Dia 28/12/2001
Hoje foi só chato porque temos que fazer o check-out antes das 10 da manhã, que é a hora do fechamento do albergue. Depois, ele só abre às 3 e meia da tarde. De qualquer forma, deu pra dormir um pouco mais. Larguei minhas malas lá no albergue porque eu só precisaria delas mais tarde, quando eu iria pra outro lugar ou ficaria em Vicenza mesmo. Ainda não tinha decidido o que eu ia fazer no dia seguinte. Enquanto isso o Adler e a namorada iriam deixar as coisas na estação porque o trem deles saía mais cedo e não daria pra pegar as coisas ali...
Fui pegar informações turísticas da cidade, mas não tinha muita coisa pra fazer por ali. Tinha um teatro romano (que eu não estava querendo ver na hora), e vários parques, igrejas... o de sempre. Mas a cidade, com gelo no chão e um sol muito bom estava muito aconchegante. Tanto que eu fui andando com todo mundo até a estação... Não tinha nada pra fazer mesmo. É muito bom ficar um tempo sem ficar correndo atrás de coisas pra ver... Chegando na estação descobriram que pra deixar as coisas lá eles teriam que revistar tudo. Eu não entendi o porquê, já que em todas as outras cidades grandes que deixamos (Napoli e Veneza) eles nem olharam pras nossas bolsas... E o cara queria ver até dentro de sacos plásticos o que tinha... Todo mundo ficou puto com o cara e o Adler e a namorada resolveram ficar andando com todas as coisas o dia inteiro. Na verdade não iríamos fazer muita coisa mesmo... Então paramos no parque logo na frente da estação que estava cheio de gelo e todo mundo ficou andando em cima do gelo e tentando fazer bolas de neve (mas não dava hehe), jogando uns nos outros. Depois de andar um pouco o Adler foi ver no sapato dele, e parecia que ele tinha pisado em alguma merda escondida no meio do gelo. Aí quando fomos ver todos tínhamos essa ‘merda’ no sapato. Depois de gastar um tempão tirando isso com papel higiênico e guardanapos que a gente tinha guardado, descobri que isso era a terra do lugar mesmo, que tinha uma coloração estranha. O mais engraçado foi o Oto, que não tinha sujado o pé de terra e na hora que ele foi tirar foto dos outros três nessa cena ridícula ele pisou numa merda de verdade...
Depois almoçamos alguma coisa e ficamos andando lá pelo centro um pouco. Há uma igreja central que é muito bonita, mas que fica no segundo andar... No primeiro há várias lojas na ruma. Uma delas até tinha o nome de Nogara... Deve ser algum parente... Finalmente cansamos de ficar andando e ficamos em um parque no norte da cidade, que também estava cheio de gelo, mas que tinha uns bancos. Acho que mais pessoas tiveram essa mesma idéia, porque tinha bastante gente lá... De novo ficamos lá relaxando... Que vida difícil... Vicenza só acabou para mim quando eu fui pegar minhas coisas, e peguei o endereço do albergue de Verona. Tinha decidido ir sozinho visitar a cidade, já que eu tinha um dia a mais e iria me separar de todo mundo mesmo. O único problema é que eu teria que estar em Ventimiglia, fronteira da Itália com a França, às 9 da noite do dia seguinte. Ou seja, pra qualquer lugar que eu fosse eu não teria muito tempo pra ficar lá. Tinha até pensado em ir para Milão, chegando lá bem de manhãzinha, mas eu preferi ficar ali por perto mesmo. Milão sempre dá pra voltar porque é uma cidade grande... Cheguei na estação com todo mundo, me despedi deles e peguei o primeiro trem para lá.
