sexta-feira, julho 20, 2001

Dia 20/01 – 02:54 AM

Como devem perceber, se essas datas aparecerem direitinho nos meus posts (com certeza os posts vão estar com umas datas muito diferentes), eu tento escrever todos os dias (ate agora foram todos) logo antes de dormir. Como aqui a gente acaba saindo muito tarde, para tentar aproveitar ao máximo a estadia, chegamos bem perto dessa hora. Acho que as vezes a gente faz isso para poder ligar para casa em um horário mais interessante (5 horas a menos é foda... Estou esperando acabar o horário de verão para ficar uma hora mais parecida... E no verão do Brasil vão ficar apenas 3 horas...). Eu acabei de chegar em casa, e liguei para minha lovezinha... Como a voz dela é linda... (snif). Amanha vou tentar ligar para os meus pais, se não conseguir mandar um email.
Hoje foi a primeira vez que eu viajei de TGV. Acordamos cedinho lá no hotel IBIS, e fomos separados em grupos, cada um indo para uma cidade diferente na França para estudar francês: La Rochelle (a minha), Royan (uma cidade pequena na praia, logo abaixo de La Rochelle), Besançon (não sei dizer muito dela), Grenoble (frio, muito frio), e Vichy. Pegamos o TGV por volta das 11 da manhã, e chegamos aqui em 3 horas. Havia bilhões de malas, sendo umas 2 por pessoa sem contar as bagagens de mão, e só tinha mala grande. Os bagageiros do trem ficaram extremamente cheios, sendo que tínhamos que a cada estação ficar de olho, porque as malas estavam tampando sempre uma das portas de saída do vagão. Tirando isso, foi bem legal. Tirei o notebook para tentar ver um filme durante a viagem, porque existia uma mesinha muito interessante para fazer isso na minha frente, mas o Final Fantasy que o Mab me deu não funcionou muito bem com o notebook querendo fazer economia de energia. Assim, acabei desistindo, e fazendo social mesmo. Do grupo, são 20 pessoas, sendo 3 mulheres, vindo de vários lugares. Para dizer a verdade, não sei o nome da metade ainda, e acho que vai ficar assim por um bom tempo mesmo... Dei a idéia de fazer um banco de dados da galera com foto, mas acho que isso vai ficar para depois hehe.
Ao chegar a La Rochelle na estação de trem, pegamos um monte de carrinhos, daqueles que a gente coloca 10 francos, e depois ele devolve quando colocamos o carrinho de volta. Eram muitas malas, e o ônibus ficava muito longe para ficar levando na mão. A mulher que nos recebeu era muito legal, e, como todos os franceses que nos acolheram até agora, super simpáticos e sorridentes. Parece que eles adoram as merdas que os brasileiros fazem, porque eles não param de rir. Ela nos trouxe aos nossos alojamentos. Já na saída do ônibus tivemos nossa primeira surpresa desagradável: tínhamos que levar nossas malas até o alojamento, que devia ficar a pelo menos 100 metros de onde ele tinha nos deixado. Assim, levamos as malas usando as rodinhas mesmo (até que me dei bem nisso, porque consegui fazer um esquema com as duas malas grandes, que são da mesma marca, para juntar as duas, e assim puxar as duas de uma só vez. Ao chegar no elevador, a segunda surpresa... O elevador só subia até o sétimo andar, e meu quarto ficava no oitavo... que azar, tendo que levar as malas pesadíssimas pela escada... Posso dizer que não foi uma das melhores experiências que eu tive até agora, mas acho que sobrevivi bem (um amigo aqui me ajudou). O problema foram as garotas, que ficaram quase todas aqui em cima também, e que no caso não conseguiam trazer as malas (é foda, mulher traz mais coisa que pode carregar, aí os homens têm que ficar fazendo força por elas...). Conseguindo subir, a terceira (e não a última, calma!) surpresa: o quarto era daqueles menores possíveis, de 9 metros quadrados, tendo só uma cama, uma mesinha (a que eu estou usando no momento), um armário muito, mas muito velho, e um lavabo muito do porcaria. Há umas lâmpadas aqui também (são três, mas na hora eu só tinha achado uma). O travesseiro parece um cilindro gigante, estourou todo o meu pescoço quando fui tirar um cochilo. Tenho que aprender a usa-lo de uma maneira melhor. O quarto tinha o maior cheiro de mofo (estou sendo até bonzinho... ‘tinha’ é foda... acho que sempre vai ter). Quando fui abrir a janela para ver se ajudava em alguma coisa, a quarta surpresa: a cidade tem um vento muito sinistro. Tudo começou a bater aqui dentro, por causa da corrente de ar. Fechei a janela rapidinho, mas tenho que abrir de vez em quando para ver se esse cheiro sai. Joguei todas as minhas coisas por aí (finalmente não vou ter que ficar preocupado por um bom tempo em carregar essas porcarias), e troquei a calça e o tênis por uma bermuda e uma sandália. Essa foi obviamente a quarta surpresa: o vento é gelado pacas. Não teve jeito, passei frio. A gente acabou indo comer no McDonalds (é, de novo, e acho que vai ser uma constante), pois tudo aquela hora já estava fechado. Na França parece que não servem o almoço depois de uma certa hora. Depois de mais uns hambúrgueres, fomos andar um pouco pela cidade. Ela é muito bonita, com uma ótima vista do mar, com seus barquinhos, e com umas torres muito bonitas que datam dos séculos passados (depois eu vou ver de quando são exatamente). O frio continuava, mas seguimos em frente. Fomos ao centro da cidade para ver se existia algum supermercado legal, e acabamos achando. A cidade é bem pequena em comparação com Paris, mas ela parece ser bem arrumadinha, e cheia de turistas. Aqui onde estamos ficando é uma residência universitária, que parece ter pessoas do mundo todo estudando línguas e outras coisas. Comprei uma águas, mas deveria ter comprado comida também, como fui ver depois.