mulher que estava tentando vender flores por dois francos suíços (eram umas flores ridículas e caras!). Durante um tempo fiquei vendo a galera toda recusando as flores... Finalmente o Daniel chegou e a gente acabou visitando Genebra de novo. E finalmente eu tive fotos nas quais eu aparecia...
Aliás, tenho um relógio finalmente. Um Swatch mesmo, comprado na Suíça... Caro, mas muito legal... Acho que já estava uns 4 anos sem usar um...
Logo depois pegamos um trem para Montreux direto, pois não daria tempo de passar no albergue para deixar as coisas... O Daniel tinha combinado com o amigo dele na frente do castelo de Chilon, que fica lá... Bom, eu achava que ficava. Ele fica um pouco mais longe... Mas calma, eu não cheguei na cidade ainda. Na verdade eu queria falar da viagem de trem: é uma das viagens de trem mais legais que eu já tive, por causa da vista... Um sol, com um lago e uma cadeia de montanhas nevadas ao fundo... Uma das paisagens mais bonitas que eu já vi...
Finalmente em Montreux. Aí que eu vi o porquê de o vocalista do Queen, o Freddie Mercury, gostar tanto da cidade (aliás, todo o grupo gostava). Tanto que ele comprou uma casa lá. E foi lá que eles gravaram os últimos cds. Fizeram até uma homenagem a ele e colocaram na praça do mercado uma estátua dele olhando para o lago... Para quem não sabe também, a foto da capa do cd Made in Heaven foi tirada ali... A cidade tem um clima muito legal. É o tipo de cidade onde eu moraria quando eu tivesse mais velho, eu acho...
O problema foi que o castelo onde a gente ia encontrar o cara não era tão perto assim... Fomos andando pela beira do lago (recomendo o passeio a todos que forem lá), encontrando uns bichos feitos de palha (o que eles estavam fazendo ali mesmo?), mas o castelo não chegava nunca! Tanto que chegamos atrasados e o cara nem estava ali. Resolvi então entrar e visitar o castelo que qualquer coisa a gente se encontraria no albergue mesmo.
O castelo não era uma coisa tão suntuosa quanto os castelos na França que visitamos. Na verdade, ele era bem pequeno visto de fora. Mas ele refletia legal um castelo mais medieval... Eu diria, sem aqueles confortos de castelos renascentistas. A gente pegou um papel e foi seguindo as explicações... Acho ainda que é o castelo com uma das vistas mais bonitas que existe hehe. Só dentro do castelo, depois de passar por quase todo o castelo, a gente encontra o amigo do Daniel, um cara que tinha ido pra Suíça para fazer um curso na sede da Nestlé (ele trabalha lá) e viajar um pouco também... O cara é até gente boa.
Saímos do castelo e pegamos o ônibus para voltar para a cidade (andar até lá de novo? Naaaah!). Andamos um pouco para conhecer a cidade (aliás, subimos até a parte velha). Nada de mais... Mas é como toda cidade pequena: nada pra ver quase, mas é uma cidade bem acolhedora. Bem como as cidades pequenas que eu conheci na Itália.
Finalmente pegamos as coisas e fomos para Lausanne, onde era o albergue. A gente já chegou meio de noite, e ainda por cima o Daniel não tinha levado o papel falando como chegar lá. Bem, perguntamos pra uma mulher na estação como chegar lá de ônibus e ela deu duas explicações diferentes. Fiquei com a que a gente andava menos, que era andar de metrô e depois pegar outro ônibus... Bem, fizemos isso. No ônibus o motorista disse que avisaria quando descer. Ele fez isso, e ainda desceu do ônibus pra explicar pra gente que deveríamos voltar um pouquinho até que pudéssemos virar à direita e subir um morro, chegando lá... Claro que seguimos as instruções. O morro era um absurdo. A gente subiu quase tudo mas não chegava a lugar nenhum. Comecei a achar que o cara tinha se enganado ou ele tinha de má fé falado o caminho errado pros turistas babacas. De qualquer maneira a gente achou uma alma viva (a única que a gente viu em todo o nosso ‘passeio’) e ela nem sabia sobre o que a gente estava procurando... Então não era o lugar. Voltamos, achamos outro ponto de ônibus (lembrar que tudo isso com as mochilas nas costas), e o cara deu outra explicação. Acabamos voltando para o lugar onde o primeiro ônibus tinha deixado a gente e a porcaria do albergue era quase do lado... Se a gente tivesse atravessado a rua teria achado... Bem, deixa pra lá...
No albergue foi bem engraçado até. Na recepção o cara disse que a gente poderia pegar um quarto só para nós três pelo mesmo preço e a gente aceitou. No final, o cara trocou tudo, colocou a gente em um quarto para 8 e depois disse que tinha se enganado e que a gente deveria pagar mais se quisesse mudar de quarto... Bem, não era um problema muito grande ficar lá, principalmente porque só tinha mais dois desconhecidos... E o albergue era muito bom. Tinha um banheiro no quarto (com 3 chuveiros e 3 privadas... muito limpo) e o albergue em si tinha até sinuca. Claro que o preço era maior que qualquer albergue que eu já peguei, mas isso eu já tinha colocado na cabeça. Afinal, eu estava na Suíça.
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