segunda-feira, janeiro 14, 2002

Dia 27/12/2001

Finalmente minha vingança. A gente acordou às 5 da manhã para poder sair umas 5 e meia e tentar pegar o primeiro ônibus (que não sabíamos ao certo quando passava...). Aí acendemos a luz, começamos a arrumar malas... Deve ter enchido o saco dos caras um pouco também, espero. 5 e meia já estávamos andando pelo meio do mato (digo da bruxa de blair) até o ponto de ônibus. Resolvemos não esperar ônibus com medo de que ele passaria tarde demais e começamos a andar. Aliás, essa outra estação que teríamos que pegar era mais perto do albergue que a outra... Até nos acharmos no mapa que eu tinha ficamos andando um pouco perdidos... É até engraçado pensar que eu estava em Florença, com uma mochila de 70 litros nas costas e outra de 20 na frente andando antes das 6 da manhã, no escuro, procurando uma estação de trem. Ainda bem que não estava muito frio. Depois de passar por vários lugares bizarros finalmente chegamos na estação. O trem estava atrasado. E, ainda por cima, não poderíamos pegar esse trem porque ele teríamos que pagar um complemento por ele ter camas... Aí tínhamos que esperar outro trem, que já estava atrasado uma hora, para ir até Bolonha e de lá pegar outro pra Veneza. Ou seja, foram uma hora e quarenta minutos de espera na estação... E quando ficamos parado, o frio bate. Mas tudo foi bem no final. Aliás, nem tudo. Quase que perdemos o trem porque eu estava sem vontade de ficar olhando pra ver se o trem chegava ou não e os outros nunca olham mesmo... Quando fomos ver ele já estava parado por lá. Foi todo mundo correndo pra pegá-lo, com direito a Oto correndo por cima dos trilhos (proibido!) enquanto nós passávamos pelo túnel. Mas tudo deu certo sem, claro, conseguirmos lugar pra todo mundo na mesma cabine. Mas isso não tinha problema.

Eu não consegui dormir no trem com medo de perder a estação... Aí, quando estávamos quase chegando eu, no meio de umas das minhas piscadas, olho pra fora e vejo um monte de árvores todas cobertas pela neve... Ali em Bolonha tinha nevado, e estava tudo meio branquinho. A namorada do Adler até ficou empolgada e ficou tentando pegar neve pra jogar em todo mundo, mas eu fui direto pra sala de espera pra saber que trem eu tinha que pegar... Ficamos mais um tempão lá sentados, e finalmente conseguimos entrar no trem com destino certo. Esse realmente não atrasou! Milagre! Chegamos em Veneza, e mais uma surpresa: Sol! Realmente os deuses estavam ajudando dessa vez. Deixamos as malas na estação mesmo e partimos. Eu, logo que saio da estação já dou de cara com uma pontezinha por cima do canal. Já é uma cena muito bonita, ainda mais com sol. Acho que foi mais por causa disso que eu gostei da cidade. Ela não estava muito cheia, como ela deve ficar durante o verão com o monte de turistas que vai para lá, e com o sol tudo fica mais bonito... Andamos por onde podíamos, com uma só destinação, a praça São Marco. Mas na verdade não fomos direto para lá. Além de parar no McDonalds para comer algo (é, não fugimos nunca disso, apesar de reclamarmos... É o mais barato e rápido...) e encontrar o brasileiro perdido novamente (que praga!), visitamos algumas igrejas, nos perdemos nas ruas tortuosas (segundo dizem, você não visitou Veneza direito se você não se perdeu nas porcarias das ruas que não levam a lugar nenhum). Eu estava totalmente perdido, porque o mapa que a mulher das informações turísticas deu era impreciso pra caramba. Assim, para achar o caminho várias vezes tivemos que perguntar para alguma pessoa, ou mesmo ficar andando sem rumo até achar alguma coisa importante o suficiente para estar no mapa marcado. Tentei por exemplo achar um castelinho, que abriga um museu de arte, mas que dizem que o exterior é bem bonito. Realmente, ele é bonito. Mas demorei pra achar o negócio. E, mesmo assim, não consegui bater foto porque não tem como se afastar do prédio pra tirar uma foto sem pegar um barco, já que ele está de frente pro canal...

Continuamos andando, passando por várias pontes, praças, igrejas... Nada realmente importante, mas tudo muito bonitinho, bem cara de Veneza que a gente vê em filmes. Tinha até as malditas gôndolas, que quando fomos perguntar o preço descobrimos que era 100 euros para meia hora de passeio... Um absurdo! Só na lua de mel e olhe lá hein! Fomos andando perdidos até que começaram a aparecer plaquinhas para a praça principal. Fomos andando em direção, sempre tomando o tempo para parar e ver algum souvenir... Mas não tinha muita coisa para se interessar não... O mais legal são as máscaras de carnaval, mas fiquei com medo de comprar e quebrar durante a viagem. Afinal, estava longe de terminar ainda... Quando menos esperava chegamos em uma igreja enorme, e aí que fomos ver que era a praça tão esperada. Realmente, ela é muito bonita, ainda mais com um solzinho. Acho também que tem a maior população de pombos por metro quadrado do mundo. Você pode andar chutando pombos por toda a praça. Menos por uma parte que estava cheia de gelo (onde eu quase caí). Ficamos lá tirando fotos, rindo dos pombos atacando as pessoas e do Oto tentando chutar um mas não conseguindo. Ele detesta pombos (não sei por que). Depois andamos para o palácio ducal e para o bordo do canal, de onde podemos ver as igrejas do outro lado do canal (muito bonitas aliás), e a ponte dos suspiros (aquela que ligava o tribunal à prisão e o cara via o mar pela última vez... poético...). Pra tirar foto nessa porcaria você praticamente tem que parar as pessoas, mandar elas saírem da frente e só aí conseguir... Como tínhamos resolvido não entrar em nenhum museu ficamos ali curtindo até escurecer. Aí começamos a voltar pela estação, passando por mais uma igreja (que tinha um presépio bem bonito, com as figuras se mexendo), e se perdendo mais um monte de vezes. Aliás, que desgraça pra achar essa porcaria. Só consegui eu acho por causa de duas pessoas que estavam com malas andando pra algum lugar que deveria ser a estação e a gente foi atrás. Pegamos então nossas coisas e entramos no primeiro trem para Vicenza.

A chegada foi bem tranqüila... Como não sabíamos pegar ônibus e também estava com preguiça de descobrir, fomos andando mesmo para o albergue. Pelo mapa não parecia ser tão longe. Realmente não era, e assim também deu para dar uma olhada na cidade, já de noite. Talvez no dia seguinte ficaríamos por ali... Não tínhamos decidido nossa vida a partir daí ainda. Eu e o Oto tínhamos comprado um pão (alias, enorme) lá em Veneza, e já tinha comido nosso x-salame... Muito bom por sinal. Finalmente estava começando a usar o queijo que eu tinha trazido de Toulouse! Chegamos no albergue, esperamos uma família alemã fazer check-in (e que demora!) e pegamos nosso quarto. Finalmente, um quarto só com pessoas conhecidas... Tomei um banho e fui ligar finalmente pra Vanessa, porque depois de várias tentativas frustadas eu ainda queria dar um feliz natal pra ela... Quando voltei todo mundo já estava apagado em suas respectivas camas... Mas eu sabia que eu poderia dormir um pouco mais já que não iríamos sair tão cedo de novo...