Dia 02/03/2002
Hoje o CROUS resolveu pagar uma excursão para a gente para alguns lugares da região. Eu já tinha perdido o desconto enorme para uns três dias de ski que eles tinham dado (mas era na época que eu estava na Alemanha) e não poderia perder essa mamata.
Tive que acordar um pouco cedo para pegar o ônibus... Sempre essa ladainha. Chego cedo e pessoas chegam tarde e fazem a gente esperar. Acho que vou um dia deixar de ser responsável, porque não vale a pena... Sempre dão um jeitinho de todo mundo chegar e tal... Ainda tivemos que ir lá pro outro ponto de encontro, onde tinha ainda mais brasileiros e dois amigos de Rennes que iam tentar passear de graça também. Acabaram conseguindo. O que eu estava falando do jeitinho mesmo?
Nós sempre fazemos uma bolha, só com brasileiros. Não teve como não fazer isso de novo. Era muito brasileiro junto. Juntou mais de 10 só falamos português mesmo. Mas tinha pessoas de vários outros lugares. Uma garota era da Moldávia, outras duas eram da Polônia, um cara do Uzbequistão (nem sabia que existia isso direito)... Claro, sempre tem os marroquinos e africanos, muito gente boa. Há também os italianos, alemães tradicionais... Acho que não tinha nenhum francês mesmo, além dos organizadores.
Fomos primeiro visitar a divisão de águas em Narouze. Não sei se muita gente conhece, mas existe um canal que liga o Mediterrâneo e o Atlântico, que foi construído no século 17... Era um sonho antigo, mas que só pôde finalmente ser realizado nessa época. De qualquer forma, esse canal vai do Mediterrâneo até Toulouse, onde ele se liga ao rio Garonne, que vai até Bordeaux, na costa. O canal se chama Canal du Midi. Mas havia um problema que foi contornado exatamente nesse lugar: há uma elevação entre o atlântico e o mediterrâneo. Portanto, era necessário achar um lugar de onde sairia a água para alimentar as duas partes do canal. Foi nesse lugar que o engenheiro Pierre-Paul Riquet conseguiu achar um rio de onde saía água suficiente para isso. Há varias eclusas no canal (91) e sobe-se e desce-se toda hora... A obra de engenharia é uma maravilha pra época. O cara conseguiu morrer antes de ver a obra ser completada, mesmo ele tendo investido quase toda sua fortuna pessoal... Há até uma estátua dele em Toulouse (a minha faculdade fica exatamente na rua Riquet hehe). O lugar também é muito bonito, com várias árvores...
Depois fomos à Cité de Carcassone, a cidade medieval que eu já tinha ido em setembro. Mas... era de graça, e quem sou eu pra dizer não para isso. Na verdade a gente não teve tanto tempo para visitar, e por isso a maioria só viu o lado de fora e as ruazinhas, não entrando no castelo de verdade. Se eu não tivesse ido para lá ainda iria ficar decepcionado. A cidade é sempre legal, ainda mais com um monte de amigos.
A melhor parte ainda estava por vir: o almoço. Fomos comer o cassoulet, o prato típico da região. Ele é disputado por Toulouse e pela parte perto de Carcassone, mas são um pouco diferentes na preparação. O da minha cidade é feito com salsichas de porco, enquanto o outro usa carne de pato. A gente teve que comer esse último principalmente por causa dos amigos muçulmanos que não podem comer carne de porco. Ele é acompanhado por um feijão branco com um molho maravilhoso. O feijão é cozido por várias horas, até ele praticamente derreter na boca, e é servido em um pote de barro, chamado cassoule (daí o nome). Nossa... Acho que nunca comi tão bem aqui na França... comi tantos pratos que as pessoas começaram a me zoar falando que eu era um animal... Mas eu estava com fome mesmo e a comida estava muuuuito boa. As mulheres do Crous até ficaram felizess por eu ter gostado tanto haha.
Depois de Carcassone fomos a uma cave em uma cidade ao sul dali, Limoux, onde eles produzem um vinho branco, até meio adocicado. É uma cooperativa de vários de produtores. Tivemos todo o passeio explicando como é feito, como é envelhecido, quanto tempo demora em tonéis, essas coisas... É sempre bem interessante. Mas claro que o final do passeio, na lojinha, é a melhor parte para os produtores. Eles oferecem vinho para a degustação, e é esperado da gente comprar alguma coisa. O vinho era muito bom. Acabei comprando duas garrafas, sendo que uma delas é de um vinho bem doce porque não ficou muito tempo envelhecendo e o açúcar não tinha virado álcool totalmente. É o que eles chamaram de ‘velho processo’... Gastei um dinheiro mas valia a pena...
Aliás, ficaram me zoando tanto de eu estar gastando dinheiro... Principalmente porque eu comprei um tapete pro meu quarto. Mas ele combinou legal com o quarto e agora ele ficou com cara de lar! E eu estou limpando ele direitinho ta? Não está (ainda) aquela coisa cheia de poeira...
Voltamos pra casa porque o dia de amanhã promete ser cansativo...
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