domingo, junho 09, 2002

Dia 09/04/2002

A chegada em Lisboa foi tranquila, no horário esperado. Cedo, eu digo. Por isso era hora de ligar avisando que tínhamos chegado para o Pedro, o português. Eu dei a idéia de encontrarmos com ele outra hora porque senão ele teria que sair de casa e ir nos buscar, o que iria ser perda de tempo tanto para ele quanto para a gente. Deixamos as coisas na consigne (as empresas de consigne do mundo devem me agradecer...quanto dinheiro eu já gastei nisso...) e deixamos para encontrá-lo só à tarde no centro da cidade. O mais legal foi poder falar português sem problemas (a princípio). Pedimos informações turísticas na estação (primeira vez que eu vejo alguma mulher com mau humor nesse trabalho) e resolvi seguir um dos mapas que a garota me deu dando idéias para passeios a pé em Lisboa. Um deles terminava perto da estação Santa Apolônia, que era onde chegamos. Resolvi seguí-lo ao contrário, já que não faria diferença e já mataria uns pontos turísticos da cidade no primeiro dia.

A nossa visita começava já lá em cima, na Igreja Santo Estêvão. Depois de subir tudo o mapa mandava descer. Uma das coisas que eu não gostei nem um pouco de Lisboa foi ter que ficar subindo e descendo escadas e ruas íngremes. Disseram-me que a cidade é chamada de "a cidade das sete colinas", mas eu acho que ela tem muito mais... Era uma sucessão de subidas e descidas, e igrejas antigas... Algumas praças bonitas no caminho e a igreja mais legal do passeio é a Catedral da Sé, onde tinha um grupo de jovens italianos barulhentos (como sempre). Outra coisa é a falta de otimização do passeio a pé. Não que eu tenha algo contra portugueses, mas quando inventaram que "isso é coisa de português" tinham onde basear o comentário. Seria muito mais fácil ir subindo aos poucos e não ficar subindo e descendo ao tempo todo. Será que não sabem que isso cansa? Coitado dos velhinhos que querem fazer os passeios...

Há também alguns pontos no alto da cidade que oferecem uma vista maravilhosa, como o "largo das portas do sol". Depois de tudo descemos de novo e subimos para o castelo de São Jorge, que é uma construção medieval que fica no topo de Lisboa. Acho até que o mapa sugeria pegar um ônibus ou um táxi para subir, mas preferimos ir andando mesmo, depois de ter repousado bastante no trem. Lá em cima também se tem uma vista muito boa da cidade, do rio Tejo e de monumentos do outro lado, como o Cristo Rei. O castelo em si é até interessante, mas falta um guia ou mesmo de coisas escritas explicando o que era cada parte, ou auxílios audio-visuais. Tinha até um pequeno museu mas ele estava fechado não sei por quê. Depois de mais uma descida fomos para o final do passeio (que na verdade era o começo) que era no Largo do Martim Muniz. Pode-se ver que Portugal também é cheio de imigrantes árabes como na França nessa praça... As ruelas e escadas no caminho são muito características: pequenas, meio sujas e com roupas penduradas nas janelas...

Como ainda tínhamos tempo e ainda não era hora do almoço (apesar de estar morrendo de fome), fomos para o segundo passeio, que era Belém. Passamos por algumas praças e por ruas comerciais em Lisboa (com toda hora algum cara querendo me vender óculos escuros e na minha negativa ele oferecia haxixe. Será que eu tenho tanta cara disso?) e fomos andando (isso mesmo, andando, e era longe) até a estação de trem regional. No momento que chegamos lá eu já estava caindo de fome. Não tinha nada para comer na região, mas iríamos comer em Belém mesmo. Fiquei feliz porque o Interrail funcionava como passe livre nos trens regionais também e subi no trem sem ter gastado os euros que o Oto gastou por ter deixado o passe dele dentro da mochila na estação...

Belém sim vale a pena visitar. Além de ter algumas praças bonitas e o Palácio Nacional de Belém, tem ainda um dos doces mais gostosos que eu já comi: os pastéis de Belém. É um pastel de nata muuuuuuito bom, ainda mais com a fome que eu estava. Comi logo três, acompanhado por guaraná antartica... Matei a saudade pelo menos, pois fazia um bom tempo que eu não tinha tomado o néctar dos deuses.

Saindo dos pastéis de Belém há o Mosteiro dos Jerônimos. Eu deveria ter lido melhor os guias de Lisboa, pois eu nem lembrava daquilo. Uma construção impressionante, tanto por fora quanto por dentro. Os arcos internos são inacreditáveis... Ainda por cima estão enterrados lá os nossos amigos Camões e Américo Vespúcio (e quase que eu não via isso...). Do lado do mosteiro há também um museu de história natural se não me engano, mas nem quis entrar... Andando um pouco mais há o Padrão dos Descobrimentos, representando o que o próprio nome diz... Há até um mapa-mundi no chão e aproveitei para dar uma passadinha no Brasil. Passando um cais ainda havia a Torre de Belém, que daria para entrar mas eu nem sabia o que teria dentro e resolvi não gastar dinheiro com isso não...

Ainda tínhamos que voltar para a Santa Apolônia pegar nossas coisas, sem contar que eu não sabia como chegar na praça combinada. A gente se predeu um pouco tentando pegar os trens para chegar mais perto e acabou tendo que pegar um ônibus... Depois de pegar as coisas teve que pegar outro ônibus que passou reto ao invés de entrar na rua esperada (maldito guarda que deu informação meio errada) e depois de aguentar um ônibus lotado ainda tive que andar com as mochilas nas costas. Chegamos meio atrasados mas encontramos o Pedro. A gente comeu algo e foi para a faculdade dele, que era ali perto, beber alguma coisa e encontrar com alguns amigos dele. Ficamos um bom tempo lá, em um bar que é da galera e ficamos conversando com os portugueses. Aliás, a língua que eles falam lá é bem diferente da nossa... Eles nos entendem muito bem, mas para eu entendê-los é um sacrifício. São muitas palavras diferentes e eles falam muito rápido... Mas até que dá certo.

A namorada do Pedro acabou dirigindo pois ele não estava tão bem e fomos para a casa dele onde passaríamos a noite. Já na chegada havia uma briga no prédio, com polícia e tudo, porque um cara tinha batido em uma garota de outro apartamento e não sei mais o que... Como estavam falando português eu não entendi nada. Se fosse grego talvez eu entendesse...A mãe e a vó dele tinham deixado um jantar preparado pra gente, e estava muito bom... Finalmente comemos bem na viagem. Foi só conversar um pouco depois e dormir...