quarta-feira, janeiro 09, 2002


Dia 20/12/2001

Mais uma viagem começa... Acordei mais ou menos umas 10 horas. Eu achava que conseguiria tempo para arrumar todas as minhas coisas e ainda por cima almoçar pela última vez esse ano no restaurante universitário... Mas eu não tive muito tempo não. Eu fiquei um bom tempo escolhendo o que eu precisaria durante essas duas semanas e meia, e quando fui ver eu tive que ir direto pra gare mesmo. Cheguei tranqüilamente lá (sem almoço, mas eu tinha tomado um café da manhã bem reforçado, no caso). E já começou bem a viagem. Meu companheiro dessa vez, o Oto, já estava lá com sua promoção do McDonalds. Quando cheguei, já vi o mais legal: o trem estava com uma hora de atraso. Eu tinha uma hora e pouco em Nice para trocar de trem para ir para Ventimiglia, e esse atraso poderia pôr tudo a perder... Esperamos o trem no frio (não sei por que até agora, mas ficamos), quase congelamos, e o trem ainda demorou mais 20 minutos... De qualquer forma nós entramos no trem, sem problemas, e começamos a viagem. Fiquei só um pouco sem entender por que o Kadão e o Cadu, que iriam pegar o mesmo trem, não estavam por lá...

A viagem em si sempre é um saco. Fiquei conversando com o Oto para melhorar um pouco, e comecei a ler de novo Lord of The Rings (mais por causa do filme que eu não tinha visto ainda e que eu queria ver quando chegasse de viagem). Mas sempre ficou na cabeça o pensamento de que a gente perderia o trem que iríamos pegar. E isso desencadearia um monte de problemas... Eram cinco trens até Nápoles, a primeira cidade do nosso programa. Se um deles já começava atrasado, tinha tudo pra dar errado...

Depois de várias horas de viagem, chegamos em Nice. Aconteceu uma das coisas mais chatas que existem. Saímos do trem correndo e chegamos no trem exatamente quando ele estava começando a andar... Isso é impressionantemente chato. Não tínhamos o que fazer. Acho que é uma das experiências mais broxantes existentes. Vários estavam no mesmo barco. Começamos a perguntar uns pros outros e pro controlador do outro trem, mas os caras só falavam italiano. Finalmente consegui achar um cara (meio com cara de japonês) que sabia um pouco de inglês e que também tinha perdido o trem. Subimos em um trem que iria para Veneza e que passaria por Ventimiglia. Talvez, por o trem ser um pouco mais rápido, chegaríamos a tempo de pegar o trem de Ventimiglia em diante...

Fiquei na cabine desse italiano (um tal de Giovanni, que estuda em Pisa) e que ainda tinha uma francesa (tal de Marie, que estava indo para Roma encontrar o namorado italiano). O Oto se juntou a nós quando ele deixou de ser anti-social. Fomos conversando sobre um monte de bobagens (principalmente futebol e a língua italiana). Era tanta merda que quase perdemos a parada em Ventimiglia... Eu e o Oto, totalmente anti-sociais, continuamos no nosso programa e deixamos os dois (que iriam para Roma também) para lá. Pegamos um trem que ia para Genova, e aí pegaríamos um que ia para Roma. Pela primeira vez usamos o InterRail, colocando os dados do trem. Quando a controladora passou foi até engraçado. Ela olhou nosso passe e, não entendendo nada, foi falar com o superior dela. Já comecei a ficar com medo de que nem todo mundo conhecia o passe. Mas não era isso. A gente estava na primeira classe, e teríamos que ir para a segunda. Eu nem tinha me tocado disso... E ainda por cima ela nos disse que o trem seguinte, de Genova para Roma, era um trem que precisava pagar um suplemento... Como a gente não tinha lira, ela acabou dizendo pra gente subir no trem e conversar com o controlador... É o jeitinho brasileiro que de brasileiro só tem o nome.

Esse trem foi bem tranqüilo até o final. Pegamos o próximo e entramos em uma cabine que tinha um cara que estava meio acordado/meio dormindo. Pegamos dois outros lugares, e abrimos os bancos para dormir. Era tipo uma cabine de 6 cadeiras, em que cada duas dava para fazer uma pequena cama. Não era muito confortável, mas era melhor que uma cadeira não-reclinável. De qualquer maneira eu não dormi muito bem. Toda hora tinha algum italiano falando alto (malditos italianos!) e as paradas não eram muito silenciosas. A um dado momento da madrugada o trem parou de vez e ficou um bom tempo parado... Era mais um atraso para contabilizar na viagem... Mas como eu estava meio dormindo eu nem fiquei muito preocupado. Ainda bem que não passou nenhum controlador e assim não tivemos que pagar nada, e nem discutir se a gente poderia deixar de pagar...