terça-feira, outubro 09, 2001

Dia 28/09/2001

O primeiro dia do WEI (weekend d’integration) começou bem cedo, porque obviamente eu tinha que acordar para arrumar minhas coisas. Eu não tenho muita coisa limpa (tenho que lavar roupa urgente!), e então foi fácil colocar as coisas na mochila. Como eu era o único no Chapou a ir para a excursão, fui direto para a faculdade, e encontrei os outros lá. Vi que eram bilhões de pessoas (9 ônibus cheinhos, e outros iriam de carro), e que a organização deveria ser imensa. A gente pegou o ônibus e foi para o destino desconhecido. O destino se chama Segnosse, que fica entre Bordeaux e a Espanha na praia (ou seja, Atlântico do lado errado). Eu estava morrendo de sono, mas o pessoal da organização não deixava ninguém dormir, e ficavam cantando umas músicas que depois que eu li a letra até eu fiquei vermelho de vergonha... Nem no Brasil a gente canta músicas com letras tão bizarras...

Chegando lá, fomos para o nosso bangalô. Colocamos os 5 brasileiros que tinham ido em um só bangalô, que pelo menos continuaria cheio de gente conhecida... As atividades no primeiro dia foram livres, tendo antes apenas um lanchinho (com pão, um negócio com arroz e atum, um patê e uma geléia e um queijinho) que foi nosso almoço, juntamente com uma bebida bizarra que eles chamam de jaja (com grenadine, vinho, limonada e outros bichos) que parece xarope pra tosse. Houve o discurso do Presidão (o presidente do BDE, chamado carinhosamente assim porque o presidente antigo se chamava Adão) e após quase todos foram para a praia. Os que ficaram jogaram futebol e tênis, e houve também umas partidas de paintball (das quais eu não pude participar porque tinha que ter me inscrito ainda em Toulouse, mas claro que perdi as inscrições...). Eu resolvi ir para a praia mesmo, para conhecer essa parte do Atlântico que eu não vi ainda. Posso garantir que eu fiquei surpreso quando eu vi um mar forte, cheio de ondas, com um monte de gente surfando, e eu não podendo entrar na água por duas razões: primeiro porque estava frio demais e eu não poderia me secar pois a única toalha que eu tinha teria que durar vários dias (ou seja, sem areia); segundo, porque o mar é mais perigoso ali do que no Brasil, por causa de formações de baïnes, que são uns bancos de areia bizarros. Eu, como não estava com vontade de pagar o maior mico na França e começar a pedir ajuda logo no primeiro dia, resolvi ficar na areia falando francês. Falando nisso, essa viagem foi um dos melhores laboratórios de francês já criados, a menos dos momentos onde nós brasileiros ficávamos juntos... Tínhamos que falar francês custe o que custar para que pudéssemos saber o que vinha depois...

Depois disso, voltei para casa para tomar um banho e participar do jantar que também estava incluído (tudo estava incluído... não gastei um franco lá, só na estrada para comprar um lanchinho). Tiver que comer um arroz com frutos do mar (que eu detesto) com frango (que eu já gosto mais um pouco). O jantar foi uma das coisas mais divertidas, porque todos começavam a cantar e a gritar (as mesmas musiquinhas do ônibus, mas agora com 500 pessoas). O barulho foi tanto que os funcionários do ‘hotel’ que a gente estava pediram para que parássemos... À noite houve um pequeno show, com uma banda muito da ruim que tocava músicas heavy metal. O show foi praticamente cortado no meio dado que a maioria das pessoas estava fora do salão de festas... Por isso, a soirée começou mais cedo, com o dj tomando conta... As bebidas eram totalmente liberada (depois dos nossos 400 francos...). O Tavares e o Coruja tomaram mais do que deveriam, e no final da noite estavam totalmente detonados. Eu estava levando todo mundo para casa (porque só eu conseguia pensar no caminho de casa...) e o Coruja fez o favor de parar para ficar discutindo os 3 a 0 do final da copa de 98 com um francês (o assunto mais comentado com a gente disparado) e se perdeu da gente. Meia hora depois que a gente estava bem instalado chega a figura gritando, mandando a gente tomar naquele lugar, falando que tinha se perdido na floresta, que não achava a casa... Ele ainda conseguiu cair, ralar o joelho (e destruir a calça) e as mãos... E em um dado momento, acho que ele pensou que estava em casa e jogou o óculos dele para trás. O problema era que ele estava na parte de cima do beliche (não me pergunte como ele conseguiu subir lá estando tão bêbado) e conseguiu quebrar uma das lentes... Eu ri muito, mas dormi bem, até os momentos em que o Coruja ficava falando enquanto dormia...

Ah, encontramos outro brasileiro que estuda na nossa escola. O perdido está na França já há uns 2 anos, e está fazendo normalmente a faculdade, como um outro francês qualquer. Pelo menos temos mais um para falar português aqui...