Dia 29/12/2001
Acordei bem cedo pra pegar o café assim que ele saísse. Já tinha arrumado minhas coisas, e até fiquei um pouco com medo de deixar as coisas no quarto enquanto fui tomar café, mas nada aconteceu. Esse café até foi bom, em comparação com os outros, porque a gente podia pegar as coisas à vontade (na verdade não, mas como não tinha ninguém tomando conta...). Comi até bem, e saí do albergue. Gastei todo meu dinheiro pagando o quarto, já que o cara da manhã me diz que eu não poderia pagar com cartão. Fiquei completamente sem dinheiro na Itália, sem ter muita vontade de pegar mais 50 mil liras (o mínimo...) pra não gastar e ficar com esse dinheiro na mão... Com o euro eu não sei como eu poderia trocar esse dinheiro depois. Assim, não quis entrar em lugar nenhum, e nem pude comprar cartões postais. Mas a visita foi bem legal de qualquer maneira. O sol nasceu quando eu estava saindo do albergue... Passei por uma ponte antiga e dali tinha uma vista muito bonita de igrejas à beira do rio com sol... Depois fui ao Duomo da cidade (pelo jeito toda cidade da Itália tem o seu Duomo), passando por umas praças (com direito à Piazza Nogara, que era um estacionamento... tirei até uma foto da plaquinha), até chegar na Arena novamente. Com sol ela ficou bem legal também. Depois fui para o tal do Castelvecchio, um castelinho que existe na cidade, onde fui abordado por testemunhas de Jeová (até aqui!!) que me deram uns papéis... Eu não entendia nada de italiano, mas tive o azar de o cara ter hospedado um brasileiro de Goiânia durante um tempo. E tempo era o que eu não tinha de sobra, senão eu perderia meu trem...
Fiquei ali um pouco e fui atrás dos monumentos em homenagem a Romeu e Julieta, que eram por ali. A casa de Romeu não estava marcada no mapa e eu não encontrei. A casa de Julieta era um pouco mais longe, mas meio na direção da estação. Fui até lá, mas acabei não entrando. Primeiro porque estava fechada devido ao horário e depois porque não tinha dinheiro. Além do mais, era meio chato entrar em algum lugar com aquela mochila enorme. Tirei uma foto pelo menos da estátua da Julieta que estava ali na frente. Depois fui em direção à tumba da Julieta. Também não entrei mas o lugar era até bonitinho. Tinha até uma árvore dos desejos na frente (não sei o que tinha a ver com a história) onde as pessoas penduravam papéis com seus desejos escritos. Mais uma foto, e c’est parti! O trem me esperava.
O dia foi um pouco chato por causa dessa parte. Não havia muito o que fazer no trem além de ler, fazer farofa (ainda bem que eu tinha pães, queijo...) e dormir. Dessa vez os trens da Itália se superaram e não atrasaram nenhuma vez, pelo menos não o bastante para eu perder conexões. Eu já até tinha feito planos B e C caso isso aconteceu, mas felizmente não precisei deles. Cheguei 7 e meia da noite em Ventimiglia (ainda bem que eu não cheguei 8 da manhã, porque realmente a cidade era um ovo...), e tive que ficar esperando duas horas pelo trem que me tiraria da Itália. Finalmente a hora chegou (eu com uma dor de cabeça dos diabos) e eu fui para o trem. Até fui um pouco cedo e o trem estava ainda vazio. Eu fui para o lugar que eu reservei, mas era uma porcaria. Ele ficava exatamente do lado da porta que dava para o outro vagão. Assim, eu sentei na poltrona do lado e fiquei esperando. Foi chegando gente. E mais gente. E finalmente mais gente ainda. Acho que eu nunca vi tanta gente num trem. Muita gente de pé, todos os lugares ocupados... Impressionante. Ainda por cima o vagão ficou com a luz acesa o tempo todo. Um dado momento entrou uma garota que tinha reservado a poltrona que eu tava... Foi foda, eu tive que ficar na que eu reservei e não foi muito agradável. Toda hora passava alguém para ir ao banheiro, ou para tentar achar lugar em outros vagões porque o nosso já estava lotado até demais. Umas americanas em uns bancos mais à frente não pararam de conversar alto a noite toda, pessoas quando passavam batiam com as malas em mim... Ainda tinha uns italianos lá na frente que tomaram garrafas de tequila e estavam muito bêbados e ainda por cima ficaram gritando ‘Tequila!!’ o tempo todo... Um deles até vomitou no espaço entre os dois vagões (ou seja, logo atrás de mim...). Dois italianos ainda ficaram nos bancos dos lados e ficaram ocupando quatro, dizendo pra todo mundo que queria sentar que eles estavam reservados... Quase que apanharam uma hora. Querem ser tão malandros quanto os brasileiros, dá nisso! Ainda por cima não tinha espaço suficiente pra minha perna, porque os bancos eram dois a dois, e eu ficava de frente pra uma outra pessoa. No caso era uma japonesa que estava dormindo e que, coitada, levou uns dois socos dos italianos que caíam de bêbados quando passavam por ela... Tava tão ruim a situação que era engraçada demais. Acho que ninguém entendeu porque eu ria o tempo todo.
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