quinta-feira, março 28, 2002

Dia 22/03/2002

Ah... Como eu dormi mal... E ainda por cima me acordaram porque eu teria que ir buscar o carro também. O carro foi alugado pela Maíra, que não dirige, mas que era a única lá na hora que tinha a carteira de estudante... Eu poderia ter alugado no lugar dela, mas ninguém me avisa desse problema. A gente sempre acaba dividindo o volante mesmo, mas dessa vez ninguém que iria dirigir seria o motorista ?oficial?. Bem... nada vai dar errado de qualquer maneira... Eu fui para buscar o carro só porque o Baiano e a Maíra não conseguiriam fazer isso sozinhos, já que são muito perdidos. Fui eu lá para olhar mapa (dirigir tão cedo e quase caindo de sono? Eu hein...). Até que não foi tão difícil chegar aqui... Eu nunca tinha vindo de carro para casa, e não sei muito bem como funcionam as ruas aqui até hoje... Ainda preciso ver o mapa, apesar de estar há mais de 6 meses aqui...

Houve, como sempre, o fator Andréa, que era outra que iria na viagem junto com nós três e a irmã do Baiano. Ela sempre atrasa, mas dessa vez foi porque estava fazendo fisioterapia (ela se quebrou toda no esqui). Até foi bom, porque eu dei uma cochilada depois de arrumar minhas coisas...

Logo eu tive que começar a dirigir. Não que eu reclamei muito, já que a primeira parte da viagem sempre é fácil: entrar na autoroute e manter uma média boa de velocidade. A pista é praticamente reta, com curvas muito abertas, o que me deixa ir em uma média de 130 (a velocidade permitida). Claro que existem os caras que passam a 200, e eu nunca vi um só guarda prestando atenção nisso... Há poucos acidentes nessas estradas (mas quando eles acontecem acabam sendo graves, como o que houve na semana passada lá na Bélgica...). Assim fomos indo até Arles, que seria a primeira parada... Foi até rápido, mas caro... Pagamos uns 20 euros só para ir até ali... Mas é dividido por 5, e vir pelas estradas nacionais é um saco. Da última vez levamos quase 7 horas para andar o que eu andei em 4...

Fazia um sol maravilhoso em Arles. O único problema é a ventania. Nessa região venta muito. E quando eu digo que venta muito, venta muito MESMO. Na estrada o vento fica puxando o carro para o lado e as árvores estão quase todas tortas para um só lado... Em Arles isso fazia com que o tempo ficasse um pouco mais frio, mas estava tranquilo. No centro da cidade havia tantas construções com ruas estreitas entre elas que tirava um pouco o efeito do vento. Depois de estacionar o carro e obter o mapa da cidade, começamos a andar... Chegando na praça onde fica a prefeitura descobrimos o que seria o nosso problema por ali: italianos. Havia grupos e mais grupos de italianos visitando a cidade. Quem conhece a raça sabe que eles não são nem um pouco silenciosos. Passamos pela catedral (na qual não entramos ainda porque um grupo de adolescentes italianos estava entrando e teríamos que esperar) e viramos para andar em direção ao anfiteatro. Passamos pelo teatro romano e chegamos ao pequeno coliseu... Quem assistiu ao filme Ronin pôde ver um pouco as imagens da cidade... A construção é bem bonita, mas não dá para comparar com o coliseu de Roma haha. Ainda por cima tinha que ficar aguentando os adolescentes italianos enchendo o saco.

No meio do caminho da volta (já que eu só tinha pagado o estacionamento por 1 hora e meia hehe) eu vi a diferença entre italianos e japoneses. Enquanto os adolescentes italianos ficavam pulando, gritando, chutando bolas que nem macacos, os japoneses andavam em fila indiana (porque a rua era estreita e eles não queriam atrapalhar os carros), com as câmeras na mão e em silêncio....

Aproveitei os últimos momentos que eu tinha na cidade para andar um pouco pela cidade, ir até a beira do rio Rhone... Lá o vento estava insuportável, só dando pra tirar uma foto e sair de lá porque estava começando a ficar frio... Passamos pela igreja e entramos de novo, mas nada de especial, a não ser que ela é bem antiga.

A cidade de Arles é conhecida também por ter sido uma das moradias de Van Gogh. Ele pintou várias paisagens da cidade, ficou hospitalizado lá quando esteve doente (até tem um museu dele nesse lugar). Fomos então procurar a ponte que foi ?personagem? de um de seus quadros, que fica um pouco fora da cidade. Depois de errar algumas ruas (é... eu lendo mapas também não estava funcionando muito) a gente chegou lá... Nada de mais, a não ser que tinha a ponte e na frente havia uma reprodução da pintura para mostrar o quadro de Van Gogh... Foi só tirar uma foto e seguir viagem.

Os planos eram de encontrar o Pedro, um português que era da nossa faculdade aqui em Toulouse mas que se mudou para Marseille para fazer estágio. Na verdade depois descobri que ele mora no meio do caminho de Aix-en-Provence e Marseille, e que iríamos ter que encontrá-lo em Aix. Tudo bem... Continuamos a viagem até lá, chegando um pouco mais cedo que o horário combinado. Tive que estacionar o carro em um lugar meio proibido só para não pagar estacionamento e ficamos esperando até 7 horas... O cara chegou e seguimos ele até um hotel que se chama Première Classe. No quarto dele não caberia mais de duas pessoas, e ao invés de usarmos um albergue fomos atrás desses hotéis. Eu já tinha ido a um desses na época da viagem para Nice e região e fica realmente barato... Pegamos um quarto para 3, sendo que dois teriam que dormir lá na casa do Pedro... Sem problema.

Depois de uma ida ao mercado para comprar algumas coisas para a farofa do dia seguinte voltamos para Aix para comer alguma coisa. Fomos a uma pequena pizzaria que fica na rua e que me vendeu a pizza mais gostosa que eu já comi aqui na França. Não que isso fosse difícil de atingir, mas... foi bom. Comi até pouco porque ninguem mais quis dividir pizzas comigo.. (acho que vou engordar tremendamente... estou comendo muito! E ainda fui o único aqui de Toulouse que conseguiu emagrecer desde que chegou aqui na França...). O Pedro ainda convidou a gente para sair e beber alguma coisa, não voltando muito tarde para o hotel... Só a Andréa aceitou o convite, porque eu estava morto e o resto quis voltar para o hotel também... Acabou que tivemos que dormir os quatro em um quarto para três. Eu malandramente peguei a cama que fica em cima e deixei os outros escolherem quem iria dormir no chão. Eu tinha a desculpa que eu tinha dirigido o dia inteiro e estaria dirigindo de novo no dia seguinte, enquanto que as duas mulheres que ficaram lá poderiam ficar lá atrás descansando o dia inteiro... Bem, eu não fiquei muito tempo acordado para ver no que ia dar mesmo...