Já em Verona eu tive problemas por estar sozinho. Acho que viajar sozinho é muito chato. Eu não sabia o que eu fazia primeiro. Decidi me preocupar com quando eu iria sair dali para começar minha viagem pra Espanha. Isso era o mais importante, já que a passagem de lá eu já tinha comprado e reservado lugar e não poderia perder o trem. Mas não haviam muitos horários para chegar lá. A máquina automática de passagens que tanto nos ajudou dando os horários não funcionava. Quase que eu voltei para Vicenza que eu já conhecia para ver isso (com passe de trem é de graça mesmo...). No final acabei pedindo informação mesmo. É um saco pedir informação na Itália porque ninguém sabe falar inglês nem outra língua. Com gestos tudo dá certo de qualquer maneira. Havia um trem que saía nessa mesma noite chegando em Ventimiglia às 8 da manhã (uma porcaria! Ficaria em uma cidade minúscula durante 12 horas!). Outros horários eram saída no dia seguinte 8 da manhã (impossível! Ia pagar para dormir e pegar o trem gastando o dia inteiro!) e saída quase meio-dia. Escolhi essa última opção apesar de ser a mais arriscada (depois de tantos atrasos, trocar duas vezes de trem poderia me deixar em maus lençóis...). De qualquer jeito eu tinha que ir para o albergue. Eu resolvi ir andando de novo com todas as minhas coisas (até que eu fui fortalecendo meus músculos e não era tão ruim isso depois de um tempo...). Só que o albergue em Verona era muito mais longe da estação que Vicenza. Mas deu para ver o que tinha a cidade durante a noite para poder visitar no dia seguinte. O pior foi não ter um mapa. Tinha um pregado na estação, o qual eu tive que memorizar mais ou menos para poder chegar lá. Minha memória pelo que eu vi até que tá indo bem. Fiz de tudo para passar pela Arena central, passando por umas praças, até chegar do outro lado do rio. A arena é muito legal, tipo um coliseu pequeno, todo iluminado, onde eles tinham colocado uma estrela (provavelmente para representar a estrela em cima do presépio). O problema foi quando eu atravessei o rio... Eu comecei a andar meio sem rumo pois só sabia mais ou menos onde era. Acabei me perdendo, obviamente. Até que eu dei graças aos céus por eles terem colocado um mapa em um ponto turístico por onde eu passei (já estava indo pra bem longe do albergue). Eu nunca acharia as ruazinhas que eu tinha que pegar... Eram uns becos muito nada a ver... Subi até não poder mais e cheguei finalmente no albergue.
Esse eu posso dizer que foi o pior que eu fiquei até hoje. Além de ele ser meio sujão pela aparência e a roupa de cama que me derem não parecer muito bem cuidada, ainda tive uma surpresa quando cheguei no quarto. Era um daqueles quartos enormes, onde ficavam umas 30 pessoas... Ainda por cima minha cama ficava exatamente na frente da porta de entrada. Eu dei até uma volta e tinha umas camas em lugares melhores, com tipo ‘quartinhos’ (mas abertos de qualquer maneira...). Bom, eu não podia reclamar já que era o mais barato dos albergues. Eu não tinha muito dinheiro devido a uma compra no mercado em Vicenza que eles não aceitaram que eu pagasse com cartão de crédito, e assim eu só tinha 24 mil liras e 50, enquanto o albergue custava 24 mil... Como o cara na recepção disse que eu poderia pagar com cartão, eu não estava muito preocupado. Fiquei na cama do lado de um cara velhinho que parece que morava ali de tão à vontade que o cara se sentia na sua cama. Com sua roupa de cama amarela com bichinhos tava lindo... Tava até comendo umas frutas e me ofereceu. Acabei comendo uma maçã dele... A tangerina eu deixei dentro do armário e esqueci de pegar depois. Arrumei minhas coisas e fui tomar um banho. O banheiro era bem legal também. Os wc eram no andar de baixo, com sensores de movimento que você tem que ficar dando tchau pra ele pra que a luz não se apague a cada 10 segundos. E o chuveiro foi o melhor. Ele era comum mesmo. Tipo, não tinha divisão nenhuma. Eram dois postes com saídas de água pra vários lados, e todo mundo tomaria banho junto. Eu dei sorte porque não tinha ninguém lá e tomei banho sozinho mesmo. A água a princípio era gelada (e achei que não tinha água quente), mas como eu fui cabeça dura acabei vendo que ela esquentava. Era a última coisa que eu queria, tomar banho vendo um monte de homem pelado e com água gelada. No final tudo saiu bem. Fui para minha cama e como estava sozinho eu fiquei lá comendo alguma coisa e lendo... Não tinha muita vontade de sair dali mesmo, já que eu teria que acordar cedo. O tiozão do lado já estava dormindo (até tinha pedido pra eu apagar a luz quando eu fosse dormir). Mas eu não dormi tão cedo mesmo, ainda mais que toda hora alguém entrava ou saía, ou chegava no albergue e ia arrumar a cama do lado... Não foi uma das melhores experiências de qualquer maneira...
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