domingo, março 17, 2002

Dia 14/03/2002

A porcaria do trem que iríamos pegar iria sair às 7 da manhã. Acordei às 5 com medo de sair muito tarde, perder os primeiros ônibus e chegar atrasado... Perder trem é uma das experiências mais broxantes do mundo. Principalmente quando o próximo iria me levar até Barcelona com um atraso de 7 horas... Ao invés de chegar meio-dia eu chegaria às 7 da noite, sem lugar para dormir. Bem... não era uma opção muito interessante. O problema é que eu e o Oto estávamos prontos no horário combinado, 6 da manhã. O Coruja não estava. O cara conseguiu acordar no momento que a gente bateu na porta dele. Ou seja, o cara dormiu todo o tempo que eu perdi acordando, arrumando as coisas... Impressionante. Ainda tive que ficar esperando a figura se arrumar... Saímos um pouco tarde na minha opinião, mas pegamos o ônibus tranquilamente e conseguimos chegar a tempo... O Fabiano, quarto elemento da turma que estava indo viajar, já estava lá esperando...

A viagem foi bem tranquila, sem maiores histórias. Fui dessa vez por Narbonne, uma cidade no Mediterrâneo e assim a viagem foi mais rápida. Aliás, quando o trem passou da França para a Espanha tivemos que esperar uma meia hora para que ele ‘trocasse de padrão’. Sei lá o que tem de diferente entre os trilhos espanhóis e franceses, mas pelo jeito era algo grave heh.

Já é a terceira vez que eu chego na cidade e parece que eu a conheço melhor que qualquer outra cidade (salvo acho Toulouse e Paris...). Descemos em outra estação (tirando onda que sabíamos onde estávamos) e fomos andando até as Ramblas, a rua principal da cidade (e onde ficam a maioria dos albergues). No meio do caminho fomos parados por policiais que queriam saber o que estávamos levando nas mochilas. Bom, eu não tinha nada perigoso. O cara pegou o passaporte de todo mundo e fez uma cena... Um outro guarda viu que a gente estava um pouco alterados e foi falar que era normal, porque estava acontecendo um encontro de dirigentes da União Européia e tinham que manter a ordem e tal... Eu perguntei se eles estavam parando todo mundo, e ele meio sem graça falou que estavam parando quem parecia perigoso... É... tenho a maior cara de muçulmano que está levando uma bomba. Tenho até a barba e o turbante para mostrar.

Comemos alguma coisa depois dessa, e fomos andando para procurar albergue. A primeira opção era um baratinho chamado New York que o Fabiano conhecia, mas que teve a maior dificuldade para encontrar. Esse estava lotado. Achamos umas pensões que eram um pouco mais caras, mas que ficaram como opções caso os albergues estivessem cheios. Acabou que fomos para o mesmo albergue onde passamos o ano novo, com aquele medo de sermos reconhecidos. Principalmente eu, que tinha brigado com a vietnamita lá na recepção. Quando chegamos lá, quem estava no balcão? A própria! Ainda bem que ela não lembrou de mim. Mas lembrou do Fabiano muito bem... Isso que dois minutos atrás eu tinha falado que ele não seria lembrado de jeito nenhum... Mas não foi nada ruim. Ela achou lugares pra gente e já estávamos com teto. Agora restava ficar passeando um pouco.

Como eu já conhecia tudo tanto fazia onde eles queriam ir... Eu ainda não tinha ido ao estágio do Barcelona, e gostei da idéia... Fomos lá, não entramos no museu mas só ficamos dando volta por ali. A loja de bugigangas do Barça é enorme... Eles vendem de tudo... Tem até um banco imobiliário com os jogadores do clube no lugar dos terrenos... É até legal mas eu já estava cansado de andar... Aliás, tem a porcaria da foto do Rivaldo por tudo lá...

Na volta eu fiquei andando com o Oto e o Coruja pelo bairro gótico, que era ali perto... Já tinha andado um monte por ali, mas eu estava meio com dor na consciência de ir até ali e ficar dormindo no albergue (mesmo morrendo de sono). De qualquer maneira tudo ali é bonito... Depois de andar que nem um condenado fomos para o albergue descansar para poder sair...

O banheiro do quarto depois dos quatro tomarem banho ficou uma piscina. Não sei quem foi o engenheiro espertão que fez aquilo, mas não há um ralo para a água ir embora... Ficou uma beleza de entrar e sair do banheiro... Ainda bem que tinha um banheiro no corredor também... Os outros habitantes do quarto não vão ficar tão felizes...

Fomos tomar umas cervejas em um bar ali perto, o Ovelha Negra. O ambiente é super legal... Acho até que já falei dele aqui porque eu fui lá na última vez... Tivemos que ficar em pé porque estava cheio pra caramba... Descobri depois que o bar está listado na maioria dos guias e só tinha gente falando outras línguas lá... Depois fomos ao Maremagnum, um shopping que tem várias pequenas boites... O legal é que chegamos um pouco tarde e como já não tinha mais tanta gente não precisava mais pagar... Ficamos até que ninguém aguentava mais ficar de pé e fomos lá acordar todo mundo do quarto... As camas de metal são um saco, fazendo um barulho infernal quando alguém se mexe. Acho que os dois outros componentes misteriosos do quarto devem ter acordado, mas eu nem vi se mexerem.