Dia 21/12/2001
Chegamos em Roma um pouco atrasados (cerca de uma hora). Isso não era muito grave, já que tinha trens para Nápoles toda hora... Pegamos o próximo (meia hora depois), já aproveitando para pegar uma graninha em liras... Mas esse foi o pior trem. A princípio a viagem estava indo muito bem, até o momento que o trem simplesmente parou (de novo) em uma estação no meio do nada. A gente fica sem ter o que fazer porque ninguém fala nada, e todo mundo fica calmo. Isso durante um tempo. Depois de uma meia hora várias pessoas começam a ficar putas, a falar em italiano (que eu não entendia nada) e algumas até saiam do trem. Depois de uma hora e meia, do nada, todo mundo pegou suas coisas e saiu. Foi todo mundo para outro trilho e ficou esperando outro trem. Eu imaginei que todo mundo iria pegar o próximo para Nápoles... Fui atrás, obviamente. Mas dessa vez a gente pegou um trem um pouco mais cheio. Fiquei sem querer em um vagão de fumantes, em pé durante um bom tempo. Não havia lugar para a minha mochila, e então ela teve que ficar no meio do corredor... Isso não era muito interessante, principalmente que todo mundo que passava ficava chutando... Mas não tinha jeito não... A única hora que eu achei que as coisas iam melhorar elas só pioraram. Os bancos eram dispostos em grupos de quatro cadeiras, dois na frente dos outros dois. Imaginem que eu consegui sentar exatamente em um grupo onde os outros três caras fumavam. Fui praticamente defumado dentro daquele vagão. Os caras não se contentavam com um cigarro só... Fumavam um atrás do outro. E eu quase morrendo. Fiquei lendo meu livro, mas era meio difícil de se concentrar quando não se consegue respirar...
Finalmente chegamos em Nápoles. Com apenas algumas horas de atraso. A gente foi direto às informações turísticas para pegar um mapa da cidade para descobrir onde ficava o albergue, e tivemos uma boa surpresa: o museu arqueológico que queríamos visitar fechava às duas da tarde. Adivinhem que hora chegamos? Duas da tarde. Isso é muita coincidência pra ser verdade. De qualquer forma faltava (segundo o guia) muita coisa para ver na cidade, e então resolvemos deixar as coisas na estação e já começar o turismo, para só depois chegar no albergue (já que tudo escurece por aqui perto de 5 da tarde...). Uns hambúrgueres no McDonalds foram nosso almoço... E comendo fomos correndo para o metrô.
Depois de alguns minutos perdidos lá no centro (com direito a perguntar para uns italianos onde era a tal da praça Dante que estávamos procurando e escutar algumas respostas em italiano, já que eles não sabem falar outra língua) achamos o caminho no mapa. Começamos pela parte central da cidade, onde havia várias igrejas (que estavam com estrelinha no Frommers). Só que eu não vi nada de mais na cidade. Tudo começa pela própria piazza Dante. Eu quis atravessar a rua, e assim apertei o botão pedindo para que o sinal ficasse vermelho. Ele ficou. Mas nenhum italiano pareceu perceber isso. O trânsito simplesmente não parou. Nem mesmo diminuiu a velocidade. Descobri então que o sul da Itália era uma bagunça mesmo. Tive que atravessar a rua no meio dos carros (pelo menos eles freiam em cima da gente e não nos atropelam...), e quase fui atropelado umas 6 vezes nesse dia. Isso sem contar as lambretas que povoam a cidade toda, e que passam a toda velocidade por todo beco possível, seja no sentido da rua ou não...
