quarta-feira, março 13, 2002

Dia 03/03/2002

Depois de váaarias vezes ensaiando a minha ida ao ski de novo, finalmente tomei coragem. Ainda mais porque quase todo mundo estava indo. Dez pessoas, sendo que a grande maioria debutante... Seria muito engraçado. Eu não posso dizer que no primeiro dia que eu fui eu aprendi muita coisa. Eu aprendi a cair bastante, isso com certeza. Mas a virar, parar, essas coisas... Praticamente nada.

Pegamos o trem cedinho para chegar cedo à estação para aproveitar. Quase que não conseguimos, porque a porcaria do ônibus não aparecia. Tivemos uma sorte de ele chegar no último minuto... Tivemos até que comprar os bilhetes correndo... Com direito a alguns nem comprarem. Acabaram viajando de graça porque o controlador não passou. Mas eu sempre acho arriscado e pago as minhas coisas...

A estação dessa vez era Aix-les-Thermes, nos Pirineus também. Pelo que parecia era muito boa, melhor que Peyragudes. Mas eu não tenho tanta experiência assim e não poderia falar muita coisa. Foi uma enrolação para pegar o material, todo mundo ficar pronto e comprarmos finalmente os forfaits. As filas estavam enormes e a gente ia toda hora para dar mais dinheiro para o Coruja que estava na fila. Tanto que todo mundo atrás começou a reclamar falando pra gente entrar na fila. Como ‘eu não entendo francês’ nessas horas, a gente conseguiu furar a fila mesmo hehe.

Finalmente com tudo comprado e todo mundo pronto, ficamos em uma pista para criancinhas de 2 anos de idade aprenderem a esquiar. A porcaria deve ter um meio grau de inclinação. E mesmo assim eu caí. Foi tão ridículo que até fiquei com vergonha e já estava pensando em desistir de esquiar... Mas como eu não sou de desistir das minhas coisas, ergui a cabeça e tentei subir de novo. Tentei, porque pra subir tem que ficar segurando em uma corda e para chegar nela tem que subir um montinho de neve... Ainda não sou mestre de andar com aqueles pedaços de madeira no pé... Caí no meio da criançada, derrubei todo mundo... Foi uma bagunça. A vergonha começou a ir embora quando eu vi que os outros brasileiros também estavam caindo bem... Afinal, quase todo mundo estava começando.

Depois de umas descidas naquela pista ridícula, todo mundo ficou de saco cheio. Precisávamos de uma verdadeira pista. Mas uma fácil. Havia várias verdes em um lugar mais longe. Para isso pegamos a cabine e andamos uns bons 20 minutos voando por cima das pistas... Aliás, cenas magníficas... Desde quando chegamos até esse momento eu estava era olhando a paisagem, e não esquiando...

De qualquer forma, chegamos lá em cima e começamos a descer uma verde para chegar até as pistas fáceis... Ah... isso sim que era descer. Estava começando a ficar feliz. Desci sem cair até o começo de uma das pistas. Só não consegui subir um montinho, e por isso tive que tirar os esquis... Mas era muito bom saber que eu iria aprender algum dia, e que o trauma da outra vez iria sair da minha cabeça. Ficamos em uma pista minúscula, verda, cujo teleférico é um negócio que coloca no meio das pernas e que puxa a gente até em cima. Nesse eu não caí nem uma vez, apesar de todo mundo falar que era difícil. Fiquei nessa pista até que eu me senti seguro o suficiente para testar outra.

Fui então para um teleférico mais embaixo, que era para a mesma pista mas para um ponto um pouco mais em cima. Claro que eu não consegui chegar no teleférico de primeira e tive que tirar os esquis, porque senão eu desceria para um lugar bizarro. Ainda não estou com controle total né... Até o fim do dia, quem sabe.

Dessa vez o teleférico me derrubou e eu descobri o porquê de todo mundo ficar falando que eu cairia. O negócio dá um puxão muito forte e tenho que ter um equilíbrio bom pra não cair... A segunda vez que eu fui pegar a coisa, depois de uma queda ridícula, a mulher me falou que se eu caísse de novo ela ia me dar uma pancada na cabeça. Com esse estímulo eu consegui subir direitinho... A descida foi muito boa... Nem estava caindo mais. Fiquei mais um tempo nessa pista (enquanto via a Maira coitada tentando descer a outra mas caindo sempre...) e fui tentar uma azul que estava do lado. Claro que nessa eu caí bem... Caí até pra subir, na hora que eu desci do negócio... Foi ridículo. A descida era bem mais rápida e me lembrou do meu primeiro dia. Quase que fui para uma pista vermelha... Essa azul tinha uns montinhos para pular, mas acho que estava cedo pra isso...

Depois de muitas descidas nessas pistas todas eu parei pra comer algo... Caro, mas necessário... O problema é que essa parada me deixou um pouco frio. Fui descer de novo e já estava meio sem prática de novo. Teve uma hora por exemplo que eu consegui cair no meio da subida, tive que tirar os esquis para poder sair do meio do caminho, e não conseguia colocá-los de volta... Lá fui eu de novo descendo a pé...

A queda mais legal do dia ainda estava por vir... Eu subi para a pista azul mas acabei caindo em uma pista vermelha. Até achei que estava indo bem, mas uma hora estava indo muito rápido, cruzei os esquis e caí. Mas caí bonito. Rolei duas vezes, com os esquis (que não saíram), e fiquei lá estatelado, com uma perna pra cada lado e não conseguindo desvirar por causa dos esquis. Fiquei um tempo descansando do tombo. Minha cara e minha cabeça estavam cheios de neve, mas não fiquei muito preocupado com isso. Estava mais preocupado com o meu joelho... Achei até o Adler no meio do caminho e falei para ele esperar porque eu tinha caído feio. Desisti de andar em pistas azuis... Até o fim do dia seriam só verdes, principalmente porque eu estava morto de cansado, com tudo doendo...

Desci mais uma verde e fiquei esperando o Adler e o Corregio, os últimos que eu achei lá em cima, para descer até onde pegaríamos o ônibus. Toda a viagem que fizemos subindo na cabine teríamos que fazer na volta descendo uma pista. Graças a Deus havia uma gigantesca pista verde que fazia esse caminho. Só que essa pista não acaba. Não caí nenhuma vez, foi bem tranquilo, mas o meu joelho, minhas costas e meus pés estavam me matando. Tive que parar várias vezes para descasar... Mas só essa descida valeu o dia. Fiquei quase meia hora descendo... A sensação de ficar deslizando até lá embaixo, no meio das árvores (paisagens animais), é maravilhosa...

Mas a melhor sensação é a de chegar lá embaixo e tirar a porcaria da bota de esqui. Eu não aguentava mais ficar com aquela coisa pesada machucando meus pés. Quando eu tirei e coloquei o meu tênis foi quase um prazer orgasmático... O dia de ski tinha acabado e só tinha que pegar o ônibus e o trem de volta.

Ainda tive a sorte de perder o dinheiro que coloquei em uma máquina de coca porque eu apertei o número de um dos slots q já estava vazio. Ao invés da máquina ser inteligente o suficiente para saber que não tinha nada, não... Roubou meu dinheiro, desgraçada. Eu cheguei em Toulouse, me despedi do pessoal de Rennes que estava indo direto para casa e fui para a minha... Dormi que nem uma pedra...