As igrejas que vimos no centro da cidade não tinham nada demais... Todas eram meio comuns, e a maioria delas parecia meio destruída, sem muitos cuidados. A própria Santa Chiara, que estava com estrela no guia, não era grande coisa... Já tinha visto igrejas muito mais imponentes e interessantes. Além disso, as pequenas vielas do centro eram muito sujas, como se a cidade não mudou depois da guerra. As ruelas pequenas, com roupas penduradas nas janelas... E desertas. Não me senti muito bem andando por esses lugares não. Depois de fazer o circuito artístico (não sei de onde tiraram essa idéia, mas o prefeito colocou umas placas dizendo que Nápoles é uma cidade onde a arte está a céu aberto...), começamos a andar para outros lados, para ver os palácios. Lá sim a cidade parecia um pouco mais bonita. Passamos por uma galeria Umberto I (que pareceu um dos lugares mais bonitos de Nápoles para mim), e por um lugar onde tinha várias torneiras de água, potáveis segundo a placa. Eu até joguei o resto da minha garrafa de água fora para poder enchê-la novamente. Dois velhinhos enchiam várias garrafas de dois litros. Só que eu não experimentei da água antes de eu colocá-la na garrafa... Ela tinha um cheiro de ovo podre, e um gosto horrível. Na hora que eu comecei a jogar a água toda fora os dois velhinhos olharam para mim com uma cara de reprovação, como se dissessem ele não sabe como essa água é boa.... Só depois de destruir minha garrafa com essa água nojenta (nunca mais pude utilizá-la para colocar água) que eu fui ler uma placa dizendo que a água era vulcânica, cheia de sais minerais, entre eles o enxofre... E aí que eu fui me tocar que a gente está do lado do Vesúvio, e que ali deveria ter muito disso... Mas eu prefiro ficar doente a ficar tomando essas águas boas para a saúde...
Logo depois de atravessarmos uma rua (e quase morrer porque não parava de passar carros e ninguém parava nos sinais) chegamos ao Castel Nuovo. O castelo era bem bonitinho... Enquanto tirávamos fotos na frente um cara em uma moto pára do nosso lado e pergunta se a gente falava inglês. Eu disse que sim. Ele começa a querer vernder uma filmadora digital, com tudo dentro de uma bolsa (manuais, outras fitas, carregador, tudo mesmo), e tudo por 300 dólares. Eu disse que não tinha esse dinheiro (sendo que essa câmera é mais de 1500 dólares normalmente...). O cara, não se dando por satisfeito, foi baixando o preço até chegar a 50 dólares. Como estava óbvio que era roubado, e que o cara queria se livrar do negócio o mais rápido possível eu não aceitei... Seria muito fácil tirar uma nota de 100 mil liras que estava na minha carteira e pegar a câmera... Mas eu fiquei com medo de dar alguma merda... Depois do castelo fomos andando até o Castel dellOvo (isso, do Ovo mesmo), que era um castelo bem legal também, e que tinha uma vista para o Vesúvio muito legal... No caminho, andando pela calçada, um italiano em uma moto ficou nos xingando porque estávamos parados na calçada e ele queria passar com a sua moto (!!!). Não entendi. Ficamos parados um tempo lá na frente desse castelo (depois eu descobri que podíamos entrar até 9 horas da noite de graça, mas na hora eu achei que estava fechado devido à hora...). Logo depois, já meio escuro, era hora de voltar para a estação, pegar as coisas, e ir para o albergue. Aproveitamos o tempo também para comer algo antes de partir. O albergue não era difícil de achar. O único problema era a subida até lá, porque a casa era no alto de um pequeno morro, e tínhamos que fazer essa parte a pé... Nada de difícil na verdade... Chegamos lá, fizemos o check-in e fomos para o quarto. Já estavam lá um cara muito engraçado, o Brian, que era escocês, e um coreano que eu não lembro o nome... Esse Brian tinha o sotaque exato do William Wallace no filme Braveheart. Eu não conseguia entender nem metade do que o cara disse. Ficamos conversando um tempinho, mas como estava cedo eu resolvi com o Oto descer para tentar ver televisão, e ficar esperando o Adler com a namorada que não tinham chegado ainda. Encontramos no mesmo albergue uma brasileira que estava viajando sozinha (já mais velha), e uma família inteira. Ficamos conversando com eles sobre as viagens pela Europa até uma meia-noite. Foi mais ou menos a hora que o Adler conseguiu chegar. Acho que todos tivemos problemas com os trens... Subimos para o quarto na hora que apagaram todas as luzes (tudo fechava à meia-noite e meia), e tive que pular na cama sem fazer nenhum barulho porque obviamente estava todo mundo dormindo...
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